Tão boas para dirigir quanto para ensinar: mulheres instrutoras

Instrutora Leidiane se orgulha da profissão

 

Texto e foto: Marcelo Nunes

Tão boas para dirigir quanto para ensinar, Leidiane de Araújo Reis e Gilvania de Sousa Pereira  são instrutoras de auto-escola da rede particular, nas categorias “A e B” (carro e moto). Leidiane é ex-caminhoneira, estudante de administração e cabeleireira nas horas vagas. Já Gilvania é ex-empresária e atua como instrutora há 13 anos. Até o início de 2018, as mulheres correspondiam a 38.393 mil condutoras em Imperatriz, devidamente registradas no Departamento de Trânsito do Maranhão (Detran-MA), nas categorias de ”A à D”.

“Quando fazemos o que gostamos, as portas se abrem e tudo fica mais fácil”, afirmou Leidiane. Antes mesmo do fim do curso de formação de instrutores do Serviço Social do Transporte (Sest), e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), recebeu duas propostas de emprego para já atuar na área. Gilvania, com um pouco mais de experiência, acredita que esse meio se atualizou e criou espaço para todos.

Gilvania diz que a profissão é como todas as outras, cada um passa por dificuldades, mas isso não a abala, uma vez que sua família lhe dá o maior apoio. Leidiane também ressalta que não sentiu dificuldades para exercer a profissão, uma vez que seu marido, Magno Carneiro Cortel, foi o maior incentivador para que ela entrasse nesse ramo. Ambas casadas e mães de duas filhas, sabem a importância de serem mulheres fortes e ativas perante a sociedade e, com isso, não só inspiram as suas filhas,  como também outras mulheres a fazerem qualquer coisa.

Para algumas jovens que estão no processo para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), é inspirador ver mulheres formando novos condutores. Isso mostra que dirigir independe de gênero, como comenta Vitória Caroline Carvalho, de 19 anos. “Me sinto inspirada por essas mulheres, venho fazer minhas aulas e fico com um mix de orgulho e emoção, me sinto empoderada”.

Quebra do estereótipo masculino

Segundo as instrutoras, as mulheres são grandes aliadas na busca por um trânsito mais humano. Mesmo não havendo uma entidade representativa específica para instrutoras, Imperatriz possui algumas similares, e todas são cadastradas no Sindicato das Auto Escolas do Maranhão (Sindauma). Por ser uma profissão que por muito tempo foi exercida exclusivamente por homens, ainda pode ser vista com preconceito machista. Apesar disso, Leidiane garante que nunca sofreu nenhuma hostilização de outros instrutores ou de alunos. Mas conta que por ser mulher, percebe os olhares de cunho sexual, mas nada além disso, uma vez que é uma profissional séria e não admite nem mesmo uma brincadeira sequer, nesse sentido.

Alguns homens ainda têm preconceito com mulheres ao volante. Quando explicado que além de dirigir, elas instruem outras pessoas, os comentários são bem expressivos. João Paulo, de 70 anos, taxista há mais de 40 anos, afirma: “Na minha época mulheres não dirigiam, sequer pensavam nisso. As mulheres pensam demais, não se concentram em uma coisa só e é por conta disso que acontecem os acidentes”.

No trânsito, a realidade se sobrepõe ao mito, desmistificando uma cultura que passou por muitas gerações, de que qualquer barbeiragem no trânsito era atribuída às mulheres com a frase “só podia ser mulher”. Hoje elas conquistaram seu espaço, ratificaram suas forças, suas habilidades e gritaram para a sociedade: somos capazes!.