Projeto lúdico na igreja encanta crianças pós-pandemia

Reencontro social é vivenciado a partir da redescoberta da alegria e do lazer

Bruno Gomes

Em meio a pulos animados, risadas e sons de músicas divertidas, as crianças aproveitam mais uma tarde de muita diversão no “Clubinho” na Igreja Cristã Evangélica Vila Nova. Durante momentos de alegria como este, os problemas enfrentados no período da pandemia da Covid-19 são deixados de lado, e se estabelece uma reconexão social necessária após o período de isolamento.

Momento de socialização com os participantes (Crédito: Bruno Gomes)

A ação social realizada pela Igreja está localizada no bairro Vila Nova, em Imperatriz (MA), uma região distante do centro, com falhas de infraestrutura e no saneamento básico. Apesar de todos os dilemas existentes, a iniciativa comunitária para crianças, que acontece dentro de um espaço seguro, mantém o objetivo de proporcionar horas de brincadeiras por meio de atividades com temáticas bíblicas. “Eu faço de tudo. Adoro criança, então tudo que estão me pedindo, estou fazendo”, contou a colaboradora Maryanne Castro, 16 anos, cristã, conhecida como Mary.

Impacto social

“A nossa intenção é transmitir valores cristãos, princípios e comportamentos que irão beneficiar suas famílias e auxiliá-las, além de oferecer suporte em diferentes aspectos de suas vidas”, detalhou Thiago Matos, 28 anos, conhecido como Pastor Thiago, líder do projeto da igreja. Ele explica que não se trata de uma ideia pessoal, mas sim de uma ação que ocorre em diversos países. “A pandemia tirou as crianças da realidade da vida, levando pro isolamento social e à individualidade, mesmo que acompanhado com irmãos”, lembrou Roseli Sousa, 49 anos, cristã, moradora do Parque Santa Lucia. Ela ajuda na amamentação das crianças e deixa tudo em ordem no ponto que elas saem, com todo um grupo envolvido.

Cleudine Oliveira também é moradora do Parque Santa Lucia e mãe de uma criança que participa da iniciativa. Após receber um panfleto e com sua irmã que frequenta a igreja, decidiu envolver seu filho, confiante no propósito e nas pessoas incluídas. “Acredito no Clubinho como algo construtivo para o social, pessoal, espiritual das crianças. É mais um motivo para trazê-los e ter essa socialização, porque na época da pandemia eles ficaram muito tempo fechados. Então estamos tendo a oportunidade de resgatar esse social deles”, enfatizou. A satisfação da mãe no projeto reflete a confiança depositada na equipe e nas atividades oferecidas, que promovem o bem-estar e o crescimento integral das crianças.

O projeto tem se mostrado uma peça valiosa para comunidade local, que oferece um ambiente acolhedor. “Eu gosto do jogo da cadeirinha, tem caixa de papelão, tem muita brincadeira e história da escola bíblica”, alegou Arthur Guimarães, 5 anos, filho de Morgana Guimarães, cristã há mais de 15 anos e membro da igreja. Morgana é uma das responsáveis pelas tarefas didáticas e recreativas. “Minha filha já participou do Clubinho duas vezes. Foi uma coleguinha que a chamou. Eu acho ótimo, porque é uma diversão para ela. É melhor estar envolvida nesse projeto do que ficar em casa no telefone, vendo o que não presta”, comentou Francilene Costa, conhecida por Cilene, mãe de Bianca Costa, integrante e moradora do bairro Vila Nova. “Eu sou mãe de duas crianças, um de cinco e outro de dois. Sempre tive vontade de ensinar. Sou muito lúdica, assim consigo me conectar com as crianças”, declarou Morgana.

Como funciona

Ao chegarem ao Clubinho, as crianças são registradas. Os responsáveis informam o nome completo, data de nascimento, endereço, identificação do pai e da mãe e telefone de contato. “É chegar e participar. O cadastro é pra ter um controle de quantas pessoas estão frequentando”, afirmou Lídia Sousa, 33 anos, responsável pelo registro. Sobre a equipe de voluntários e o financiamento, o pastor Thiago informou que, por enquanto, são todos membros da Igreja e custeados por ela. “Dependendo da área e das necessidades, certamente aceitamos ajuda externa. É fundamental que o Clubinho seja uma iniciativa aberta e inclusiva”, reconheceu.

A dança da cadeira, morto-vivo e outros jogos tradicionais são realizados no contexto do projeto. Ao participarem dessas atividades, as crianças têm a oportunidade de desenvolver habilidades motoras, coordenação e trabalho em equipe, ao mesmo tempo em que estabelecem vínculos sociais e fortalecem amizades. Essas brincadeiras têm se mostrado especialmente relevantes no contexto pós-pandemia, e proporcionam uma forma segura e alegre de reunir pessoas, construir laços e restaurar a sociabilidade.

Pais e responsáveis buscam seus filhos após as atividades (Crédito: Bruno Gomes)

A partir do desempenho na ação, as crianças acumulam pontos ao longo dos seis meses a um ano, que podem ser trocados por presentes na lojinha. “Há aqueles que ganham mais prêmios, porque decoraram versículos, foram presentes e trouxeram visitantes”, pontuou Morgana. Iniciado em agosto de 2022, o evento organizado pela Igreja Cristã Evangélica Vila Nova tem duração média de três horas, a cada 15 dias e, aos sábados, tem estimativa de 40 a 100 crianças incluídas. “Esse projeto, foi uma forma de aproximar todo mundo”, ressaltou Mary.  

Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística, chamado Meu Canto Também é Notícia. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar histórias jornalísticas em seus próprios bairros. Essa é a primeira publicação oficial de todas, todos e todes.