Local tem esse nome pois já chegou a ser repleto de coqueiros de babaçu
Gabriel Pereira
O bairro Coco Grande, situado às margens da rodovia BR-010, popularmente conhecida como Belém-Brasília, tem uma história curiosa por trás de seu nome. Durante a década de 1960, quando a abertura da estrada teve início, a região, que vai da entrada da avenida JK até a Polícia Rodoviária Federal era repleta de coqueiros de babaçu.

Maria Izabel Pereira, 77 anos, chegou a Imperatriz em 1953 e lembra-se de todo o processo de construção da BR-010, desde a abertura das trilhas na densa mata até a sua inauguração. Segundo Maria Izabel, a estrada permaneceu em terra batida por vários anos e só cerca de uma década depois foi asfaltada. Durante esse período, ao passar pelo bairro Coco Grande, ela se deparava com uma vastidão de coqueiros e frequentemente recolhia cocos para seus filhos. Desde a década de 1990, Maria Izabel reside no bairro Coco Grande, próximo ao antigo Posto Esplanada, que pertencia ao político Davi Alves Silva.

Izabel conta que estava presente na inauguração da rodovia. “Aconteceu uma grande festa com os moradores da cidade, trabalhadores que construíram a obra. Até o presidente [Juscelino Kubitschek] e sua comitiva estavam presentes”. Maria ainda conta que a festa foi feita em um grande galpão com abundância em comida, e, ao final, a população carregou até as panelas.
Lembranças e Esperança
Outro morador ilustre é Arlindo Caetano, que chegou a Imperatriz em 1962, vindo da cidade de Dom Pedro. Arlindo trabalhou na construção da BR-010, no trecho entre Estreito e Paragominas, desempenhando o papel de operador de máquinas pesadas. Após a conclusão da estrada, ele também se envolveu por algum tempo na construção da Transamazônica. Embora resida atualmente em Tocantinópolis, no estado do Tocantins, Arlindo sempre retorna à Imperatriz e sente-se orgulhoso por ter participado da construção de uma das rodovias mais importantes do Brasil.
Rudiney Silva do Sacramento, 51 anos, é um morador que acompanhou de perto os desafios e o desenvolvimento da BR-010 desde a infância. Embora tenha nascido no município de Paulo Ramos, ele frequentemente visitava a casa de sua avó em Imperatriz e, aos oito anos, decidiu estabelecer-se definitivamente na cidade.
Rudiney presenciou a época em que a BR-010 era uma estrada de terra batida e, até hoje, vive às margens dessa famosa rodovia. Ele possui uma empresa de manutenção e reparação de caminhões e, por isso, tem um conhecimento profundo dos problemas e das transformações ao longo dos anos. Rudiney sente-se privilegiado por trabalhar e utilizar a conhecida rodovia BR-010.
Os três entrevistados alimentam a esperança de que um dia a obra de duplicação da BR-010, no perímetro urbano de Imperatriz, alcance o bairro Coco Grande. Embora a obra tenha sido iniciada quase uma década atrás, ela tem funcionado mais como um palco político, arrastando-se por anos. Entre as diversas interrupções, a empresa responsável e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) afirmam constantemente que as paralisações ocorrem devido à falta de repasses.
A comunidade de Coco Grande, assim como os moradores de Imperatriz, aguarda ansiosamente pela conclusão dessa importante obra de duplicação, que trará benefícios não apenas para o bairro, mas para toda a região. Enquanto isso, a rodovia BR-010 continua a ser uma importante rota de ligação entre os estados do Pará e do Distrito Federal, representando um elemento fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país.
Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística, chamado Meu Canto Também é Notícia. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar histórias jornalísticas em seus próprios bairros. Essa é a primeira publicação oficial de todas, todos e todes.