Trabalho doméstico não remunerado acrescentaria mais de 13% ao PIB brasileiro

Por Saiury Lima

Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE), afirmou que, se remunerado, o trabalho de cuidado realizado por mulheres poderia contribuir cerca de 13% a mais no PIB do país. Além disso, o trabalho que abrange a assistência a familiares, como idosos e crianças, tarefas domésticas, e funções direcionadas à dedicação quase total do tempo diário representa mais de 75% desse total.

A falta de compensação finaceira e reconhecimento também abrem destaque para a disparidade de horas com relação ao sexo masculino. Enquanto as mulheres brasileiras dedicam até 25 horas por semana a essas atividades, os homens compensam com apenas 11 horas de trabalho exercido em função das mesmas atividades.

A pesquisa também examinou os ganhos das trabalhadoras domésticas, e destacou que a região Nordeste apresenta os índices mais desfavoráveis, registrando o menor valor por hora trabalhada. Em 2022, os rendimentos médios na região foram de R$1.748,00, situando-se abaixo das médias observadas em todas as outras regiões, sendo o maior rendimento R$2.706,00, na região Sudeste. 

Além do esgotamento físico e mental acarretado pela alta demanda das funções, muitas mulheres também pontuam a falta de tempo para exercício de atividades remuneradas fora do lar, “Eu tenho um filho de três anos e uma mãe que já é idosa, não posso passar muito tempo fora de casa porque eles precisam de mim, então acaba que  meu único trabalho se tornou esse, de cuidar deles e da casa”, é o que reforça Wagna Lima, 36, ex auxiliar administrativo.

A OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), informa ainda que se as mulheres, em um contexto global, recebessem um salário proporcional para esse trabalho, as mesmas iriam contribuir cerca de US$10,9 trilhões para a economia global, um número considerado mais que o dobro da indústria global de tecnologia, que em 2020 foi de (US$ 5,2 trilhões). 

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