Hadriel Rodrigues: Organizador de disputa de Rap em Imperatriz conta detalhes dessa cultura de rua

Repórteres: Alisson Coelho, Barbara Gomes e Luiza Amanda

 

A Batalha do Império foi reinventada em 13 de outubro de 2022 por um grupo de jovens MCs. É uma disputa de rap que serve como empoderamento da cultura de rua. Por ela ser bastante inclusiva, há um grande impacto positivo na vida de quem participa, porque além da competição é um espaço de aprendizado onde todos compartilham vivências e conhecimentos.

Possui como organizador Hadriel Rodrigues que trabalha na sua mixtape e como vendedor. Nas rimas é conhecido como Rodrigues e musicalmente utiliza o codinome Rodriflow. O Rapper descobriu que tinha o dom para fazer Rima ainda aos 13 anos de idade, quando participou de uma disputa de rimas sem saber muito que fazer, mas queria estar ali para se encaixar em algum grupo, e se sentiu acolhido com nunca tinha sido na escola, igreja ou qualquer outro órgão. O talento veio com a experiência e o sentimento de fazer parte do grupo de MC’s.

As disputas, acontecem ao ar livre na Beira-Rio, toda segunda-feira. O organizador Hadriel e os outros MC’s, que ao todo somam de 8 a 16 participantes, chamam a atenção de quem passa por lá. Seu público são principalmente os jovens, mas também, é bastante diverso, pois desperta o interesse de muitas pessoas que vão ao local por lazer e se aproximam para assistir. Além da Beira-Rio, a Batalha do Império, também já se apresentou em escolas e outros eventos, somando uma plateia de mais de 100 pessoas.

A Batalha do Império foi renascida da Marola, possui os mesmos rappers, o lugar de treinos e competições ainda é realizado na Beira-Rio, e tem objetivos iguais ao da batalha antiga. Só mudou a organização, porque a anterior se ocupou com outras obrigações. Eles precisavam treinar por conta de disputas foras da cidade, por isso indicaram Rodrigues para ordenar uma nova. Na Marola tinha líderes fixos, já na do Império ele divide as responsabilidades para todos, e assim dar liberdade para cada integrante pensar em formatos de batalhas.

Nessa entrevista, Hadriel Rodrigues comenta sobre o cenário cultural de Imperatriz e suas experiências.

 

 

IMPERATRIZ NOTÍCIAS: Qual foi a mudança da Batalha da Marola para a Batalha do Império?

Hadriel Rodrigues: É basicamente a mesma coisa, são os mesmos Mcs, ainda acontece no mesmo lugar, só mudou a organização. A única diferença, é que na Marola tinham organizadores fixos, e a da Império gosto de dividir a responsabilidade para todos. Pois nem sempre vou estar no meu 100% para ficar na frente, então dou liberdade para os integrantes pensarem em formatos de batalha, e puxar a frente.

IN: Quais as batalhas e MCs de rap a Batalha do Império se inspira?

HR: A gente precisou de inspiração há uns 5 anos atrás, das batalhas mais antigas como batalha do museu, Distrito Federal, e duelo de MCs, Belo Horizonte, mas hoje em dia já temos maior confiança para fazer do nosso jeito. O formato das batalhas são o mesmo do duelo nacional, que é o mesmo para todo o Brasil, mas as vezes damos uma mudada. Eu gostava muito do Mc Alves quando comecei, hoje minha inspiração sou eu mesmo, e os MCs locais. Na música, minha inspiração é o Don L.

MCs da cidade: “Alguns trouxeram títulos como eu, Takezo e Rds na Batalha da ponte (Pará), Museu (Distrito Federal) e Duelo nacional (Minas Gerais)”

IN: Já teve algum Mc da batalha do Império que já disputou fora do Maranhão?

HR: Muitos MCs, alguns trouxeram títulos como eu, Takezo e Rds na Batalha da ponte (Pará), Museu (Distrito Federal) e Duelo nacional (Minas Gerais). O Mc Takezo foi o único a participar do duelo nacional, aconteceu em 2018, não trouxe o título, mas a participação aumentou muito a confiança dos MCs da Batalha do Império.

IN: Vocês já chegaram a cobrar ajuda financeira aos órgãos públicos responsáveis pela cultura, para as despesas que a Batalha do Império tem?

HR: Às vezes precisamos viajar, comprar caixas novas ou planejar um evento maior. Os gastos financeiros são nossos, dos próprios Mcs. Mas, nós já aparecemos em uma matéria do G1 falando sobre isso. Um jornalista nos encontrou rimando dentro de um ônibus em São Luís, por causa da falta de patrocínio daqui. A gente até precisa dessas aventuras de vez em quando. Mas nada mudou de fato, os órgãos até procuraram nós na época, mas não houve nenhuma mudança significativa.

IN: Imperatriz é uma cidade onde há boas oportunidades para rappers?

HR: No Nordeste temos uma desvantagem, pois a grande mídia foca no eixo desde sempre, e eu não coloco culpa na sociedade em si, mas a tendência é que até os consumidores de rap tenham acesso maior aos trabalhos de artistas de São Paulo. Por exemplo, Imperatriz sofre com isso, mas eu acredito que temos a capacidade para criar essas oportunidades como vem sendo provado.

IN: O que você acha das políticas públicas voltadas à área da cultura?

HR: Acredito que deveriam ser trabalhadas melhor, como por exemplo, marcar reuniões com esses movimentos de rua e promover eventos maiores para a cidade com artistas locais, para assim, fortalecer a cultura local.

IN: Você acha que o Rap ainda é um ritmo musical marginalizado na sociedade?

HR: Tenho certeza, também pela vivência a gente já passou por situações bem problemáticas, mas a luta é essa. A sociedade tende a marginalizar o que não conhece, mas às vezes abrem sim os olhos quando enxergam o significado e o que é de fato. Mas muita gente mesmo sabendo como funciona marginaliza.

IN: Você já sofreu algum tipo de preconceito pelo que faz?

HR: Sim, já até apanhei dá polícia, as vezes acontece, ser tratado como bandido em pelo menos 30% dos comentários quando nossos vídeos aparecem em páginas grandes de Imperatriz.

IN: Como lidam com esses tipos de comentários?

HR: Ignorando e fazendo nosso trabalho, pelo menos para mim, é assim, não me importo com o que pensam, eu faço minha parte e dou 100% para entregar da melhor forma.

IN: Você acredita que as suas rimas podem despertar um pensamento crítico nas pessoas que as escutam?

HR: Acredito que sim, acho importante viver o que falo nas rimas, então além das rimas nas batalhas ou nas músicas, também procurei aprender na rua e me doar também em movimentos de luta. Então de certa forma, as rimas despertam até em mim um pensamento crítico.

BATE BOLA

IN: Um sonho?

HR: Viajar ao mundo

IN: Uma inspiração?

HR: Don L

IN: Uma música?

HR: Rolê no Olimpo

IN: Uma cor?

HR: Vermelho

IN: Um filme?

HR: Vingadores ultimato

IN: Um hobby?

HR: Tênis de mesa