Entrevista: Sandro Ricardo promete deixar bares abertos até 5 da manhã para valorizar classe artística

O professor da rede pública estadual Sandro Ricardo (44) concorre ao cargo de prefeito pela segunda vez pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em sua primeira tentativa de pleito conquistou 521 votos e, desta vez, segue com a mesma estratégia economicamente modesta em comparação a alguns de seus concorrentes. Sua campanha não possui assessoria de imprensa, nem conta com investimentos da iniciativa privada. “A gente não quer receber recursos de empresas para mais tarde nos vendermos [a eles]”, explica. Dessa forma, com recursos limitados Sandro aposta nas redes sociais para alcançar o maior número de pessoas, além do contato porta a porta. “Minha campanha será feita em cima de uma moto, três bicicletas e uma cadeira de rodas”, reitera.

Em entrevista concedida ao projeto  “ELEIÇÕES 2020 – Jornalismo da UFMA pergunta”, Sandro Ricardo esclarece de que forma seu posicionamento socialista pode ser uma alternativa viável para sanar os problemas do município. O candidato analisa as recentes movimentações populares da cidade tais como o Movimento Pela Água em 2015, os protestos contra o aumento da tarifa de ônibus em 2013, e os protestos contra o corte de recursos da educação em 2016 como “focos germinação de poder do popular”, e afirma que seu plano de governo tem como objetivo chamar a população para fazer parte de sua gestão.

Com formação na área de Computação e Filosofia, Sandro Ricardo também comenta na entrevista a seguir sobre o atual cenário de polarização política entre Direita e Esquerda, os efeitos do governo Bolsonaro em Imperatriz, e apresenta suas propostas para a saúde, meio ambiente, cultura, infraestrutura, turismo e demais demandas caso seja eleito.

 

“As áreas de acesso às pistas de ciclismo, não pode ser feito como na Bernardo Sayão, onde começar em qualquer lugar e termina em lugar nenhum, a gente tem que fazer a conexão”

 

 

Imperatriz Notícias: Sandro Ricardo de Oliveira Sousa, 44 anos, casado, imperatrizense. Já trabalhou como enfermeiro, camelô e comerciário, formado em computação e filosofia, atualmente exerce a profissão de professor na rede estadual de ensino. Sandro Ricardo é candidato pelo Partido Comunista Brasileiro. Por que o senhor escolheu ser prefeito de Imperatriz?

 

Candidato Sandro Ricardo: A gente escolheu ser candidato por conta de uma plataforma, que chamamos de plataforma do poder popular. A nossa plataforma de governo tem como objetivo a implantação de um poder popular, o povo unido e organizado, em seus locais de trabalho, de estudo, de moradia e de diversão também, esse é o nosso principal objetivo: organizar o povo humilde da periferia, trabalhadores, juventude, estudantes, tanto no campo quanto na cidade em prol de juntos encontrarmos soluções para os mais diversos problemas que temos no seio da sociedade, inclusive aqui em Imperatriz.

 

IN: De acordo com o Sistema Nacional de informação sobre saneamento, o município de Imperatriz não possui política municipal de saneamento básico e nem plano municipal de saneamento básico. Como o senhor pretende democratizar o acesso a política de saneamento de qualidade na cidade de Imperatriz? 

 

SR: Aqui em Imperatriz nós tivemos um movimento pela água, nele vários estudantes nos ajudaram, na época o prefeito de Imperatriz, que agora é candidato novamente, estava tentando privatizar os serviços de água e o serviço de saneamento, tentou aprovar um plano que não condizia com a cidade, nós claro, fomos contra esse plano de saneamento e somos a favor da universalização do saneamento básico. Na época o movimento da água foi tão forte que conseguimos barrar essa privatização. Nós vamos lutar por tarifas justas e acessíveis para a população, compromisso com a institucionalização da tarifa social da família de baixa renda, principalmente inscritos no bolsa família, cadastro único e principalmente pessoas atendidas pelo Benefício de Prestação Continuada, investir recursos públicos municipais como ferramenta básica é necessário inclusive na zona rural.

