Grande Cafeteira evoluiu de “lugar do meio do nada” para região importante

Moradores relatam avanço da infraestrutura na região, mas se queixam de alagamentos

Beatriz  Ribeiro

O bairro Vila Cafeteira, que surgiu em 2005, era uma área antes desocupada, considerada “um lugar no meio do nada”, na zona norte de Imperatriz-MA. Com o tempo, transformou-se em um dos principais bairros da cidade. Localizado entre duas vias fundamentais, a avenida Pedro Neiva de Santana e a BR-010, a região se desenvolveu rapidamente, acompanhada pelo crescimento das áreas ao seu redor. Embora os moradores relatem um clima de tranquilidade, algumas vias enfrentam alagamento na época das chuvas.

Neura Castro, 59 anos, moradora da Vila Cafeteira desde sua fundação, explica que, quando se mudou para o bairro, tudo era mais difícil. “Não havia ruas asfaltadas, luz elétrica ou  água encanada, tivemos que lutar muito para conquistar tudo isso. Lembro das primeiras casas feitas de madeira, dos mutirões para abrir ruas e levar energia para nossas casas”.

O que mais a emociona é ver as crianças brincando nas mesmas ruas onde os seus filhos cresceram, agora com muito mais infraestrutura e segurança. “Antes, tínhamos que andar quilômetros para encontrar um mercado, hoje temos tudo ao nosso alcance. O bairro cresceu, e com ele, nossas histórias e nossas vidas”, conta Neura, com olhar distante.

A Pedro Neiva, que liga Imperatriz ao município de João Lisboa, é um exemplo desse crescimento. Antes uma via simples, hoje ela abriga uma intensa movimentação comercial e residencial, sendo essencial para a conexão entre bairros e cidades vizinhas.    

Avenida Pedro Neiva em uma noite movimentada: via abriga bares e espaços de alimentação. (foto: reprodução/Imperatriz Online)

O desenvolvimento da Vila Cafeteira também impulsionou o surgimento de serviços, comércios e instituições que atendem à população local. Escolas, praças e centros comunitários foram sendo implementados, fortalecendo o senso de comunidade e pertencimento entre os moradores

.Atualmente, o bairro é um local vibrante, onde as crianças brincam nas ruas, os jovens encontram espaços para lazer e os adultos constroem suas histórias. A Vila Cafeteira, que nasceu de uma ocupação, tornou-se parte essencial da história e do coração dos seus habitantes.

Neura também relata os desafios enfrentados pelos moradores, especialmente na Avenida da Liberdade, que frequentemente alaga durante o período chuvoso: “ Liberdade é essencial para nós, liga a BR à Pedro Neiva de Santana e facilita nossa vida, mas quando chega o inverno, vira um problema. As chuvas fazem a água subir rápido, e muitas vezes ficamos ilhados.”

Depois de alguns minutos de chuva forte, a avenida já acumula muita água. (foto: reprodução/Imperatriz Online)

A prefeitura já fez algumas obras para melhorar a drenagem, mas ainda não é suficiente. Sempre que começa a chover forte, os moradores já ficam  preocupados, pensando em como vai ser para sair de casa no dia seguinte. Sem previsão de uma solução definitiva para esse problema, porque isso já acontece há anos, os moradores esperam que um dia possam passar um inverno tranquilo, sem medo dos alagamentos.

Eliene Brito, 42 anos, também moradora da Vila Cafeteira, considera uma boa experiência morar no local, mas também teme os alagamentos. “A gente tem tudo por perto, mas quando chega a chuva, já sabemos o que nos espera. A Liberdade vira um rio, e quem precisa sair para trabalhar sofre muito”. Ela relata que há dias em que os residentes precisam esperar a água baixar para conseguir pegar um ônibus ou até mesmo sair de casa sem molhar os pés.

Ela conta que já perdeu móveis por causa da água entrando em casa. “E isso não acontece só comigo, muitos vizinhos passam pelo mesmo problema. Cada vez que chove forte, o medo volta”. A prefeitura já tentou melhorar a situação, segundo diz Eliene, não foi suficiente. “O que queremos é uma solução definitiva para que a gente possa viver sem essa preocupação todo ano.”

Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz, chamado “Meu canto também tem histórias”. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar ideias para matérias jornalísticas em seus próprios bairros, em Imperatriz, ou cidades de origem. Essa é a primeira publicação oficial e individual de todas, todos e todes.