Educação no Brasil: uma jornada de lutas e superação

Por Janayna Sousa

A jornada da educação no Brasil é uma história de resiliência e superação. Ela reflete não só a batalha individual de milhões de brasileiros em busca do conhecimento, mas também as desigualdades persistentes que precisam ser endereçadas para um futuro mais equitativo. A aposentada Maria Costa, 76 anos, recorda com emoção suas batalhas em busca da educação. “Era tudo que eu queria na minha vida”, compartilha ela, mesmo tendo concluído apenas o 4º ano do ensino fundamental. 

Dona Maria compreende profundamente o valor da educação como elemento transformador. “A educação aplicada na escola, traz o diálogo e por meio dele podemos alcançar outros níveis de educação dentro de uma sociedade”, destaca Maria, enfatizando a importância do acompanhamento e incentivo parental, aspectos fundamentais para manter o interesse das crianças na escola.

Casada no início de sua juventude, dona Maria nunca conseguiu avançar nos seus estudos. Ao sair do interior para um local que pudesse buscar mais oportunidades para seus filhos, dona Maria se vê em uma situação que precisa cuidar da casa e explorar formas de conseguir dinheiro para investir na vida de suas crianças. 

De forma forte e resiliente, aplicou todos os seus princípios na criação de seus filhos dentro da escola e em casa. “Eu sempre levei meus filhos ao colégio, sempre acompanhando, porque a criança sem acompanhamento muitas vezes ele quer desistir”, afirma a aposentada. Para ela é essencial a presença dos pais na educação em casa, com um incentivo, incentivando os filhos a um futuro diferente do seu.

Com evidências dos frutos da educação na vida de uma pessoa, o filho da dona Maria, Josafá Costa Sousa, 48 anos, graduado em Engenharia Civil, relembra o papel fundamental de sua mãe e seu pai na construção de seu percurso educacional. “Ela sempre nos incentivou a estudar, a fazer o melhor uso nas escolas, isso foi internalizado em mim”, compartilha Josafá, demonstrando como os valores de educação, ética e responsabilidade foram enraizados desde cedo em sua vida.

 

(foto: arquivo pessoal). Josafá Costa e seu filho na sua festa de colação de grau

Josafá enfatiza que a educação não é apenas para alcançar objetivos individuais, mas também para oferecer melhores oportunidades às futuras gerações. Ele reforça constantemente com seus filhos a importância do estudo para garantir um futuro próspero. Formado em Engenharia Civil, enfatiza que a educação não é apenas para alcançar objetivos individuais, mas também para oferecer melhores oportunidades às futuras gerações. “Ver seu filho matriculado em Medicina, em uma instituição particular é uma vitória. Não apenas como um sucesso pessoal, mas como um reflexo do incentivo inicial da minha mãe para buscar a educação”, declara. Ele explica que serão ensinamentos levados para seus netos e por consequência para as futuras gerações, proporcionando um legado cultural. 

Desafios e conquistas na educação brasileira

Os dados revelam um panorama de avanços significativos na educação nacional. Entre 2019 e 2022, houve um aumento no percentual da população com ensino superior completo, alcançando 19,2%. No entanto, persistem diferenças alarmantes entre grupos raciais: apenas 47% dos pretos e pardos finalizaram o ensino médio, em comparação com 60,7% dos brancos, conforme dados da Agência Brasil.

A disparidade é notável também na faixa etária de 18 a 24 anos, onde 15,3% dos pretos e pardos estudam em universidades, enquanto entre os brancos esse número é de 29,2%.

Apesar dos avanços, as preocupações persistem. Em uma pesquisa realizada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), houve uma pequena queda no percentual de crianças de 4 a 5 anos frequentando a escola entre 2019 e 2022, além de uma proporção significativa de analfabetos entre os idosos, atingindo 16%. Os resultados indicam que as gerações mais novas estão tendo maior acesso à educação e sendo alfabetizadas ainda enquanto crianças.

Entretanto, é notável o progresso quando comparamos com os anos 1990, período em que altos índices de analfabetismo adulto e evasão escolar assolavam o país, reprovando-se pelo menos uma vez ao longo da trajetória escolar 91% dos alunos que concluíam os oito anos de escolaridade obrigatória.

As histórias de Maria e Josafá são testemunhos de como o acesso à educação transforma vidas e gera um ciclo virtuoso de conhecimento e oportunidades. O desafio agora é construir uma sociedade onde todos, independente de cor, gênero ou classe social, possam acessar o direito fundamental à educação e, assim, contribuir para um país mais justo e próspero para todos.