Texto e fotos de Manoel Pereira
Professor de Filosofia no trabalho e fotógrafo por diversão nas horas vagas, Joedson Marcos da Silva, 47 anos, encontra no cotidiano das ruas por onde anda cenas que lhe chamam a atenção. Cenas essas que viram retratos capturados a partir da conciliação entre câmera e sensibilidade no olhar. E como consequência desse processo, resultam em publicações no perfil @joenarua na rede social Instagram e que já acumula 823 seguidores.
Joedson nasceu em São Luís, capital do Maranhão, mas é em Imperatriz, Sul do Estado, que reside desde 2006, ano em que foi selecionado em um concurso público para compor o quadro de professores do curso de jornalismo, que até então era novo na cidade e formava ali sua primeira turma de docentesna Universidade Federal do Maranhão, campus Imperatriz.
Doutor em Filosofia, Joedson Marcos revela sempre ter gostado de ler muito, principalmente sobre a história da ciência e teorias científicas. E que quando chegou o momento de decidir que faculdade cursar, optou por fazer o que gostava, sem levar muito em consideração a questão profissional, mas sim o seu gosto por algo que lhe desse prazer. Foi então que o professor escolheu a filosofia, área que sempre esteve relacionada às leituras praticadas por ele.
Para o filósofo, viver bem é fazer o que gosta. Joedson define como pequenos prazeres da vida ler, estudar, ver filmes, apreciar obras de artes, conhecer coisas novas, viajar e se permitir ter contato com realidades diferentes das suas. Sobre trabalho, o professor considera que podesim ser prazeroso e parte da felicidade de alguém, quando se faz o que gosta, mas não é tudo, pois há outras coisas na vida que também precisam ser exploradas.
A curiosidade sobre Joedson é seu lado fotógrafo, que vem ganhando fama através do seu perfil no Instagram, que já conta com 817 seguidores e soma um total de 611 publicações. Fotografar é um hobby que já rendeu ao professor, inclusive, um prêmio dado em um concurso realizado pela prefeitura da cidade. O tema era relacionado a lugares de Imperatriz, em alusão ao aniversário do município e Joedson foi o grande vencedor, tendo sua fotografia virado um dos cartões postais da cidade. Na imagem, há dois homens em uma canoa remando pelo rio Tocantins e ao fundo, a ponte que liga os Estados do Maranhão e Tocantins.
Nesta entrevista, Joedson responde sobre esse seu lado fotógrafo nas horas vagas, sobre como surgiu a ideia do perfil no Instagram, até que ponto fotografia e filosofia estão relacionadas, suas imagens preferidas, referências e inspirações dentre outros questionamentos.
Imperatriz Notícias: Porque o hobby de fotografar e quando isso acontece?
Joedson Marcos: Eu sempre gostei de fotografia… Meu pai gostava de fotografia, tirava e fazia muitas fotos, isso de maneira amadora. E eu sempre fui curioso em relação à fotografia, mas nunca me dediquei profissionalmente a isso.Via mais como hobby ou lazer mesmo. Gosto de acompanhar as exposições, então, quando eu morava em São Luís ou viajava e sabia que teria alguma exposição de fotografia naquela cidade, fazia questão de ir lá conhecer. E isso me dá prazer, é uma das coisas que, digamos assim, tira um pouco meu stress, é quase que terapêutico pra mim. Gosto muito de fotografar, do ato em si, e gosto também do que vem depois, que é ficar olhando escolhendo as fotos. Isso para mim é uma coisa muito prazerosa.
IN: Como e quando surgiu a ideia de criar o perfil Joe na Rua?
JM: O Instagram é uma rede social que permite que a gente poste fotos e que conheçamos fotos de outras pessoas também. Lá há muitas fotos de profissionais que também usam essa rede. Se você quer acompanhar o que eles estão fazendo, o Instagram é um bom lugar, pois tem a ferramenta “seguir”, desse modo, você acompanha o que acontece no mundo da fotografia de acordo com os perfis que você escolhe seguir. O nome “Joe na rua” é pelo fato de eu gostar de fotografia de rua. Esse é um seguimento da fotografia que eu gosto, de cenas da rua, do cotidiano. Gosto de cenas urbanas, de fotografar pessoas desconhecidas, não especificamente fazer retratos delas, mas fotografar as cenas do dia-a-dia. Tem muita matéria-prima nisso. Então, o perfil no Instagram acaba sendo um jeito de eu acompanhar o trabalho de outras pessoas e que também acompanhem o meu, mas sem a pretensão de que seja algo profissional, apenas por diversão mesmo.
