“Jiu-Jitsu nas Escolas” atende 120 alunos dos colégios municipais de Imperatriz

Repórteres: Lícia Gomes e Luana Araújo

Pauteira: Brenda Delmira

Fotógrafas: Lícia Gomes e Luana Araújo

 

O projeto social “Jiu–Jitsu nas Escolas”, que tem como principal objetivo ensinar o esporte às crianças de escolas públicas abrange cerca de 120 alunos do Ensino Fundamental da rede municipal em Imperatriz. Atualmente existem dois polos em funcionamento na cidade, um localizado no Complexo Barjonas Lobão (antigo Fiqueninho), e o outro no Recanto Universitário, alcançando um total de dez escolas, sendo cinco em cada polo.

A iniciativa é da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude (Sedel), que desenvolveu este programa em outubro de 2017 com o intuito de levar disciplina, cidadania e respeito para os alunos que possuem baixo rendimento escolar. Além disso, a Sedel está com um novo projeto, que tem como objetivo acompanhar o cotidiano dos alunos e incluir no cronograma palestras na área de segurança e visitação nas residências desses adolescentes.

Atualmente, dos 120 alunos participantes, todos têm entre 12 e 15 anos. A única exceção são dois alunos mais jovens, de apenas seis anos, que pela dedicação demonstrada foram incluídos na turma. Mas, de acordo com os professores, recomenda-se que a prática desse esporte tenha início a partir dos 12 anos, pois pode causar lesões corporais e estrangulamentos, por depender muito do esforço físico.

Além da saúde física o esporte também ajuda nas mudanças de comportamento. “A questão do comportamento é a primeira que muda, pois eles aprendem a respeitar. A base do jiu-jitsu é a disciplina e o respeito”, diz o professor Romilson Pereira.

Pereira e a atleta Eduarda: esporte mudou comportamento

Ele, inclusive, comenta que o projeto tem ajudado a formar jovens mais pacientes e concentrados.

“Conhecemos crianças rebeldes, pouca educação, pouco interesse no esporte e na escola em relação ao comportamento e as notas, mas já estamos conseguindo mudar, não chegamos onde queremos, porém estamos conseguindo”, afirmou o instrutor Edilson dos Santos. Inclusive se o rendimento estiver baixo o aluno levará uma advertência, porém, a partir da terceira advertência o aluno será expulso do projeto. Até o momento não houve nenhum caso de expulsão, pois os alunos apresentam um bom comportamento durante as aulas.

Os professores Pereira e Santos perceberam que além das mudanças no comportamento dos alunos, houve também uma regularidade nas notas e nas frequências escolares. “Minhas notas melhoraram e recebi elogios da professora Marli em relação ao meu comportamento”, diz Marília dos Reis, 13 anos, participante do projeto.

 

Histórias de Superação

O projeto já conta com alguns alunos medalhistas que possuem histórias de superação. Um exemplo é a estudante Carla Eduarda, de 15 anos, que antes de começar a praticar o jiu-jitsu fazia capoeira, mas infelizmente teve que parar, pois estava acima do peso. No ano de 2017 ela descobriu sobre o projeto por meio da coordenação escolar e acabou se interessando, fez sua inscrição e foi selecionada para participar. “No começo eu pensava que iria desistir igual eu fiz com a capoeira, mas até hoje estou aqui, graças a Deus e eu gosto muito”, diz Carla, que após entrar no projeto ganhou um campeonato municipal e outro estadual, sendo estes Jogos Escolares Imperatrizenses (Jeis) e Jogos Escolares Maranhenses (Jems).

Outros alunos relataram que o jiu-jitsu influenciou na mudança de comportamento, um exemplo disso é a Marília sobrenome. “Antes de entrar no projeto minha mãe xingava muito. Aprendi com ela. Quando vinha pras aulas eu também xingava os meninos, porque eles ‘caçavam conversa’, por isso o professor brigava comigo. Fui pra casa e falei pra minha mãe que o professor tinha pedido pra gente parar de xingar dentro de casa”, relatou ela.

Meninas também se animam com o projeto

Alguns contam que mesmo gostando do esporte já pensaram em desistir, como o aluno Josué Alves, de 14 anos.  “Já pensei em desistir, mas, meu amigo do outro polo que já tem mais tempo de treino que eu, disse que é assim mesmo, tem dias que são ruins e outros que são bons, e agora não desisto mais”, contou.

Além disso, o esporte também influenciou no comportamento dentro de casa. “Meu irmão reconheceu que passei a me comunicar mais com ele, falar dos assuntos da escola e mostrar meu caderno de atividades depois que entrei no projeto”, afirmou ele.

Como Acontece?

As aulas acontecem duas vezes por semana e em dois horários, nas terças e quintas- feiras, nas quais no período da manhã ocorre das 09 às 10 horas e à tarde das 16 às 17 horas. A Prefeitura Municipal de Imperatriz é a responsável por disponibilizar todo o material que é utilizado durante os treinos. Os alunos recebem um kit completo no momento que fazem a matrícula, contendo faixa, kimono e camiseta. O objetivo do projeto é criar mais polos até o final de 2019 para conseguir alcançar um maior número de crianças em bairros da periferia da cidade que ainda não têm oportunidade de participar do esporte.