
Para o repórter e escritor alagoano, o leitor diz que se identifica com cada história contada em seus livros
Texto: Andréia Liarte
Fotos: Divulgação
Natural de Maceió, Alagoas, o jornalista Odilon Rios Lima, de 41 anos, recorda que a sua entrada no mundo do livro-reportagem se deu quando ainda estava trabalhando no jornal Extra-Alagoas. “Comecei a partir de pesquisas sobre a história alagoana. Depois, com as entrevistas realizadas para o jornal, veio a proposta para publicação, de maneira independente, dos livros”. São três: Bastidores da Violência – e dos Violentos- em Alagoas, em co-autoria com Ana Cláudia Laurindo, sua esposa; Alagoas, 200 e Alagoas, Poder e Sangue.
Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Odilon Rios trabalhou como correspondente no jornal O Globo, no portal de internet Terra e no SBT. Foi também repórter de O Jornal; Gazeta de Alagoas; Extra-Alagoas; Alagoas 24 Horas, Cada Minuto e hoje é editor e proprietário do portal Repórter Nordeste.
Odilon afirma que teve muitos motivos para abordar as questões de violência por meio de seus livros. “A violência pauta os jornais até hoje: somos o país que mais mata no mundo, em lugares sem guerra. Temos um trânsito violento, violência contra minorias em grau assustador. Enfim, o assunto sempre rende bons questionamentos’’.
Relação com as fontes
Para o jornalista, é necessário manter uma comunicação saudável com as fontes, pois elas são a base para novas ideias. “Desenvolvo as pautas com uma pessoa em específico e, a partir dos assuntos abordados por ela, o tema pode ser mais bem desenvolvido com ela e outros personagens. Creio que é assim’’.
Odilon acredita que os documentos são, também, parte da apuração e devem ser analisados e interpretados no seu tempo e, se surgirem dúvidas, com a ajuda de especialistas na área que os papéis abrangem. “O livro-reportagem é um trabalho coletivo’’, destaca.
O contato com o leitor
O autor diz que sempre se autoavalia para saber se está agradando ou não o público alvo. “Às vezes eu mesmo leio em voz alta sendo este leitor crítico do próprio texto. É uma forma de me apropriar mais da linguagem, do entendimento, da proposta escrita. Técnica de redação que funciona’’, explica Odilon Rios.
Para Odilon, a respostas dos seus leitores tem sido crucial na sua carreira. “O leitor que eu encontro muitas vezes faz caminhos que nem imaginei naquele material. Interessante esta troca, vai materializando a maturidade e ajudando a observar erros ou acertos. É um processo nunca acabado’’.
A entrevista original com o jornalista foi feita no contexto da pesquisa Jornalistas escritores de livros-reportagem no Nordeste, desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa Jornalismo de Fôlego, do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz, pela estudante e pesquisadora Ana Carolina Campos Sales.