Carminha: A Força Silenciosa de uma Quebradeira de Coco-Babaçu

Foto: Jean Queiroz

Jean Queiroz

Maria do Carmo, conhecida carinhosamente como Carminha, de 46 anos, preta, esposa, mãe, forte e destemida, uma quebradeira de coco-babaçu que vivia em uma pequena comunidade quilombola Saco das Almas no coração do Maranhão. Passava seus dias a extrair o sustento da terra, enquanto sonhava em oferecer aos seus quatro filhos um futuro diferente do seu.

A rotina de Carminha começava antes mesmo do sol nascer. Enquanto todos da casa ainda dormiam, ela prepara o café, despedia-se dos filhos e do marido Paulo, apanha o machado no varal e adentrava a mapa em busca dos cocos, uma tarefa árdua que exigia habilidade e resistência. Seu corpo cansado e mãos calejadas eram testemunhas silenciosas de sua luta diária.

Apesar de sua força física, Carminha carregava no coração o pesos como o fato de ser semi-analfabeta, a vida não tinha sido justa com ela, não teve em seu caminho a oportunidade de estudar. No entanto, havia nela o desejo ardente era ver seus filhos escaparem do ciclo da pobreza através da educação.

No final do dia, entre os fios de luz fraca, no terreiro da casa, ela compartilhava histórias do mundo exterior, sonhando alto e inspirando esperança. “Tem que estudar, isso não é vida boa, quero ver vocês sofrendo aqui” falava aos filhos. As palavras que lhe faltavam no papel, ela compensava com a sabedoria de sua experiência.

Ao longo dos anos, os filhos de Carminha, inspirados pelo exemplo da mãe, também se dedicaram aos estudos. Cada um seguiu seus próprios sonhos, alcançando sonhos que antes pareciam inalcançáveis. “A riqueza, meu filho, é ter junto da família” conta ela, mostrando que a riquezas matérias nessa vida, mas sua estava em ter seus filhos.