Texto e fotos de Carla Guerrero
Nos últimos três meses, 115 moradores de rua foram mandados embora, por falta de vagas, na casa de abrigo do Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro Pop), que é o único local de acolhimento dessas pessoas vinculado à prefeitura de Imperatriz. A causa disso é a carência de espaço no dormitório, chamado de ‘’abrigo’’ ou ‘’albergue masculino’’, na qual as pessoas em situação de rua, que procuram o Centro Pop, deveriam poder passar a noite.
Atualmente, de acordo com a coordenadora do Centro Pop, Francisca Antônia Correia, o albergue masculino possui capacidade de acomodação diária de no máximo 20 homens em situação de rua, sendo que na procura por acolhimento nos meses de janeiro, fevereiro e março apenas 52% dos homens conseguiram espaço para dormir, os 48% restantes dispuseram do Centro Pop diariamente até as 17 horas, depois disso tiveram que se retirar.

Além dos dormitórios, são oferecidos para as pessoas que buscam por amparo refeições, higienização, roupas e acompanhamento psicológico. Segundo Francisca, os alimentos são mandados da prefeitura para o Centro de Referência de 15 a 15 dias, com o suficiente para alimentar 20 pessoas com quatro refeições diárias.
Considerando a grande demanda por acolhimento, o Centro Pop não possui uma estrutura apropriada para amparar a maior parte dos moradores de rua que o procura, com a alternativa de abrigar e alimentar apenas 20 pessoas ao dia.
Critérios para seleção
A permanência das pessoas em situação de rua é regida por horários, sendo de 8 horas até 17 horas reservado para alimentação e outras atividades disponibilizadas e das 17 horas até o dia seguinte para os que conseguem as vagas no abrigo, no caso dos que não conseguem espaço, já são alertados de que o abrigo atingiu capacidade máxima diária antes de chegar o horário de voltar para as ruas. De acordo com a assistente da área administrativa do Centro Pop, Elena Santos Bundem, a seleção é feita por ordem de chegada e nível de situação em que o morador se encontra, tendo prioridade para conseguir a vaga aqueles que estudam.
‘’Tem que ver pelo lado humano, a gente se sente mal por isso porque você sabe que a pessoa precisa, que não tem onde ficar, se alimentar e dormir. Estamos esperando a reforma do Centro para fazer essa ampliação no espaço e poder acomodar mais pessoas, pois não deve acontecer de a pessoa nos procurar e termos que falar que ela não pode ficar por falta de acomodação, sendo que sabemos da situação dela. A gente espera que isso seja resolvido.’’ conta Elena.
Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEDES), o prédio a qual o Centro Pop está localizado não é uma propriedade do município de Imperatriz e, tratando-se de um local alugado, a prefeitura não possui direito de entrar com recursos para modificar a estrutura, sendo possível apenas reformas básicas no estabelecimento.