Por: Laécio Rodrigues
No coração de Imperatriz, onde a Avenida Getúlio Vargas pulsa com a correria do comércio popular, a luta diária pela sobrevivência e pela independência tem muitos rostos femininos. O Calçadão se tornou o principal campo de batalha e de sucesso para mulheres que, sem o capital para alugar um ponto comercial, transformam carrinhos e tabuleiros em negócios próprios e no sustento da família.
O fenômeno reflete a realidade do Maranhão, onde cerca de 53% dos lares são chefiados por mulheres (IBGE, 2022) — muitas delas buscam no empreendedorismo de rua a única porta de entrada para o mercado.
A garra feminina
A jornada de Maria do Socorro Souza Silva, é o retrato da determinação, o dia já começa muito cedo, os lanches chegam prontos e ela foca no preparo dos sucos e cafés, às 8h30 já começa a vender e essa jornada dura até às 18h30. Ela se considera uma mulher empreendedora e, para ela, é uma satisfação em sempre levar a renda para casa, “toda mulher sabendo investir e trabalhar, ganha muito mais” afirma.
Dona Zilda Ferreira Silva, investiu também em lanches rápidos e apostou no Calçadão como um bom local de vendas, há três anos no local, chega por volta das 8h00 para fritar os pastéis na hora. Zilda conta que o negócio nasceu da necessidade depois da pandemia “naquela época tudo era muito difícil, a pandemia trouxe muita necessidade, comecei vendendo em casa, até decidir montar meu negócio no carrinho e vir pra cá.” conta.

A dificuldade do local
O maior obstáculo, no entanto, é o conflito com a formalidade. Maria e Zilda dizem ter uma autorização prévia da nova gestão do prefeito Rildo Amaral, já que na gestão anterior havia sempre o risco diário de serem expulsos do local “Quando era o prefeito Assis Ramos, eles queriam nos expulsar daqui”, relembra Maria do Socorro.
Há também os lojistas que reclamam por ficarem na frente de suas lojas, mas ironicamente, são os que mais consomem em seus carrinhos de comida. Devido a isso, há um elo entre essas duas empreendedoras, o sonho de deixar as ruas e conseguirem um ponto fixo, porém com os preços dos aluguéis, dificulta a concretização desse sonho.
Empreendedorismo feminino
As histórias de Maria e Zilda refletem um dado estatístico potente: o setor de comércio é o principal escolhido pelas empreendedoras maranhenses. Dados de novembro de 2024 da receita federal e do Sebrae indicam que mais de 41% dos negócios ativos no Maranhão é comandado por mulheres.
A alimentação de rua no Calçadão, portanto, é base da economia dessas famílias, sendo um caminho rápido para gerar renda, custear estudos e garantir o pão na mesa, transformando o desafio da rua em uma força de desenvolvimento pessoal.