Ex-presidente do Cavalo de Aço fala sobre a recente crise financeira do clube, após péssima temporada em 2016

Texto e fotos de Guilherme Miranda

O empresário Gregório Sousa Neto recentemente renunciou ao título de presidente do clube de futebol de Imperatriz, o Cavalo de Aço. Torcedor do time desde criança, Gregório é colaborador financeiro há mais de 10 anos e, recentemente, foi indicado pelo conselho deliberativo da (SID) Sociedade Imperatriz de Desportos para presidir o clube após a renúncia de Alex Santos, presidente que deixou o cargo antes da temporada acabar e que é acusado por torcedores de má administração e desvio de verbas. Após assumir a administração por apenas 32 dias, o ex-presidente Gregório Neto esclarece polêmicas financeiras envolvendo o clube e fala sobre a falta de transparência e dos péssimos resultados do time nos campeonatos que disputou em 2016.

"O Clube hoje tem uma dívida de praticamente R$ 600 mil"
“O Clube hoje tem uma dívida de praticamente R$ 600 mil”

 

Imperatriz Notícias: Por que o ex-presidente (Alex Santos) saiu do cargo?

Gregório Neto: Ele alegou o estado de saúde do pai dele, que estava enfermo, e que precisava do apoio dele, como filho. Aí, houve essa renúncia, entregou a função, o seu cargo de presidente.

 

IN: O senhor viu uma má administração desse ex-presidente?   

GN: Infelizmente houve, foi uma má administração. Eu quero que as pessoas entendam, porque muito se ouve que ele se beneficiou, que houve desvio de dinheiro, eu não creio dessa maneira, entendeu? Eu não posso dizer que houve isso. Agora, assim, infelizmente, a oferta que foi feita para os atletas estava fora da nossa realidade.

 

IN: Quando o senhor assumiu, qual era a situação financeira do clube?

GN: Ele estava em débito com os atletas, devia-se a folha de março e abril. Essa folha estava em torno de R$ 115 mil. Eu tinha R$ 93 em caixa (risos). Nesse período de 30 dias, nós conseguimos arrecadar R$ 119 mil. Nós buscamos junto aos torcedores e empresários, buscamos patrocínio de empresas, e conseguimos através dos dois jogos que houve em Imperatriz. “Imperatriz e Arairós” e “Imperatriz e Sampaio Correia”. Nós conseguimos esse valor aí de R$ 119 mil.

 

IN: Esse dinheiro foi usado pra pagar os salários?

GN: Esse dinheiro nós pagamos parte dos salários dos jogadores, pagamos metade de uma folha ainda, do mês de março, foi concluído. Pagamos alimentação e o transporte dos jogos.

 

IN: Qual a atual situação financeira do clube?

GN: A real situação do clube, hoje, inclusive, com esse pessoal que estavam no elenco de 2016, tinha alguns atletas com salários atrasados de 2015, 2014, e do próprio exercício de 2016. Alguns deles negociaram com o presidente eleito e, infelizmente, continua com esse débito com os atletas. O Clube hoje tem uma dívida de praticamente R$ 600 mil, com atletas que passaram no clube na década de 90, 2000, 2005. Teve alguns jogadores que se reuniram, digamos que oito ou dez atletas, venderam seus salários pra uma pessoa em Imperatriz. Essa pessoa comprou a dívida e ele recebe. Ele se beneficiou, digamos assim. Essa dívida vem rolando na Justiça, e automaticamente ela vai aumentando dia após dia. Por isso, quando recebemos jogos em Imperatriz, por exemplo, semi-final de campeonato, a final de um campeonato, vem uma ordem judicial e a bilheteria é bloqueada. É bloqueada, porque esse cidadão, entra com o direito que ele tem, que o clube deve, e se apossa da renda.

 

 IN: Quem é esse cidadão (detentor da dívida) ?

GN: (Risos) Eu não a conheço, não sei o nome. Mora em Imperatriz.

"Agora, assim, infelizmente, a oferta que foi feita para os atletas estava fora da nossa realidade"
“Agora, assim, infelizmente, a oferta que foi feita para os atletas estava fora da nossa realidade”

IN: Além dos salários, quais outros problemas o clube enfrenta?

GN: A situação hoje é financeira mesmo. É salário, porque o time infelizmente não tem uma  base, não tem uma estrutura.  Por exemplo, não tem uma escolinha de futebol para formar profissionais na própria cidade e, por não haver essa estrutura, termina padecendo, buscando atletas lá fora, muitas vezes olha um vídeo e contrata só por esse vídeo. Termina que o atleta não se encaixa com o futebol da nossa região, do Nordeste.

IN: Por que o senhor renunciou ao cargo, poderia ter ficado até 2018, por que escolheu não ficar?

GN: O meu compromisso com o Cavalo de Aço era uma gestão no final de um campeonato por 30 dias. Nesse momento que foi indicado pra essa gestão, era até 2018, a nossa ideologia não bateu.

 

IN: O que o senhor fez de diferente na sua administração?

GN: O compromisso que eu tinha com o torcedor, com os empresários, com as empresa que nos ajudaram, que estiveram conosco nesses 32 dias, era de transparência, de mostrar pra eles onde o dinheiro foi investido. Nós fizemos nossa prestação de contas junto à Câmara de Vereadores, numa assembleia no dia 17 de maio. Falei com o presidente José Carlos Soares, ele concedeu um espaço no dia de uma assembleia e ali foi feita minha prestação de contas junto à comunidade. O que as pessoas esperam é isso, essa transparência. Porque o nome da instituição leva SID (Sociedade Imperatriz de Desportos) e os torcedores não são informados do que acontece dentro do Cavalo de Aço e quem é mais penalizado é o torcedor, é a sociedade.

 

IN: O senhor gostaria de falar mais alguma coisa para os torcedores do Cavalo de Aço?

GN: Que eles se envolvam mais. Tentem buscar mais o conhecimento da instituição, estar mais próximo, cobrando mais de quem esta lá no conselho, na presidência, diretor de futebol, buscando saber qual é a realidade do clube que ele torce.