Imperatriz registra aumento de 84% nas candidaturas femininas nas eleições de 2020

O número de candidaturas femininas subiu de 85 para 157, comparado às eleições de 2016

Créditos: By Darlan Campos

Desde a conquista do direito ao voto, as mulheres vem lutando cada vez mais para ganhar espaço no âmbito político, em Imperatriz não é diferente. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições municipais de 2016, a cidade teve, ao todo, 85 mulheres candidatas concorrendo à eleição. Este número teve um aumento significativo em 2020, com 157 candidaturas femininas registradas, representando um crescimento de 84% nas eleições deste ano.  Embora este progresso seja uma conquista importante em relação à representatividade feminina, ainda há muito que ser feito para combater a desigualdade de gênero na política, é o que aponta a coordenadora do Fórum de Mulheres de Imperatriz, Conceição Amorim.

Segundo a coordenadora, uma disputa eleitoral não se resume apenas à candidatura registrada, o engajamento partidário é um fator que determina o poder da mulher dentro de um grupo ou partido político. “Se elas não têm poder de decisão sobre a campanha, sobre o conjunto das candidaturas, isso as coloca numa situação de não disputa”, diz Conceição Amorim, e ainda ressalva que as cotas de gêneros nas eleições não quer dizer necessariamente que os partidos estão interessados em ter representações femininas concorrendo a um cargo político: “a maioria das candidaturas femininas é apenas para os partidos cumprirem as cotas de gênero”.

A candidatura de fachada, conhecida como “candidato laranja”, é um termo usado para se referir a casos de candidaturas femininas registradas pelos partidos apenas para preencherem a cota de 30% para as mulheres nas eleições. O ato, além de fraudulento, corresponde como crime eleitoral e, segundo Tribunal Superior Eleitoral, a presença desta violação deve levar à cassação de toda a chapa eleitoral, com a perda do mandato dos eleitos. Segundo a coordenadora do Fórum de Mulheres de Imperatriz, para que a política partidária seja um ambiente que garanta a equidade de gênero, é preciso que se tenha um cenário favorável para as mulheres na política, com as mesmas oportunidades para todos. “É necessário garantir o mesmo espaço, as mesmas condições e as mesmas oportunidades nos espaços de poder e decisão, a começar pelos partidos políticos”, finaliza Conceição Amorim.

A eleitora Raylane Bananeira, 30 anos,  conselheira tutelar, propõe a união como forma de incentivar a atuação das mulheres na sua carreira política. Além disso, ela comenta que as candidaturas femininas devem ser apoiadas por todos. “É necessário para que haja um equilíbrio nos discursos, decisões e ações dentro da câmera, pois sabemos o poder das mulheres, bem como a inteligência e sensibilidade para diversas pautas”, diz a conselheira. E ainda pontua que todas as conquistas femininas na política devem ser celebradas e sugere que a consciência de classe é fator primordial para combater as injustiças que existem neste cenário. “É fundamental a conscientização da sociedade no que diz respeito a esta pauta, além de pensar em mudanças e reformas que possam reconhecer a voz feminina e encorajá-las nas disputas eleitorais.”, conclui Raylane Bananeira.

Durante uma live realizada nesta sexta-feira, 02, pelos professores e alunos do curso de Jornalismo da Universidade do Maranhão (UFMA), o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA), desembargador Tyrone Silva, falou sobre a relevância da participação feminina no campo político. “É importante esse protagonismo da mulher, assim como é importante à atuação da sociedade em termos de incentivar essa participação, essa mudança de cultura e mostrar que não há qualquer tipo de diferença em relação ao homem, em termos de intelectualidade, de competência, assim como na realização do trabalho e desempenho da mulher”, concluiu o desembargador.

Apesar das mulheres serem maioria e representarem 51% da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE), dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que o país ainda lida com uma sub-representação feminina nos ambientes de poder. Apenas 15% das mulheres estão presentes em cargos eletivos no Brasil.