 

IN: A avenida Bernardo Sayão é uma das avenidas mais movimentadas da cidade, ganhou em 2019 a adição de uma ciclovia que facilitou a locomoção no trecho, apesar disso, a maior parte da cidade os ciclista e pedestres se arriscam ao competir por espaço nas ruas com automóveis. Na sua gestão, quais medidas o senhor implementaria para melhor o fluxo de pedestres e ciclista na região do centro de Imperatriz?

 

SR: Nós temos um grave problema nas calçadas de Imperatriz, uma alta outra baixa, isso prejudica os anciãos, pessoas com deficiência, cadeirantes; então calçadas assim é um enorme problema. Se o cidadão já paga o IPTU porque não tem uma via pública adequada?! Inclusive  com calçadas e rampas de acesso, então a gente vai implantar por intermédio do retorno IPTU ao cidadão. As áreas de acesso às pistas de ciclismo, não pode ser feito como na Bernardo Sayão, onde começar em qualquer lugar e termina em lugar nenhum, a gente tem que fazer a conexão; na BR mesmo, nós temos uma ciclovia, com modelo antigo, nós temos que fazer a interligação dela com a da Bernardo Sayão e depois construir na avenida JK, nesse ponto a gente já consegue fazer com que o cidadão o trabalhador, a trabalhadora, o jovem consiga já sair do seu espaço, ali das intermediações da JK para chegar aos bairros próximos.

 

 

IN: Como o senhor vê a militarização da polícia? É possível garantir a segurança da população com uma abordagem menos violenta?

 

SR: A segurança pública deve ser pautada no pleno atendimento a toda a população da cidade, temos um projeto de poder popular em que as pessoas vão decidir como querem ser tratadas, vão participar diretamente da gestão municipal. O que a gestão precisa fazer é colocar pavimentação adequada nas periferias, colocar iluminação, a parte da segurança pública está relacionada a direitos sociais, educação de qualidade para jovens, cultura de qualidade para todos. Se a gente for analisar está mais do que provado que repressão policial, não resolve os problemas de segurança pública. Qual a raiz dos problemas de segurança pública? A raíz é a desigualdade social, se corrigirmos a desigualdade social iremos resolver os problemas de segurança pública. Foi implantada uma guarda municipal militarizada em Imperatriz; isso vai servir para reprimir camelô, vai servir para reprimir jovens negros e negras, o povo mais humilde das periferias e vai servir para reprimir o movimento dos trabalhadores, o professores como eu, quando nós estivemos em um movimento de greve porque o municipio não está comprindo com a sua obrigação. O que o PSB pensa a nível nacional é na desmilitarização da policia e pensa em uma polícia civil para atender os interesses da população.

 

IN:  Muitas ruas não possuem asfaltamento, qual a proposta do candidato em relação a isso?

 

SR: Segundo dados do IBGE de 2010, 77% das vias públicas não têm urbanização adequada,  falta pavimentação, falta meio fio,  falta bueiro, então a gente não tem adequação. O governo do PCB, vai realizar investimentos e solucionar os problemas de urbanização em toda a cidade, gente vai trabalhar! A Prefeitura vai gerir todos trabalhos, esse negócio de contratar para empresas, empreiteiras, parcerias público-privado, isso não resolve. Então a gente vai tirar as empreiteiras e a prefeitura vai passar a fazer, retirando esse lucro que seria para as empreiteiras vai ficar mais verbas para a cidade, para urbanizar mais ruas. Os investimentos devem contemplar também os distritos das zonas rurais de Imperatriz.

 

“Nós vamos investir pesado em saneamento básico, agora dizer que vamos conseguir despoluir o rio é realmente impossível dentro dos marcos do capital”

 

IN: Como um partido pequeno, como o seu, pensa em vencer a eleição?

 

SR: Colocar essa consciência de classe na população. Imperatriz por muito tempo está sendo governada por gestões conservadoras, o que temos que fazer é trabalhador votar em trabalhador. Claro que coloca-se o PCB como partido pequeno, mas isso é em matéria de recursos, mas nós somos um partido, que agora em 2022, vai completar 100 anos de história e nós não nos vendemos, não aceitamos essa troca de favores onde um empresário banca a candidatura de determinados partidos, candidatos e depois ele vai querer algum retorno. A gente tá percebendo muitas promessas que seus partidos votaram inclusive a favor de retirar direitos de nós trabalhadores, e agora eles dizem: “não vote no partido, vote na pessoa”, só que eles pertencem a um grupo político. Nós vamos primar o poder popular, que a população participe desse poder, não grupos econômicos mandem na cidade.

