Segunda ou terceira graduação: Profissionais retornam às universidades motivados por um sonho

Repórteres: Patrícia da Silva Araújo e Silvana Bezerra Costa

Pauteiro: Herika de Almeida Silva

Fotógrafos: Patrícia da Silva Araújo e Silvana Bezerra Costa

 

É comum encontrar pessoas dentro das universidades que estão fazendo a segunda ou a terceira graduação. Motivadas por um sonho ou pela necessidade de ter mais de uma profissão, elas voltam aos bancos universitários, já que ter mais de um curso superior facilita a conquista de um lugar ao sol. Imperatriz tem cinco faculdades e duas universidades que juntas oferecem aproximadamente 100 cursos. Embora não se tenha um controle que permita identificar quais alunos estão fazendo a segunda graduação, é facilmente possível identificá-los no ambiente acadêmico.

É o caso da professora Maria Goreth Soares, de 49 anos. Ela é formada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Vale Acaraú (UVA), em Teologia pela Faculdade Filadélfia Internacional (FATEFI), em Educação Física pela Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão (UNISULMA) e atualmente é graduanda de Direito pela Faculdade de Educação Santa Terezinha (FEST). O que a motivou a estudar variadas graduações foi a necessidade, a elevação profissional e financeira. “O fato de eu já ser formada em três cursos, de alguma forma me ajuda na conclusão de outro”, afirma Maria Goreth.

O mercado de trabalho exerce muita influência na escolha do curso, a realização de um sonho também é um fator primordial para esta decisão, já que muitas vezes são deixados em segundo plano na primeira escolha. Na primeira graduação Goreth escolheu por ser um curso que possibilitava um emprego, a segunda foi para se aperfeiçoar, melhorar o currículo e ampliar o conhecimento; a terceira graduação foi escolhida pela oportunidade de trabalhar com algo prazeroso, como o esporte. “A quarta graduação veio com maturidade, é a realização de um sonho”, comemora Maria Goreth.

Gorete: Três cursos concluídos até poder se inscrever em Direito

Outra pessoa nesta mesma situação é a estudante de Pedagogia Cecilma Miranda de Sousa Teixeira, de 65 anos. Formada em Enfermagem pela UFMA e Fisioterapia pela Faculdade Reunidas das ASCE (FRASCE – RJ), ela tem três especializações, mestrado em Saúde e Ambiente e doutorado em Ciências da Educação. Atualmente é professora no curso de Medicina da UFMA e também estudante de Pedagogia. Segundo conta, escolheu Enfermagem por “gostar de cuidar das pessoas”, e assim seguiu para a segunda graduação, Fisioterapia, que ela cursou para se aperfeiçoar. Atualmente está no último período de Pedagogia, que não tem vínculo com as duas primeiras, mas foi escolhido para que, como ela diz, possa testar os seus limites. Ela comenta que gosta de estudar, buscar novos desafios e aprender coisas novas.  “Prestígio é consequência do profissional que você é no mercado, independentemente do curso que venha a fazer”, afirma Cecilma.

Cecilma , de 65 anos: duas faculdades, um mestrado e um doutorado. Hoje ela ainda é estudante de Pedagogia

Mas a segunda graduação não é exclusividade das mulheres, o professor Victor Aurélio Batista Pires de Sousa, de 28 anos, é formado em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa, Inglesa e respectivas Literaturas, pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA); em Comunicação Social Habilitação em Jornalismo pela UFMA e atualmente é estudante de Direito.

Victor nunca ficou restrito a um único curso e sempre procurou ampliar o campo de atuação e as oportunidades de trabalho. Ele diz que além de todas as facilidades mercadológicas, a decisão de seguir na universidade levou em consideração a realização pessoal, e por mais que um dos cursos proporcionasse prestígio e enriquecimento cultural em diferentes linhas, nada se compara a riqueza oriunda da Educação, o contato com os alunos, a mediação do conhecimento e a colaboração no processo de aprendizagem são realmente indescritíveis. “Não posso negar que uma segurança financeira ou ainda o amplo mercado não seja um diferencial, mas a filosofia que sigo é que ao se fazer o que gosta não se trabalha nenhum dia, se diverte. Então, prefiro ser feliz”, declara Victor Aurélio.

A opinião dos Professores

Embora pareça inusitado que muitas pessoas façam mais de uma graduação, para os professores do Ensino Superior essa é uma prática corriqueira, pois entre seus alunos existem muitos que já são formados.

É o que testemunha o professor de geografia da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul) José Alencar Viana de Araújo, de 33 anos. Ele diz que existe diferença entre ministrar aulas para pessoas que estão na primeira graduação e as que estão na segunda. Segundo ele, aqueles que já possuem uma graduação são mais responsáveis e participativos, geralmente trabalham, realizam o que é proposto. “É mais fácil e produtivo dar aula para quem já tem uma graduação”, afirma José Alencar.

Inclusive ele mesmo está cursando outra graduação (Enfermagem) para aumentar o leque de opções no mercado de trabalho e complementar os estudos, unindo duas ciências diferentes, mas que não são isoladas em si mesmas.

Quem também concorda que o aluno de segunda graduação é mais dedicado é o professor de educação física da Unidade de Ensino Superior do Maranhão (Unisulma) Carlos Airton Moraes Sanches, de 46 anos. Ele acredita que o embasamento teórico dos que possuem uma graduação contribui para o melhor entendimento dos conteúdos e facilita o andamento das atividades. A metodologia utilizada pelo professor é o diferencial para o melhor aproveitamento destes dois grupos, tendo em vista que uma turma geralmente é composta por alguns que tem uma graduação e outros que estão cursando a primeira.

Alencar: professor e estudante ao mesmo tempo

Como conseguir uma vaga na universidade

Conforme o diretor do campus centro da UFMA em Imperatriz, Daniel Duarte Costa, de 35 anos, são ofertadas pelo menos 660 vagas todos os anos para preencher os nove cursos de sua grade. E de acordo com a diretora da Faculdade Pitágoras de Imperatriz Valéria Martins, a quantidade de alunos que ingressam por ano é em média 2 mil a 2,5 mil.

Os interessados em ingressar na UFMA devem fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que este ano, acontece nos dias quatro e onze de novembro de 2018 ou prestar vestibular para ingressar na Uemasul, os interessados devem acompanhar o edital, as regras, lista de cursos, quantidade de vagas, data de inscrição e provas. As faculdades particulares também oferecem bolsas como o Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para Todos (Prouni) para os participantes do Enem. As vagas são ofertadas para os concorrentes com maior pontuação.

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