Pandemia impacta prática religiosa

Maria da Glória durante missa na paróquia de São Sebastião (Foto: Laurenice Alcantara).

Líderes religiosos apontam problemas na saúde mental dos fiéis em Estreito

Laurenice Alcantara

O crescimento no número de fiéis com desenvolvimento de problemas psicológicos preocupou padres e pastores em Estreito no período de isolamento. “Essas notícias desse coronavírus desenvolveram em muitas pessoas doenças psicológicas, como a síndrome do pânico e a ansiedade”, afirma Cícero de Jesus Cirqueira, 50 anos, padre da paróquia de São Sebastião.

Para Maria da Glória Alves, 63 anos, paroquiana de São Sebastião, encarar a pressão de ficar isolada, sem poder ir à igreja, foi aterrorizante. “Fiquei com medo, entrei em depressão profunda, quase que eu morro por medo, com medo de morrer”.

Esse sentimento de pânico também afligiu Maria do Espírito Santos, 83 anos, que buscou na reza diária do rosário forças para lidar com esse momento. “O vírus pegou em mim, em quase minha família toda e graças a Deus não teve nada, acredito que Deus ouviu as minhas orações”, disse confiante.

O uso das mídias sociais e dos serviços de streaming para transmitir as celebrações e cultos tornou-se ferramenta fundamental nesse período.  Os líderes religiosos se adaptaram a esses meios pouco utilizados antes.

Apesar da praticidade dessas ferramentas, lidar com a distância foi uma tarefa complicada, segundo Levy Bandeira, 42 anos, pastor da Assembleia de Deus Comadesma. “A experiência para nós foi difícil, porque o evangelho tem aquela questão de proximidade e de estar ali juntos, ou seja, as pessoas querem se abraçar, apertar as mãos, e lidar com a falta disso, foi muito difícil”, comenta.

De acordo com pastor Levy, na Assembleia de Deus as atividades presenciais retornaram de forma gradual a partir de 2 de agosto, obedecendo às orientações da Secretaria Municipal de Saúde de Estreito. Já na paróquia de São Sebastião, o retorno só aconteceu após reuniões com o bispo e o clero da diocese de Carolina, que organizou um documento com 105 orientações e critérios que passaram a vigorar a partir do dia 20 de setembro, explicou padre Cícero.

Ambos apontaram que foi difícil para os fiéis se adaptarem às novas regras, e com o passar do tempo houve um relaxamento das pessoas com as medidas de proteção.

Apesar do cenário incerto, os líderes religiosos já refletem sobre o cenário pós-pandemia. “Nossa perspectiva de futuro é de que vamos ter até mesmo nas pequenas cidades, a transmissão desses cultos com o objetivo de ocupar as mídias e alcançar mais pessoas”, conta Levy Bandeira. Para Cícero Cirqueira, é fundamental manter a esperança e seguir as orientações das autoridades para que não aconteça uma segunda onda de paralisação.

 

*Matéria produzida para a disciplina de Redação Jornalística, semestre 2020.1, com a orientação da profa. Yara Medeiros.