IN: Como surgem essas fotografias?
JM: É sempre muito espontâneo. Por aí tem muita coisa boa para fotografar, principalmente para quem gosta de fotografar na rua. Você vê muita coisa quando visita lugares como o mercadinho, bairros, feiras… Na noite sempre vejo coisas inusitadas e interessantes. Aqui em Imperatriz, em São Luís ou quando viajo para outros lugares, fico sempre atento nas ruas e as fotos simplesmente acontecem.
IN: Para você, o que é uma boa cena ou situação para ser fotografada?
JM: Existe uma coisa na fotografia que eu gosto muito, que é a composição. Ela é o modo como você dispõem os elementos dentro da cena que você está fotografando. E quando olho uma cena em que há um grupo de elementos que estão harmonizados, que formam um quadro e eu acho belo, bonito e agradável, esse, pra mim é o momento de fotografar.
IN: Você procura passar alguma mensagem com suas fotos? Qual?
JM: Não penso exatamente em uma mensagem, mas penso que há muita beleza nas cenas cotidianas e que a fotografia permite a gente congelar esses momentos belos que passam por nós. Então, não penso em necessariamente passar uma mensagem, mas sim registrar esses momentos que considero bonitos e guardar eles ali nas fotografias.
IN: Em algum momento, a filosofia lhe influencia na hora de fotografar?
JM: A filosofia de fato abrange diversos campos e tem áreas dentro dela que poderia estudar a estética, relacionando a fotografia. Mas meus interesses dentro da filosofia são outros e quando estou fotografando, faço muito mais por prazer mesmo. Vejo a filosofia como meu trabalho e a fotografia o meu hobby. Fotografo parar relaxar, por diversão, então, acabado não muito interessado em relacionar as duas coisas.
IN: No seu perfil do Instagram, uma das fotos mais populares é a de um homem em uma varanda. Porque você acha que ela é uma das de maior sucesso?
JM: Esse homem da foto é uma figura muito popular em São Luís entre as pessoas que gostam de Rock. O nome dele é Jair e a presença dele ali já chama a atenção pelo seu aspecto meio exótico. Sem contar também que a luz estava bonitae tem mar ao fundo. E também os casarões em ruínas. Enfim, todo um conjunto de coisas que levam essa imagem a ser interessante.
IN: Algumas de suas fotos têm as cores bem vivas, que lembram até mesmo a pinturas. Quandovocê está fotografando, acha que é semelhante ao pintor quando esta pintando um quadro?
JM:Eu acho que deve ser um pouco parecido. Eu não tenho muito talento na pintura, não sei como é a experiência de pintar um quadro. Mas na fotografia, por exemplo,em algumas situações a cor é importante sim, e em outras, importa mais o modo como elementos são dispostos, já em outras são as linhas, a textura e ás vezes isso sobressai. Penso ás vezes mais na textura do que na cor. Em algumas fotos a cor é um elemento importante, mas não em todas, tanto é que há inúmeras fotos bonitas em preto e branco.
IN: Que equipamentos você usa para fazer suas fotos?
JM: Já usei câmeras profissionais e celulares de diversas marcas, como o iphone, por exemplo. Atualmente uso um celular Samsung A5, mas já usei de tudo um pouco.
IN:Quem são os fotógrafos profissionais que você curte o trabalho e por quê?
JN:Eu gosto muito das fotos do HaruoOhara. Eleera agricultor do interior do Paraná e tinha uma sensibilidade muito grande pra fotografia. Fez coisas muito bonitas que eu gosto muito. Ele trabalhava muito com isso da composição da foto. Gosto de outros também, mas ele é meu favorito.
