TDAH: os desafios por trás do transtorno e o crescimento nos autodiagnósticos

Muito se fala sobre TDAH, mas você sabe o que significa e porque o autodiagnóstico tem se tornado cada vez mais frequente dentro da sociedade? O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, caracteriza-se por sintomas como desatenção, impulsividade e inquietação, tanto para crianças como para adultos. O tema que vem sendo bastante abordado dentro da internet, deixam as pessoas com a seguinte dúvida: “será se eu tenho TDAH?”.

 

Assim como outros transtornos, o TDAH classifica-se em três níveis, sendo eles: TDAH hinperativo/impulsivo, TDAH tipo desatento e TDAH tipo misto/combinado, podendo ser acompanhado de lapsos ou até perda de memória. Cada nível se caracteriza com um conjunto de sintomas específicos, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – V). Segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), os casos de TDAH variam entre 5% a 8% mundialmente. Já no Brasil, o transtorno atinge aproximadamente 2 milhões de pessoas adultas.

 

A psicóloga especializada em neuropsicologia, Luciana Lima, ressalta sobre o problema surgir logo na infância e persistir na vida adulta. Apesar do termo ter ganhando mais conhecimento nos últimos anos, o TDAH já é de conhecimento da psicologia há muito tempo. “Não é um transtorno novo. A psicologia é nova, tem apenas 50 anos no mercado, porém o TDAH já existia, só não era tão evidente como hoje. Todo mundo tem um pouco de TDAH. Tem uma falta de atenção ali outra aqui, todo mundo é pouco hiperativo, desatento, porém para psicologia, tudo que é em excesso tem que ser tratado”, frisa a psicóloga.

 

O autodiagnóstico ou a automedicação podem trazer malefícios além de invalidar a intervenção médica de um profissional da saúde mental. É necessário acompanhamento e uma série de consultas com profissionais da área, por questões de segurança e cuidado. O diagnóstico inicia com a observação dos sintomas presentes no comportamento em diferentes ambientes, em casos de crianças isso parte do cuidador. Logo em seguida, o profissional entra com uma série de análises. “A gente avalia, faz uma escuta qualificada para conhecer a demanda e aplicar alguns testes voltados para o TDAH, como o teste de atenção, teste concentração e teste de raciocínio lógico. Por meio dessa testagem, sabemos se esse paciente realmente apresenta TDAH ou não”, ressalta Luciana.

Do ambiente acadêmico ao profissional

A socialização na escola ou no trabalho, é uma das maiores dificuldades para quem possui o diagnóstico. Vitória Folha, acadêmica do sétimo período de psicologia, conta sobre seus desafios em relação à falta de foco e hiperatividade, no ambiente acadêmico e profissional. “O que mais me afeta é a procrastinação, pois como não consigo manter o foco, eu sempre acabo procastinando”. Vitória ainda cita o fato de não ser compreendida a respeito do seu transtorno. “Eu já convivi com uma piada na minha infância, que eu era inteligente porém muito lerda. Normalmente as pessoas não compreendem e não conhecem o diagnóstico de TDAH. Querendo ou não isso me desmotiva, porque eu me sinto anormal”, explica a estudante.

 

Apesar de complicado, o transtorno não é um total empecilho para quem convive com ele diariamente. A produtora de conteúdo estudantil e acadêmica de medicina, Lorena Dorea, que acumula 23,9 mil inscritos em seu canal no youtube, relata em um de seus vídeos sua experiência com o transtorno, na qual lida desde a infância. Para ela, é um desafio lidar com a falta de foco e a imperatividade, principalmente por estar envolvida em um curso que exige estreitamente sua atenção. Mesmo com as dificuldades do diagnóstico, Lorena tenta manter sua rotina frequente de estudos, além de ajudar outras pessoas na internet, quando o assunto é vestibular.