Voz Comunitária Pedro Ambrósio ecoa e informa no bairro Bom Sucesso

Primeira rádio comunitária da região ajuda na consolidação da feira popular

Francisco Nascimento

A Associação Asa Norte-Bom Sucesso, fundada em 1985 pelo líder comunitário Pedro Ambrósio, é uma entidade que promove a cultura, a informação e o desenvolvimento da comunidade do Bom Sucesso, em Imperatriz. Ela mantém a primeira emissora comunitária da cidade, a Rádio Maranhão do Sul FM, criada em 1998.

Além da emissora, Pedro Ambrósio também foi responsável pela criação da grande feira livre comunitária, hoje o maior centro comercial aberto do Maranhão no domingo, conhecida como Feira do Bom Sucesso, que reúne comerciantes e consumidores de toda a região. Outra iniciativa do líder comunitário foi a “Voz”, um sistema de alto-falantes instalados na rua Raimundo de Morais, conhecida como “Rua do Peixe”.

A Voz divulga notícias, avisos e promoções para os moradores. O equipamento foi responsável por noticiar, em primeira mão, fatos relevantes para a cidade e para comunidade. “A primeira foi a informação, em cima da hora, do assassinato do deputado Davi Alves Silva. A outra foi desmentir os boatos de minha morte”, relembra Pedro Ambrósio.

A Lei nº 9.612, de fevereiro de 1998, instituiu o serviço de Radiodifusão Comunitária no Brasil e deixa claro, em seu primeiro artigo, que a rádio deve operar em frequência modulada, com baixa potência e cobertura restrita. Pedro Ambrósio, juntamente com os moradores, fundou a Rádio Maranhão do Sul FM, nome de fantasia alusivo à campanha do Movimento para Criação do Estado do Sul do Maranhão. Em 2007, a Rádio Maranhão do Sul foi outorgada e autorizada, e atualmente desempenha um papel comunitário em Imperatriz. Mesmo diante desses fatos, a Voz permanece viva e divide espaço na torre com os transmissores nos céus do bairro.

Torre da Rádio Comunitária Maranhão do Sul, e os alto-falantes da “Voz” de Pedro Ambrósio (Crédito: Laécio Rodrigues)

Feira do Bom Sucesso

A feira não vive sem a Voz e muito menos a Voz sem a feira. Ambos se combinam e oferecem, a partir dessa ligação, o sustento de várias famílias. Moradores se reúnem todo o domingo vendendo e comprando, vindo de diversas regiões. Há também barracas diferentes em outros dias, funcionando toda semana, das 6h às 18h. Frutas, verduras, farinhas e temperos, todos os tipos de produtos são comercializados. Inclusive há um espaço dedicado ao peixe, sendo que nesta área os vendedores oferecem produtos frescos, com guelras bem avermelhadas e olhos brilhantes. Os peixes são de todos os tamanhos e espécies, fazendo a via ganhar a alcunha de “Rua do Peixe”.

Também existem vários açougues espalhados pela feira, disponibilizando todos os tipos de carne. É impressionante a variedade de produtos e serviços reunidos em um só local, sendo muito difícil ir até a feira e não encontrar o que se procura. As pessoas da comunidade não são as únicas que se deslocam para fazer as compras. “Elas preferem comprar aqui por ser fácil estacionar. O preço é o mesmo, mas o atendimento é melhor. Muitos deles deixam os carros no pátio da Igreja Santa Rita e vêm a pé para feira”, afirma o feirante Francisco das Chagas.

A Voz trouxe benefícios significativos para os feirantes do Bom Sucesso, estabelecendo um canal de comunicação direto com os feirantes e clientes. Por meio das transmissões da Voz, os feirantes puderam divulgar a qualidade e a diversidade de seus produtos, criando um maior interesse e demanda por suas mercadorias.  “A Voz tem e teve muita importância, o começo da feira foi pela Voz, sempre atraindo os clientes para as barracas. Anunciava sempre meus produtos, cresci muito”, conta Maria Ione, 38 anos como feirante.

“Depois que a Voz foi instalada, o bairro não tinha nada, a voz trouxe tudo que temos aqui. Vários comércios vieram do centro para o bairro”, relembra Luís Teixeira Lima, 35 anos como feirante. Ele também conta que todo feirante pagava R$ 2 para fazer os anúncios, ajudando a manter a Voz.

Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística, chamado Meu Canto Também é Notícia. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar histórias jornalísticas em seus próprios bairros. Essa é a primeira publicação oficial de todas, todos e todes.