Nova pista de bicicross de Açailândia ajuda a consolidar tradição

Modalidade é praticada há mais de 30 anos na cidade e revela novos talentos

Ana Macedo

O som indica a largada, velocidade e saltos radicais. Esse é o cenário comum de um dia na pista nova de bicicross em Açailândia, no Maranhão. Localizada no bairro Park Jardins, a inauguração do novo espaço de lazer açailandense fortalece a cultura do esporte estabelecida há mais de 30 anos na cidade. Segundo Ivanilson Oliveira (50), morador há mais de 40 anos no município, a paixão dos jovens da comunidade teve início no dia 6 de junho de 1989, quando foi inaugurado o primeiro espaço para prática de manobras cedido pela prefeitura e estruturado pelos próprios moradores da região: “Eu e os meninos, os ‘Radicais do Cross’, pegamos nossas enxadas e fizemos as rampas a tempo para ser inaugurada no dia do aniversário de Açailândia”, ele afirma.

“Desde o primeiro dia que eu tive contato com o esporte ele me deu uma razão a mais na vida, uma animação”, diz Samuel Lopes, de 14 anos. O jovem campeão da categoria de 15 e 16 anos da Copa Brasil de Bicicross descreve o esporte como algo “lindo de se ver” e afirma ter extrema importância na formação do seu caráter e personalidade. Nessa prática, que engloba todos os gêneros e idades, a disciplina e a perseverança são essenciais para a formação de um bom atleta, que seus pais e treinadores acreditam representar um papel essencial na vida dos jovens. “O esporte vem primeiramente como uma instrução às crianças, que acabam passando menos tempo nas telas e desenvolvem o seu espírito competitivo e disciplina, devido aos treinos”, afirma Josidenis Alves (38), pai e treinador do atleta Arthur Emanuel, que aos cinco anos de idade, carrega uma série de troféus e medalhas em patinação, karatê e bicicross.

Arthur Emanuel, 5 anos, já acumula prêmios em várias modalidades (Crédito: Ana Macedo)

Nas palavras do secretário Municipal de Esportes de Açailândia, Mauriti Soares, o convívio com regras e limites desde a formação do indivíduo o torna um cidadão mais adepto ao cumprimento de leis e deveres na vida adulta. “O esporte está aí para isso, desenvolver respeito ao adversário e a noção de que a vida não é feita só de vitória. É preciso esforço e dedicação para alcançar seus objetivos”, ressalta.

1ª Copa Brasil de Bicicross

O campeonato, tendo como sede de sua etapa única Açailândia, ocorreu no dia 10 de junho de 2023. Contando com mais de 10 categorias, incluindo gêneros masculino e feminino, disputados em faixas etárias que iam de 5 a +50 anos, o evento reuniu por volta de 150 competidores de toda a região Tocantina. A presença dos representantes do Pará, Goiás, Amazonas, Tocantins e Maranhão, tornou a cidade uma referência no esporte, tendo os atletas da casa garantidos nos pódios de todas as categorias.

Atletas e organizadores do evento durante a abertura da competição (Crédito: Ana Macedo)

Com o apoio da Prefeitura de Açailândia e a Secretaria Municipal de Esportes (Semes) os vencedores voltaram para casa com um troféu, uma quantia em dinheiro e o título de campeão da Copa Brasil de Bicicross. O evento foi palco para a descoberta de muitos novos prodígios e da confraternização de amantes da modalidade.

 “Mulheres são muito subestimadas em relação a esporte, mas estamos aqui hoje para provar que não somos o sexo frágil”, diz Jordane da Penha (35), atleta da modalidade Moutain bike. Hoje representando a minoria nas pistas, elas são exaltadas pelo coordenador e organizador da competição, Rony “do Bicicross”: “As mulheres, apesar de não estarem competindo, representam uma grande maioria na torcida. Desempenham um papel muito importante na organização do evento, desde as da nossa equipe, até as mães e esposas dos atletas”.

Troféus destinados aos vencedores das mais de 10 modalidades (Crédito: Ana Macedo)

Emanuelle de Pinho, mãe da atleta Alice de Pinho (9), ou Manu, como prefere ser chamada, diz que a filha passou a ter contato com o esporte a partir do seu tio, que o praticava desde a década de 1990. A mãe, preocupada, afirma ter sentido medo em um primeiro instante por achar que era perigoso para uma menina. Mas tudo mudou ao perceber a paixão da filha pelo esporte. “Eu só consigo incentivar a minha filha a participar, sem pressão de ser sempre a vencedora”, afirmou. Emanuelle ressalta que investe nos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), adequados e a instrução correta. Alice, apoiada pelos familiares, diz praticar o esporte há mais de um ano. Confessa que ele a “tira das telas” e acha muito divertido seus momentos na pista.

Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística, chamado Meu Canto Também é Notícia. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar histórias jornalísticas em seus próprios bairros. Essa é a primeira publicação oficial de todas, todos e todes.