Meia-profissão existe? Festas que comemoram 50% da formação lançam tendência em Imperatriz

Texto: Carllos Alcântara, Joilson Santos, Thalita Galvão

Fotos: Arquivo Pessoal e Divulgação de Instagram

Pauta: Thaísa Bueno

Para os universitários, a trajetória acadêmica é um caminho bem difícil, com muitos obstáculos, mas também um momento marcante e especial. Com um ambiente repleto de oportunidades e responsabilidades, cada momento, desde a aprovação no vestibular até a formação deve ser comemorado. Pensando nisso, uma prática que se popularizou em Imperatriz foi a realização de festas de 50% de curso, nas quais os universitários comemoram a conclusão de metade de sua jornada acadêmica.

É fácil se deparar no feed de qualquer rede social de universitários com as fotos com a legenda “meio-médico” ou “meio-pedagogo”, por exemplo, em referência a finalização de metade do curso superior cumprido. Seja qual for a formação, a popularidade desses eventos tem crescido bastante nas instituições de ensino superior imperatrizenses. Turmas de 3° a 6° período se unem, contratam fotógrafos, cerimonialistas, locais, comida, bebida e tudo mais para comemorar esse marco na vida universitária.

De acordo com os dados do restaurante Chapéu de Palha, um dos pontos mais procurados em Imperatriz, e que compõe o fundo de muitos álbuns fotográficos, uma média superior a 30 turmas já realizaram a festa de “50%”, e pouco mais de 20 turmas estão agendadas até o final deste ano. Grande parte do público do restaurante é oriundo de instituições particulares. E para quem pensa que esse tipo de ocasião é exclusiva de um só curso, se engana. Todas as graduações já procuraram o recinto para registrar a metade da formação.

“Funciono pouco mais de dois anos, todos gostam do ambiente, já tem até pratos preferidos, galinha caipira é o que mais sai, tudo isso tem me gerado bons resultados,diz Mauricio Souza, administrador do estabelecimento.

Também sem distinção de cursos, recebendo grupos de todas as graduações do local, o estabelecimento que se aloca próximo a BR-010, acumula o maior número de marcações de geolocalização no instagram, contabilizando o número médio de 1.653 postagens com o intuito da festa de 50% de formação. Para facilitar a melhor experiência, parcerias com cerimonialistas experientes no ramo é um diferencial que destaca a alta procura dos universitários para a ocasião, assim que um acordo é fechado, a equipe já dispõe de um leque de profissionais prontos a atender os alunos. Fotógrafos, cozinheiros, garçons, decoradores, trabalham para oferecer a melhor experiência. Além do registro, os preços são outro atrativo da celebração, variando do tamanho da turma e dos serviços solicitados, o preço inicial começa com R$ 45 por pessoa. Embora, festas cheguem até a média de 2.500.

“O preço acaba variando bastante, nossa festa teve muitos gastos, mas acabou que tivemos um serviço completo ao que pagamos, lembrando que foi necessário angariar fundos para conseguirmos desembolsar o mínimo possível”, afirma Yuri Teixeira.

Rancho Rouxinol é um dos lugares procurados pelos “meio formandos”
Turma de Medicina da UFMA apostou em festejar a meia formação

O acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Maranhão, é um dos vários acadêmicos que decidiu registrar o fato com a festa de meia formação. Ele relata que as festas se popularizaram pelas inúmeras dificuldades que os universitários, principalmente de instituições públicas se deparam, tornando cada marco ainda mais especial, e que é uma ótima razão para ser comemorado.

“No meu caso, é muito difícil passar em Medicina, até mesmo se manter, acaba que muitos acadêmicos desistem do curso justamente no primeiro período, então cada conquista deve ser bem comemorada, porque por trás dela há uma série de lutas, vencidas com garra e determinação”, explica o estudante.

O acadêmico também diz que esse tipo de comemoração não é, e nem deve ser exclusivo de Medicina, uma vez que cada graduação se reserva de particularidades que enriquecem a formação do profissional. E que assim que a oportunidade surgir, que a organização deve ser a melhor possível, ainda que isso não os exima de imprevistos. Adria Luiza, discente da mesma turma que Yuri, compartilhou dos mesmos esforços para ter a melhor experiência possível, mesmo com as dificuldades financeiras e os custos muito altos.

“Muitas coisas eram bastante caras, e era justamente o que tornava a festa mais bonita, isso foi o que nos surpreendeu, mesmo assim não desistimos, fizemos de tudo um pouco para conseguirmos pagar cada detalhe da festa, e os profissionais que nos ajudaram, nos incentivaram, até porque Medicina é um curso bem extenso, são seis anos, cada conquista é importante, porque foi resultado de muita cobrança e pressão”, afirma.

Algo também a ser destacado é a variedade dos temas das festas, começando com a variedade de oferta dos ambientes, há quem prefira alugar ambientes ‘requintados’, mas também quem opta por se distanciar da cidade e valorizar os ambientes naturais, a exemplo do Rancho Rouxinol.

A administradora do local, Angélica Weber, confirma a alta procura não apenas para festas, mas há quem prefira apenas uma sessão fotográfica, com isso a equipe de gerenciamento do rancho já se preparou e montou um leque de profissionais exclusivamente dedicados para completar os melhores pacotes para o público, se dispondo de fotógrafos, cerimonialistas, cozinheiros, equipes de som e iluminação e vários outros serviços. Ainda segundo Weber, o período de alta temporada, nos meses de Julho e Dezembro, recebe acadêmicos dos mais variados cursos de graduação, de Faculdades públicas e privadas.

Aproveitando o período de alta temporada das festas de 50%, a galinha caipira, o prato mais solicitado pelas turmas das faculdades, comemora também o período de férias acadêmicas, sendo o trecho do ano em que as demandas aumentam, ainda que muitas reservas sejam de última hora

Os números também crescem no Colonial Eventos, outro ponto bem disputado na cidade, onde a média de 3 turmas mensais ocupam o evento nos períodos de férias universitárias, e com o agendamento de mais 20, aproximadamente, incentivou a reforma do local, justamente pela alta demanda, e com o intuito de manter a mesma faixa de preço de R$ 45. Diferentemente, do restaurante, os discentes de Universidades Públicas são um público mais fiel aos seus serviços.

Quem também passou pelo inesperado foi Jhonatan Linhares, estudante de Ciências Contábeis, que enfrentou imprevistos com fotografia, recomenda a antecedência bem planejada das turmas, para que tudo saia como o acordado.

“É uma experiência inesquecível, decidimos celebrar esse marco de forma oficial e acabou saindo como o esperado, a nossa fotógrafa sumiu na hora da festa, e ficamos apenas com as fotos dos nossos celulares, mas mesmo assim ainda recomendo a festa!

Embora seja um momento de alegria, acaba que nem todos participam, seja por motivos financeiros, pessoais, acadêmicos, nem todos os estudantes de graduação se interessam pela festividade, exemplo disso é o graduando André Barreto, aluno do curso de Pedagogia em uma faculdade particular de alto nível em Imperatriz, ele afirma que decidiu por não se juntar a turma por decidir guardar mais dinheiro para uma festa mais completa na formatura do curso. “Eu decidi guardar mais dinheiro para a festa de formatura, que acabei refletindo que possui um destaque maior do que a festa de 50%, até que no intervalo até os 100%, muita gente pode desistir, mas acaba que para muitos colegas de faculdade, o que realmente pesa é o fator financeiro, ainda mais quando alguns são bolsistas do Prouni.”, afirma o acadêmico.