Filhos são motivo para mãe solo empreender durante a pandemia

“Não é fácil, mas é gratificante”, diz Cristiana Araújo sobre os desafios de ser mãe solteira e trabalhar ao mesmo tempo.

Por Lícia Gomes

Cristiana Araújo, empreendedora de tortas

A empreendedora Cristiana Araújo, de 36 anos, desenvolve venda de tortas para manter a família durante a pandemia da covid-19. Com o contrato de trabalho suspenso devido à última gestação, empreender se tornou o meio de sustento para ela e os três filhos. Além das vendas, ela é dona de casa e mãe solo de Mariana, 13 anos, Benjamim, 5 anos e Lucas de 3 anos.

Uma pesquisa realizada pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), mostra que o país tem aproximadamente 30 milhões de mulheres empreendedoras, ou seja, um número que representa cerca de 48,7% de todo o mercado empreendedor. Em 49 países o Brasil tem a 7º maior proporção de mulheres entre os empreendedores iniciais.

A ideia de fazer tortas surgiu por parte de incentivo de amigos, pois até então ela só fazia para o próprio consumo ou para presentear. “As pessoas falavam para eu vender, e quando chegou à pandemia, me vi na situação de ter que manter meus filhos, então vi uma ideia de venda na internet e investi”.

Torta de banana

Atualmente as vendas ocorrem de acordo com a demanda de pedido, que geralmente são de uma ou mais tortas por dia, uma média de 20 fatias. Ela também conta que é sempre bom inovar, ter novas receitas para chamar a atenção. “As pessoas ficam na expectativa sobre qual vai ser o novo sabor”, afirma Cristiana Araújo.

Em junho desse ano completa um ano que ela começou a trabalhar com a venda das tortas. Para divulgar e obter sucesso na venda de seus produtos, ela criou uma página no instagram (@donabananatortasecia), além disso, as vendas também acontecem por whatsapp comercial e através de muitas indicações por parte de seus clientes.

NEM TUDO É UM MAR DE ROSAS

Com base na pesquisa da Entrepreneurship Monitor (GEM), um dos principais fatores do empreendedorismo feminino é o maior envolvimento das mulheres com atividades de cuidados do lar e da família. Cristiana, diz que um dos maiores desafios de ser mãe solteira e empreendedora se dá devido à parte financeira. “Toda responsabilidade gira em torno de você, então, além de ser mãe, cuidar da casa, dos filhos, da alimentação, tem toda uma preocupação com os custos de moradia, luz, alimentação. É um peso grande para uma mulher sozinha ter que administrar todas essas tarefas e responsabilidades”.

Apesar da conquista de mulheres empreendedoras no mercado de trabalho ter crescido, os desafios ainda são muitos. Desistir de tantas responsabilidades se torna até uma opção, mas não uma escolha. “A vida não é fácil, o tempo está mais difícil, constantemente dá vontade de desistir de tudo, mas a gente olha para os filhos, olha para a responsabilidade e continua”, fala Cristiana Araújo.

Outro fator desafiador para Cristiana fora da realidade de outras mulheres empreendedoras é ter um filho autista, pois o cuidado e a preocupação mediante a todas as responsabilidades é em dobro. “As pessoas ainda estão se acostumando com isso, a gente passa por muito preconceito, são muitas as limitações, muita falta de respeito. Esse também é um dos maiores desafios, pesa muito para uma mãe”, conclui Cristiana Araújo. Além disso, ela diz ficar abalada emocionalmente, pois tem que lidar com todas essas pressões sozinha.