 

IN: Qual sua trajetória na contribuição da educação em Imperatriz? Em 2019, quando o presidente fez os cortes na educação, qual foi o seu posicionamento?

 

SR: A gente é totalmente contrário a essa política de cortes. Voltado para Imperatriz, a nossa ideia não é fechar escolas, como já ocorreu e ainda ocorre; nosso objetivo é construir mais escolas, mais salas. Um exemplo, nós estamos em pleno 2020, em um momento em que tudo é digital, e onde estão as disciplinas com o mínimo de informática básica? As disciplinas que os estudantes têm em período normal vão continuar mas nós temos que ter um contra-turno, ou seja, as escolas serão de tempo integral, a trabalhadora e o trabalhador devem ir para seu ambiente de trabalho e ter certeza que seus filhos estão bem acomodados;  colocando a escola de tempo integral a gente vai estar trabalhando a questão da segurança pública. Em relação ao corte de verbas nós somos totalmente contra, fizemos denúncia e tiveram movimentos aqui em Imperatriz, porém não conseguimos barras esses cortes.

 

IN: A educação é debate em toda eleição. Você como professor, conhece os desafios da educação em Imperatriz? Quais são seus planos para educação e valorização dos professores?

 

SR: Com a escola de tempo integral, vamos dar mais perspectivas para os professores. Nós temos aqui na cidade escolas municipalizadas, que são prédios de escolas antigos adaptados para servir o município, nós temos que achar com eles aluguéis. A gente tem que construir escolas e escolas de tempo integral. Nós vamos precisar de mais professores e vamos fazer cursos para os professores de Imperatriz, e vamos precisar muito das parcerias com as universidades, faculdades, dos acadêmicos [que vão ajudar as escolas por meio do estágio remunerado], para trabalhar no contra-turno disciplinas diferente das tradicionais.   

 

IN: O que o senhor pensou para a Área Rural de Imperatriz? Visto que esse eixo não é mencionado no seu Plano de Governo?

 

SR: É mencionado sim no meu plano de governo. A gente tem famílias na estrada do arroz, há acampamentos que estão lá a 13 anos e o poder público não faz nada, o pessoal lá não tem o fundamental para existência humana. Nessa região, a mesma escola que vamos implantar nas periferias nós vamos implantar lá também, lá no meu plano de governo fala sim, consta sim, tudo que a gente fala na perspectiva dos trabalhadores, do jovens, tanto do campo, quanto da cidade.

 

 

​IN: Sendo do partido comunista numa cidade conservadora e que elegeu Bolsonaro com maioria de votos, como pretende vencer as eleições?

 

SR: Bem, eu penso que já respondemos essa pergunta, quando disse: “na questão da perspectiva do poder popular, da consciência de classe, que queremos desencadear no seio da sociedade, e inclusive a sociedade está percebendo que o voto em Bolsonaro-Mourão-Paulo Guedes foi uma barca furada, as pessoas já começam perceber que esse conservadorismo, que foi propagado para as pessoas através da fake news, isso cai por terra nesse momento que a classe trabalhadora vai no local onde faz suas compras e o preço do gás está nas alturas; então esse governo que aí está não dá perspectiva para nós trabalhadores, para os jovens, para as populações periféricas.

 

​IN: Em relação ao acesso à cultura e o lazer, como pensa a integração das juventudes periféricas ?

 

SR: Temos que levar cultura aos bairros de Imperatriz, vamos chamar artistas locais para participar de apresentações em seus respectivos bairros, e chamaram artesão para levar, no momento das apresentações, suas confecções, a gente tem que colocar de maneira fixa, semanalmente e chamar esses artistas. Outro detalhe é que a gente vai priorizar os espaços públicos, inclusive para as festas juninas, a gente tem que resgatar as festas juninas nos bairros, não só na parte central, não deixar a cargo da iniciativa privada, é dessa maneira que vamos levar cultura aos bairros de Imperatriz.

