Projeto Social auxilia crianças e jovens no Parque das Palmeiras II

Voluntário transforma realidades e promove desenvolvimento social com esporte

Lourrane Ferreira

“Tirar as crianças e adolescentes dos jogos de Free Fire e do mundo das drogas. Foi essa minha motivação”, relatou Erenilton Soares Cunha, 36 anos, o fundador do projeto de “Inclusão Social por meio do Esporte”, no bairro Parque das Palmeiras II, em Imperatriz (MA). O técnico em eletrônica e refrigeração, todos os finais de tarde, chega do trabalho e já se reúne com a garotada para dar início aos treinos no campo ao lado de sua residência.

Foi Erenilton que transformou um terreno baldio em um espaço de práticas de exercícios, para que crianças de 5 anos e jovens de 16 pudessem interagir entre si por meio de esportes. O objetivo é afastá-los de situações de vulnerabilidade à violência e criminalidade nas ruas, para que se tornem profissionais do futebol.

O local foi pensado para melhorar o desempenho mental e físico. “Via a carência das crianças e adolescentes”, declarou Venilson ou Só Sucesso, como é mais conhecido. Seu apelido surgiu a partir da sua forma de saudar aos outros. “Em vez cumprimentar as pessoas com bom dia, boa tarde, boa noite, eu faço diferente e cumprimento com: ‘Só sucesso!’”

Erenilton se sente realizado em constatar como sua iniciativa conseguiu estimular a formação de times de futebol feminino e masculino, sendo que a faixa etária dos homens muda entre meninos e rapazes. As mulheres logo findaram seu grupo de jogos, por conta da rotina familiar e costumam desistir de continuar com equipe.

Time masculino disputa torneio no bairro Parque das Palmeiras II. (foto: acervo pessoal/Gilvana Alves)
Time feminino disputa torneio no Parque das Palmeiras II. (foto: acervo pessoal/Gilvana Alves)

Candidatura

“Era pra ajudar todos adolescentes e crianças com incentivo no esporte. Há uma carência grande de uniformes para elas, entre outras”. Erenilton justifica desta forma sua tentativa de ocupar uma vaga na Câmara de Vereadores de Imperatriz, como candidato a vereador pelo PSD, nas eleições de 2024. Ele tentou se eleger para que seu projeto fosse reconhecido e obter verbas para aprimorar o seu trabalho social.

Muitos amigos, pais, jovens e sua família apoiaram sua tentativa de se tornar parlamentar, porém não foi possível que esse sonho se tornasse realidade. Ele ficou triste e chateado, mas não desistiu do seu propósito de continuar lutando pelos benefícios da comunidade e seu planejamento coletivo.

Muitas vezes, o objetivo de transformação só pode ser atingido com recursos financeiros próprios. “Não recebo ajuda de seres humanos não, só do nosso Pai altíssimo, sempre”, comenta Erenilton. Com pouco dinheiro para investir nas  atividades e diante da ausência de apoio da administração pública, a visibilidade do projeto fica prejudicada. É complicado, na sua opinião, buscar verbas para ampliar e desenvolver mais ainda a capacidade dos participantes no projeto.

Campanha política como deputado federal, ao lado de Josivaldo. (foto: acervo pessoal/Rosilane Oliveira)

O parque

Criar um lugar para as crianças foi fundamental para observar a evolução de cada uma. Erenilton percebeu que no bairro não havia forma de divertimento para os pequenos. “Não há ninguém do Poder Público que criou um entretimento para elas, e eu e nosso Pai Altíssimo fizemos.” Feito de pneus, o Parque Só Sucesso é um ambiente que faz a felicidade de muitos que passam por ali.

 Só Sucesso acredita que hoje em dia a meninada é abençoada por ter alguém para fazer tantas benfeitorias por elas. “Na minha adolescência não tinha ninguém por nós. Hoje essas crianças estão no paraíso.”

Em datas comemorativas, como o Dia das Crianças, ele se junta com alguns vizinhos e fazem a festa com distribuição de lanches. Para ele, ver a alegria e a gratidão expressada desde um obrigado até o sorriso mais natural exibido por elas é fenomenal.  

Com diversas formas de diversão estabelecidas, desde um jogo de futebol até uma disputa de corrida do saco, toda a população do bairro se aglomera em volta do campo e no parque para prestigiar a participação nas competições. Cada pai impulsiona seu filho a ganhar as disputas de maneira regular.

Parque Só Sucesso, todo construído com pneus. (foto: acervo pessoal/Rosilane Oliveira)
Fábio Willian, Erenilton e Felipe no Dia das Crianças. (foto: acervo pessoal/Gilvana Alves)

Família e amigos

Sua esposa e companheira, Rosilane Oliveira, de 30 anos, enfatiza que se sente feliz e realizada em saber que as atitudes tão generosas do seu marido são fundamentais para todos. “Eu acho muito bom a alegria das crianças, é muito importante”, diz, sorridente, ao retratar a atuação de Erenilton na coletividade.

Os seus filhos participam das tarefas estabelecidas no âmbito social e são geridas pelo pai, demonstrando satisfação em saber que o seu chefe de família também é seu professor nas práticas esportivas. “Me sinto muito feliz, pois meu pai me ensina jogar futebol”, manifesta, contente, o filho de Erenilton.

Rosilane e Erenilton atuam juntos no projeto social Só Sucesso. (foto: acervo pessoal/Rosilane Oliveira)

“Sobre o projeto do Só Sucesso eu acho interessante, pois ele não cobra nada de nenhuma criança, só esperando por patrocínios,” mencionou Gilvana Alves, mãe de dois alunos que participam da iniciativa. Muita amiga do casal Rosilane e Erenilton, ela se refere com gratidão pela boa vontade que eles têm de acolher e ensinar os grandes e pequenos cidadãos.

Gilvana explica que gosta muito e que seus filhos, ao invés de estarem soltos na rua, fazendo algo de errado, estão interagindo com outras pessoas. “Eles estão praticando esporte, tudo direitinho, eu acho legal, acho importante ter alguém na comunidade que se interesse em estar ajudando nossas crianças no esporte e na cultura.”

Seus filhos, Gilvan Alves, de 8 anos, e Leonardo Alves, de 10 anos, são componentes do time de futebol do Só Sucesso. Participam dos torneios e disputam medalhas, que já até ganharam e a felicidade em ter sido campeão foi imensurável.

Erenilton e o time campeão, Projeto Social. (foto: acervo pessoal/Gilvana Alves

O trabalho aplicado poderia ter mais expansão se contasse com apoio público e privado. “Porque faltam muitos materiais e tem que tá correndo atrás. São poucas pessoas que tentam ajudar. Ele tira um pouco do seu tempo pra estar ensinando nossas crianças.”

Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz, chamado “Meu canto também tem histórias”. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar ideias para matérias jornalísticas em seus próprios bairros, em Imperatriz, ou cidades de origem. Essa é a primeira publicação oficial e individual de todas, todos e todes.