Pandemia e desemprego: uma renda alternativa na crise

Por Lucas Calixto

Início de um novo ano, já próximo ao feriado de carnaval e ninguém esperava pelo impacto do Covid-19 pelo mundo. Impacto esse que deixou milhares de pessoas desempregas e assustadas com o avanço do vírus, que até então era desconhecido pela comunidade cientifica.

Era final de maio quando Beatriz Silva, 29, que trabalhava como atendente em uma grande rede de loja varejista no centro de Imperatriz, se viu em apuros quando recebeu o aviso de demissão pelo RH da empresa. Como grande parte dos assalariados que tinha seus empregos, Beatriz foi diretamente afetada no auge da pandemia de 2020.

Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), realizada durante o ano de 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde foram pesquisados os reflexos da pandemia no mercado de trabalho, foi verificado que cerca de 4,1 milhões de pessoas perderam seus empregos entre maio e setembro.

Após ser demitida pela empresa, Beatriz teve que se reinventar. Mãe solteira de dois filhos menores, morando de aluguel e como um novo emprego não era uma opção. Usou parte dos direitos trabalhistas recebidos da demissão para abrir um pequeno negócio online. Optou pelo mercado de joias e semi-joias, onde a margem de lucro é cerca de 100 a 200% do valor investido, segundo a mesma.

“Eu me vi sem chão no momento quando fui demitida, com contas para pagar, aluguel e meus filho. Busquei uma forma de investir parte do dinheiro que recebi no mercado de joias, onde é muito lucrativo para mexer” diz.

Com a ajuda do programa auxílio emergencial liberado pelo governo federal em abril, Beatriz pode pagar as contas e ainda investir nas joias para revender. Assim como ele, cerca de 66 milhões de pessoas receberam o auxílio emergencial desde abril de 2020, segundo dados do governo federal.

A necessidade que virou renda

Muitos desempregados por conta da crise, viram oportunidades de abrirem seus negócios. Como a necessidade do uso de máscaras para se proteger do vírus, esse acessório passou a ser essencial, sendo usado diariamente na vida de todas as pessoas, essa demanda abriu uma janela para quem foi demitido ou que precisa de uma renda extra.

Thomas Sobreiro, 22, trabalhava como vendedor em uma grande loja de eletrodomésticos no centro de Imperatriz, a empresa teve que reduzir parte dos funcionários e sua demissão acabou acontecendo. Thomas, viu a necessidade de uso de máscaras para ir em locais públicos e para uso pessoal, a partir daí, teve a ideia de fabricar para vender.

Homem gay, com faculdade para pagar e outros boletos, após ser demitido, Thomas comprou uma máquina de costura e começou a fabricar máscaras. Logo abriu seu perfil comercial e começou a postar fotos das suas peças.

“Sim, perdi o meu emprego logo após o anúncio da pandemia, e fiquei parado em casa até o final do ano, no início criei uma máscara porque a mãe tinha me pedido pra uso nosso mesmo, (fiz uma bem feia kkk), daí surgiu a ideia de vender máscaras. Eu sempre tive o sonho de fazer minhas próprias roupas e trabalhar com moda, então peguei uma máquina de costura e comecei”, relata.

Durante a pandemia, a taxa nacional de microempreendedores formalizados abrindo suas primeiras empresas foram de 14,8%, segundo dados do Portal do Empreendedor, do governo federal. A necessidade empurrou parte da população para abrir suas próprias empresas e inovar no cenário que a pandemia trouxe para o mundo. 

Esses dados, mostram apenas as empresas formalizadas. Fora desse cenário, existem vários negócios informais, como o de Beatriz e Thomas, que vendem seus produtos online, apenas com perfis comerciais em redes sociais, onde fazem entregas dos seus próprios produtos nas casas dos clientes. O que está sendo uma saída para muitas pessoas, enquanto a crise continua.