Orgânicos só no preço

Asarias Abed

Alimentos orgânicos são aqueles produzidos sem a adição de agroquímicos, e são considerados saudáveis. Cuidado na hora de comprar orgânicos em Imperatriz, você pode está sendo enganado. Nossa reportagem descobriu que feiras e hortifrútis vendem frutas e verduras, entre elas as folhas verdes,  maracujá, abacaxi, limão e abobora, sem o selo de produto orgânico concedido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Meu produto é 50% orgânico”, garante o propriedade da Casa Verde, especializada em produtos naturais e orgânicos Nilmar Bonfim. Ele explica: “tentei trabalhar com o produto 100% orgânico, como a banana. Mas isso não era muito vendável porque não tem uma aparência como às outras e estragavam muito. Durante 40 dias tentei vender tangerina mexerica, ela até que não estraga muito rápido, mas fica com a casca murcha e o cliente termina não comprando por achar que já está estragada. E então passei a vender orgânicos com menos agrotóxico”, afirma. Praticamente não existe orgânicos na loja, todos os alimentos analisados continha uma percentagem adicional de agroquímico.

Os supostos orgânicos encontrados são vendidos a um preço que chega a ser 100% a mais que os alimentos considerados industriais ou com agrotóxicos, como o abacaxi orgânico, vendido por R$ 5 reais, e o limão orgânico por R$ 5,30 o quilo. Em um hortifuti de alimentos não orgânico é possível encontrar até 2 abacaxis por R$ 5 reais.

Para o Consultor Ambiental Cristy Handerson Pereira dos Santos, a classificação usada como “50% orgânico”, é equivocada. O correto é informar ao consumidor que o alimento contém uma baixa concentração de químicos e afirma que não pode ser considerado como orgânico, porque contém agroquímico.  Cristy Handerson faz uma alerta aos comerciantes que vendem esses alimentos com baixa concentração de agrotóxico como se fossem orgânicos, “Estão violando o Código de Defesa do Consumidor, Capítulo 3, Artigo 6º, inciso III, a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. Não confundam alimentos com pouca concentração de agrotóxicos, com orgânicos, os orgânicos não tem nenhum tipo de elementos artificiais”, esclarece. Para Cristy Handerson, falta clareza por parte dos comerciantes e deve haver mais informação de cada alimento ao consumidor.

O proprietário do Restaurante Prato de Ferro, Azaias Lima Sousa, localizado na Vila Nova de Imperatriz, já tentou trabalhar com alimentos orgânicos. Segundo ele a experiência foi bem aceita pelos seus clientes, mas devido às dificuldades de encontrar o produto e os preços chegarem até 100% mais caros que os demais sem o químico, optou por oferecer os chamados por ele de “pratos saudáveis”, com produtos de baixa concentração de agrotóxicos. “Vendo pratos saudáveis a partir de R$ 12 reais, um preço bem popular”, defende.

Feiras de orgânicos

Mesmo com dificuldade, é possível encontrar os orgânicos na feira na Praça de Fátima em Imperatriz. Ali os feirantes garantem que revendem produtos de agricultura familiar e sem agrotóxico. A feira oferta por exemplo tomate a R$ 8,00, cheiro-verde, 3 unidades por R$ 2 reais e abobora R$ 6 reais o quilo. Azaias Lima Sousa desconfia que mesmo esses produtos vendidos não atendem a quantidade sugerida, porque não têm o selo de saúde que é orientado e afiançado pelo Ministério da Saúde para os verdadeiros orgânicos.

Depois de andarmos bastante a procura de orgânicos com o selo de qualidade, encontramos no Supermercado Mateus uma seção com poucos orgânicos, mas só para produtos industrializados, ou seja, nada de verduras e frutas. Há nessas condições café, açúcar e cookies. O café com preço de R$ 14,89, quase 4 vezes mais caro que o café popular.