Cidade do Pará foi símbolo da degradação e hoje é exemplo em sustentabilidade
Eduarda Santos
Em janeiro de 2008, o Ministério do Meio Ambiente divulgou a lista dos municípios que mais desmatavam a floresta Amazônica. Paragominas, no Pará, ocupava a 33° posição. Com 8.400 quilômetros de mata, a constatação é que haviam sido completamente devastados cerca de 43% dos seus mais de 20 mil quilômetros quadrados.
Nas últimas décadas do século XX, conhecida como “Capital do Boi Gordo”, a economia do município era baseada na pecuária extensiva. Nos anos 1990 a indústria madeireira ganhou ainda mais força, chegando a ter a maior concentração de serrarias do mundo tropical.
A degradação ambiental já era sentida na economia e na vida dos moradores. “Na época, Paragominas quase não tinha árvores, a economia girava em torno da madeira”, relata Antonio Pereira, morador desde 1979.
Mas essa realidade começou a mudar com a publicação da lista. Os produtores foram punidos com barreiras para comercializar seus produtos e ficaram impedidos de acessar suas linhas de crédito. A partir desse cenário, surgiu uma nova oportunidade, pois era necessário não apenas parar o desmatamento, como também gerar riquezas de forma sustentável. Se os municípios punidos provassem a redução do ataque à floresta a uma taxa de 40%, poderiam requerer a sua exclusão.
Ainda em 2008, em março, começou uma operação conjunta da Polícia Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Força Nacional e de Segurança Pública na cidade. Denominada “Arco de Fogo”, marcou o fechamento de diversas empresas madeireiras de serrarias ilegais e agropecuárias.

O Projeto
Surgiu, então, o pacto contra o desmatamento com a sociedade de Paragominas e o poder público. Com um conjunto de políticas públicas voltadas para a sustentabilidade, o então prefeito Adnan Demachki lançou o projeto “Paragominas Município Verde”, envolvendo um plano de conscientização nas escolas e monitoramento das propriedades via satélite.
Com o incentivo ao reflorestamento e o registro da queda de 90% do desmatamento em apenas um ano do projeto, moradores afirmam que se sentem orgulhoso de morar em Paragominas. “Quando fui fazer o concurso público, a escolha da Regional foi influenciada diretamente pela presença de Paragominas nesse núcleo de cidades. Por ser conhecida pelo selo de Município Verde, por ter um Parque ambiental, o Lago Verde e muita áreas arborizadas”, relata Eilla Coutinho, que após a aprovação, decidiu morar em Paragominas devido a essas características.
Do desmatamento à Sustentabilidade
Em apenas dois anos, entre 2008 e 2010, Paragominas saiu da lista do Ministério do Meio Ambiente, sendo o primeiro município dentre os 36 citados inicialmente a conseguir. Com os incentivos à economia verde e a participação de empresários e produtores, a cidade conseguiu, além de reverter um histórico de degradação, tornar-se, hoje, referência na área.
Antes marcada pelo desmatamento desenfreado, hoje é símbolo dos resultados positivos que uma cidade pode ter quando as autoridades e a própria comunidade adotam práticas mais sustentáveis, se consolidando como um dos municípios mais ricos do Brasil no agronegócio.
“Me sinto orgulhosa por morar em Paragominas, uma cidade com uma história de transformação, que hoje é exemplo para muitos municípios!”, relata Marlene Pereira, que mora na cidade e acompanhou toda a história desde 1980.
Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz, chamado “Meu canto também tem histórias”. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar ideias para matérias jornalísticas em seus próprios bairros, em Imperatriz, ou cidades de origem. Essa é a primeira publicação oficial e individual de todas, todos e todes.