Conheça a história do Projeto “Fio Esperança” em Imperatriz

Perucas confeccionadas para ajudar pacientes durante o tratamento de quimioterapia. (Foto: Thaty Sousa)

Criado pela Associação de Amparo aos Pacientes com Câncer, em Imperatriz, no ano de 2014, o projeto Fio Esperança surgiu com o intuito de resgatar a autoestima de mulheres que perdem seus cabelos devido ao tratamento quimioterápico. O nome do projeto se deu em homenagem à paciente Dona Esperança, que costumava frequentar a casa de apoio nesse período.

A atual vice-presidente da Ampare, Maria de Jesus, de 57 anos, conta como tudo começou. “Nós percebemos a necessidade das pacientes, pois nessa época até havia peruqueiro em Imperatriz, mas as perucas custavam em torno de uns dois mil reais. Foi quando a Doutora Graça, que era presidente da Ampare na época, trouxe um peruqueiro de São Luís, juntamente com sua equipe, para ministrar um curso de confecção de perucas para as voluntárias da associação.”

Maria também é responsável pelo processo de confecção das próteses capilares, e relata que no começo teve dificuldades, pois era algo muito novo para ela. “Foi um desafio, pois costurar cabelos é bem diferente de costurar roupas.”

“Aqui na produção sou eu e a Dona Maria Lopes. Eu costuro o cabelo e ela faz a montagem. (Foto: Thaty Sousa)

Jesus explica que o processo vai muito além da produção das próteses, pois muitas vezes, o momento da entrega é de muita emoção. “Quando começamos a entregar as perucas a gente via o sorriso das pacientes. Muitas delas tinham vergonha de tirar a touca ou lenço, aí eu dizia: estamos só nós duas aqui, pensa que vc está no ginecologista, que ele faz teu exame e depois esquece. Algumas delas choravam bastante. Depois de muita conversa a gente conseguia colocar a peruca, e elas abriam um sorriso imenso, daqueles que você ganha o dia.”

A paciente oncológica Jéssica Gonçalves, de 31 anos, relata o quanto foi difícil encarar o fato de que perderia os cabelos durante o tratamento,  e enfatiza a importância do projeto em sua vida. “Quando soube que iniciaria um tratamento convencional com quimioterapia, me desesperei muito, pois só imaginava que iria ficar careca. Foi aí que uma enfermeira me falou sobre esse projeto. O fio esperança resgatou o que achei que havia morrido em mim, por conta da doença, minha autoestima.”

Através da prótese capilar, Jéssica enxergou a oportunidade de dar um novo ar ao seu visual, pois lembra que antes de perder seus fios naturais sempre quis pintá-los de loiro. “Quando vi a peruca loira me apaixonei, foi minha cara. Até pensei: ave maria, nem quero mais saber de cabelo, dá até pra lavar e escovar. É muito linda.”

“A peruca resgatou minha auto estima. Estou bela!” (Foto: Jéssica Gonçalves)

De acordo com a vice- presidente da Ampare, a solicitação da prótese capilar é realizada por meio de um cadastro, e não há burocracia.No entanto, é feito um trato com a paciente, que consiste na devolução da peça, uma vez que seus cabelos naturais cresçam e consigam recuperar a autoestima, pois assim, a mesma prótese poderá ser repassada a futuras pacientes.

Ana Paula Ferreira, 24 anos, costuma doar seu cabelo para instituições como a Ampare, para ela, ajudar é uma forma de amenizar as dificuldades enfrentadas pelas pacientes em tratamento de câncer. “A gente que é mulher sabe que cabelo é vaidade. Nos sentimos lindas com o cabelo grande ou pelo menos mediano. Esse projeto é muito lindo, porque de certa forma traz um pouco de acalento para essas pessoas que estão passando por momentos tão difíceis.” 

"Quando contribuímos com essa ação levamos um pouco mais de alegria para essas mulheres.” (Foto: Ana Paula)

Segundo Maria de Jesus, a instituição chega a produzir até duas perucas por semana. Ela conta que algumas das pacientes acabam se identificando com as próteses disponíveis nos manequins, e já saem de lá com a sua na cabeça. 

Para dar início às confecções, é verificado se não há demandas específicas, como no caso das perucas feitas sob medida, que são montadas conforme os moldes da cabeça da paciente.

Já o segundo passo, consiste na seleção das mechas, que é feita de acordo com o tipo e cor de cabelo. Maria relata que nem sempre é possível produzir uma peruca inteira apenas com uma doação, pois no processo de montagem precisam ser costurados até oito metros de cabelo. A confeccionadora explica como fazer para se tornar um doador ou doadora. “Indicamos que a pessoa faça o corte no salão. O tamanho deve ser de no mínimo de 25 a 30 centímetros, para não ficar aquela peruca muito curtinha, porque às vezes a paciente quer uma peruca no ombro ou mais abaixo.” Ela acrescenta que ao entregar seu cabelo, o doador preenche uma ficha, para que tudo ocorra de forma segura. “Sabemos que a pessoa que corta seu cabelo tem medo que seja vendido, mas aqui não acontece isso. Muitas vezes até disponibilizamos fotos de como ficou a peruca produzida com as mechas do doador.”

Para conhecer mais sobre o trabalho da Associação de Amparo aos Pacientes com Câncer, acompanhe o instagram @amigosdaampare ou faça uma visita presencial. O escritório da casa de apoio fica localizado na Rua Bom Futuro, n°253-A. Esquina com a rua Amazonas, no Centro Imperatriz.