 

IN: Tem algum personagem político do seu partido que o senhor tem como exemplo para fazer uma boa gestão? Por que a esquerda não se junta? Não seria mais forte, do que concorrer sozinho?

 

SR: Nós não podemos estar aliados a quem mais tarde vai nos retirar direitos, nós primamos por uma frente única, uma frente realmente de esquerda, já está provado que fazer aliança amplas não resolvem nossos problemas. Agora mesmo nós temos próprio fascismo suplantando o nosso país e agora se aliando com o centrão e tentando fincar raízes. A gente quer um pensamento que seja pautado com pautas para classe trabalhadora e não para servir o grande capital.

 

IN: Nessa polarização entre esquerda e direita. A esquerda parece que tá perdendo espaço. Tem conhecimento disso? E qual seria a principal razão?

 

SR: A perda de espaço é por não se aliar aos trabalhadores, o que tem que fazer é a união dos trabalhadores, porque a perspectiva que a gente tem é de um poder popular rumo ao socialismo. Tem um problema estrutural no capitalismo, ele não vai ajudar a vida de nenhum trabalhador. A nossa perspectiva é de uma esquerda raíz e uma esquerda que venha fortalecer a consciência de classe.

 

IN: Qual o caminho para rompermos as desigualdades sociais e assim termos uma cidade de todos e para todos?

SR: A nossa perspectiva é a de implantação do poder popular. A classe trabalhadora unida em seus locais de estudo, locais de trabalho e locais de diversão rompa com essas amarras que nós temos na sociedade. Falamos constantemente de crise, e a desigualdade que foi iniciada ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso, impulsionada por Temer e aprofundada no governo Bolsonaro-Mourão. As contra reformas de Estado estão avançando e precisamos assegurar recursos públicos. O que o governo faz na atualidade é retirar direitos. É um governo “entreguista”, anti-povo, totalmente submisso ao capital internacional. E existem candidatos que estão justamente defendendo esse governo aqui em Imperatriz, prometendo que vão conseguir verbas para fazer alguma coisa aqui, sendo que o governo federal está é cortando as verbas. A forma de diminuir desigualdade é colocando saúde para o trabalhador, educação para os filhos dos trabalhadores, e cultura nas partes mais periféricas da cidade.

IN: Considerando que a popularidade de Bolsonaro está voltando a crescer no Nordeste, acreditar que podemos criar consciência de classe na população até as eleições não seria utópico?

SR: Não, de forma alguma. Temos que fazer o nosso papel. Se a gente cair no pensamento pós-moderno de que “o que está aí, está aí e eu não vou mudar nada” é se entregar ao abismo. Se a gente tiver o povo na rua, organizado, a gente consegue mudar isso. Claro que estamos num momento de pandemia, mas essa insurreição pode acontecer a qualquer momento. E a gente acredita que ela vai ocorrer e que não é utópico. Utópico é a gente achar que nos moldes do capitalismo a gente vai conseguir mudar alguma coisa.

IN: Qual o maior problema da saúde municipal que seria prioridade no seu governo?

SR: A prioridade máxima é o Programa de Saúde da Família. Temos que investir pesado nisso, os trabalhadores estão morrendo e recorrem ao Socorrão. É igual a questão de um buraco nas vias de Imperatriz, se você não sana de maneira imediata ele vai aumentar. A mesma coisa acontece com o trabalhador, a trabalhadora. Se não investirmos pesado nos postos de saúde que devem atender até 80% dos problemas relacionados à saúde dos adultos, idosos e crianças, eles acabam indo para os serviços de urgência e emergência. Temos que investir pesado no Programa de Saúde da Família que realmente seja uma equipe com médico, enfermeira, técnico de enfermagem. A gente não tem que desviar dinheiro da saúde e colocar em outros locais.

IN: O senhor mudaria alguma ação ou faria algo diferente da atual gestão na condução do combate ao Covid-19?

SR: Sim, claro. A cidade deveria ter sido zoneada, fechada, na época de pandemia e isso não foi feito. Os veículos que passassem por aqui deveriam ser higienizados, teríamos que ter feito testagem em massa da população e isso não foi feito. [A cidade] foi deixada como quem planta batatas: de qualquer jeito.

IN: Qual é a sua proposta para UFMA, Uemasul e IFG?

