Texto e fotos de Lorena Marques e Valéria Rosa
A motolância, serviço de socorro por motocicleta, realiza pelo menos três atendimentos por dia em Imperatriz, segundo dados do Samu. Entre janeiro e agosto de 2019 já foram 812 ocorrências atendidas pelo veículo que atua em Imperatriz desde 2012. Até 2017 o serviço era mais restrito a acidentes de trânsito, mas hoje atende qualquer tipo de ocorrência em seu expediente de trabalho das 7 às 18 horas. As ocorrências podem ser de casos clínicos, traumáticos, ginecológicos, obstétrico, pediátrico e psiquiátrico.
O veículo é mais solicitado no início do dia das 7 às 9 horas e no fim de tarde das 16 às 18 horas.A motolância atende o centro da cidade e os bairros mais próximos com maior frequência, ela possui certa delimitação e mesmo podendo ir até bairros mais distantes como Conjunto Vitória, Camaçari, Lagoa Verde e ponte Dom Felipe Gregori, permanece sendo mais viável em locais com fluxo intenso.O condutor leva em média 3 minutos para chegar no local e cerca de 15 a 20 minutos para fazer o atendimento.
A motolância da regional de Imperatriz atende somente ao município, sendo de uso estratégico administrado pelo médico regulador, que é a autoridade sanitária da cidade responsável por designar o uso dos veículos, bem como encaminhamentos para os hospitais. O objetivo da motolância é chegar de forma precoce no local de emergência pré-hospitalar e fazer o primeiro atendimento a vítima enquanto a ambulância se desloca, aproveitando, assim, certa vantagem de tempo que pode aumentar a sobrevida do paciente.
Apesar de a motolância fazer parte do atendimento do Samu há mais de sete anos, o técnico de enfermagem e condutor do veículo Raylson Marcelo conta que algumas pessoas ainda se veem desinformadas sobre o trabalho da moto. “Eles sabem que tem a moto, mas tem aquela sensação que a moto vai levar o paciente para o hospital e não que vai fazer um atendimento”, explica.
O condutor comenta ainda as consequências dessa desinformação da população e os impactos que isso gera na rotina de trabalho dos profissionais que atuam no veículo. “A cultura do Brasil, de forma geral, não é muito disseminada em questão de conhecimento.Assim, por mais que a gente trabalhe arduamente em relação a isso, a gente chega na cena e falam ‘meu deus mandaram foi uma moto, essa mulher precisa de uma ambulância’,daí tenho que explicar que é só para fazer o primeiro atendimento e a ambulância está a caminho”, pontua Marcelo.
Profissionais habilitados –A motolância transporta apenas um socorrista, que carrega uma mochila e colete equipados para a realização dos primeiros socorros. Para pilotar a motolância é necessário que os condutores tenham curso de atendimento pré-hospitalar ou suporte básico de vida, curso de direção defensiva e curso específico para condução de veículo de emergência, além da habilitação e formação na área de saúde.O Samu de Imperatriz conta com 4 profissionais especializados.
Os veículos do Samu são doados e regulados por meio de portarias ministeriais, no momento não há portaria ativa do Ministério da Saúde liberando motos para o Maranhão. A solicitação de uma moto para Imperatriz feita em 2017 foi negada, contudo, o coordenador geral da regional de Imperatriz,Alexsandro Freitas,estuda meios de adquirir mais uma motolância. “Estamos até tentando ver se a gente consegue de forma particular, doação, porque a quantidade de acidentes na cidade cada dia está maior.A dificuldade da gente chegar na vítima é grande, a gente entende que pelo menos mais uma moto seria importante”, afirma Freitas.