A rotina da merendeira escolar que também foi afetada pela pandemia
Por André Zimbawer
Iellena Davidova, de 40 anos, natural de Imperatriz, trabalha há oito anos como merendeira na escola municipal Princesa Isabel, uma escola com alunos de faixa etária de 4 a 11 anos. Desde que as aulas foram suspensas em março do ano passado com a pandemia do novo coronavírus, Iellena não tem mais contato com seu público mais importante, que são as crianças que esperavam na fila para poder lanchar, que chegavam e iam cumprimentá-la e quando saiam se despediam.
Iellena conta que se sentia grata quando via o cardápio do dia e que conseguiria realizar ele, mesmo se faltasse algo ou algum ingrediente ela conseguiria comprar e assim concluir a receita de forma mais completa. “A melhor parte do meu trabalho, é quando as crianças pedem para repetir, isso me deixa extremamente feliz” completa Iellena.
Ela conta que a pandemia a afetou de uma forma de não ter certeza da atual profundidade da doença, que lhe trouxe crises de ansiedade e bastante medo, fala também que uma colega de trabalho contraiu o vírus e isso lhe deixou em alerta e bastante triste, e que a pandemia afetou bastante seu lado emocional, teme perder algum colega, familiar ou conhecido. ”Quando a prefeitura informou que iríamos retornar às aula em fevereiro, e que iriam acontecer de forma remota, ficamos aliviados. Se escolhesse uma palavra definir a atual situação seria medo”.
Contato
“Eu sinto falta de todos, mas tem uma aluna em questão que sou muito apegada, ela se chama Iarla e houve complicações na hora de seu nascimento, ela tem algumas dificuldades motoras e a relação que construí com ela, não consigo explicar, é como se ela me passasse uma força”. relata Iellena que, além de cuidar e gostar da criança, fez amizade com os pais e responsáveis para ficar sabendo notícias da mesma. A merendeira diz que no começo dos estudos a garota não andava, depois foi tendo auxílio com andador, e hoje, quando vê a menina andando, ela fica extremamente emocionada e feliz.
“Tinham alunos que já chegavam na escola e me perguntavam, tia, o que é o lanche hoje? e eu respondia menino, tu acabou de almoçar” e assim eles foram se relacionando com a merendeira, a mesma conta que nos dias de galinhada, sopa e macarronada eles já ficavam felizes e a espera do horário do lanche, e que nesses dias não havia reclamações com eles e se houvessem, eles obedeciam só para poder repetir o prato.