SR: Para os acadêmicos, no caso da UEMASUL, UFMA, a gente coloca algo que foi feito aqui em Imperatriz, que foi o movimento pelo transporte público que a atual gestão prometeu, mas não cumpriu, que é a questão do passe livre. Além disso, para esse acadêmicos, a gente precisa da questão de um programa de estágio extracurricular que são para atender as escolas integrais de maneira remunerada, assim a gente pensa atender esse público, da UFMA, do IFMA, da UEMASUL e também das faculdades particulares; isso tudo, claro, de maneira gradativa. Para isso, vai precisar de uma empresa de transporte estatal, temos que colocar mais ônibus, com regularidade e com passe livre para estudantes.

IN: Quais seriam os meios utilizados para fomentar a consciência de classe da população, já que a falta dela levou e leva candidatos de direita e conservadores ao poder?

SR: Não é nada fácil porque temos a ideologia dominante em toda parte. Na sociedade a gente tem pequenos germes; tivemos o movimento pela água que conseguiu barrar a privatização da Caema em Imperatriz, quando a gente teve um movimento com os estudante dizendo “não” ao corte de gastos do governo Bolsonaro-Mourão, isso são germes, é uma germinação de poder poder popular, o que queremos é intensificar isto, é trabalhar isto com a população.

IN: Na sua campanha, o senhor tem como lema “Rumo ao Socialismo”. Candidato, como isso seria possível? Quais seriam as suas estratégias concretas para fazer isso acontecer?

SR: É o de chamar a população para participar, trabalhar junto. O “rumo ao socialismo” cada proletário, cada trabalhador ele tem que tomar conta do seu governo, o imperatrizense tem que fazer seu papel de levar a essa consciência de classe, nossa perspectiva é de poder popular, conversando com as pessoas no bairros e ir em todos os locais que o trabalhador e a trabalhadora, e jovens, estiverem.

IN: Em relação ao transporte público, o que o candidato propõe considerando a calamidade que é o serviço aqui na cidade. ​Que medidas o seu governo pretende tomar diante dos trabalhadores que precisam ao usar o transporte público durante essa pandemia? Como protegê-los?

SR: Penso que já toquei no assunto, que é da empresa de transporte público que seja realmente para atender os interesses desses que necessitam, que são principalmente as populações periféricas da cidade. O que os administradores geralmente fazem? Eles terceirizam os serviços, chamam empresas. E o que esse pessoal costuma fazer? Primam pelo lucro! Então vão colocar motorista como trocador de ônibus, eles não vai higienizar o ônibus como deveria ser, vão diminuir a quantidade de ônibus. Tem que fazer justamente o contrário, colocar mais ônibus, mais linhas; o que a gente tem é uma perspectiva de estatização do transporte público, a prefeitura gerir esses recursos.

IN: Que medida mais efetiva pretende implementar para garantir a revitalização dos rios e a ampliação do tratamento de esgoto?

SR: É da dinâmica do capitalismo a degradação da natureza.  Especificamente aqui em Imperatriz, o rio Tocantins passa por um processo de degradação, esgotos de vários prédios, a beira do rio, jogam dejetos direto no rio Tocantins. Os afluentes, os riachos, estão todos poluídos e caem diretamente no nosso rio, sem nenhum tratamento; para se fazer um processo de despoluição desses riachos é um investimento muito alto. Em volta desses riachos, casas foram sendo construídas, às margens dos afluentes do rio por conta de um crescimento demográfico desordenado e sem planejamento. O que eu quero colocar é o seguinte, é praticamente impossível dentro do marcos do capital combater a agressão da natureza. Nós vamos investir pesado em saneamento básico, agora dizer que vamos conseguir despoluir o rio é realmente impossível dentro dos marcos do capital.

IN: Dito isto, a cidade vai continuar um esgoto a céu aberto? E as canalizações vão continuar sendo jogadas no rio Tocantins?

SR: Nós vamos ter que acabar com isso, temos que cobrar da Caema; e como foi dito anteriormente, a gente conseguir barrar a privatização da Caema, então o que temos que investir, o grosso dos investimentos é que não caia mais esgotos [no rio], todo o esgoto de Imperatriz, seja realmente tratado.

IN: O senhor pretende aumentar o salário dos professores municipais? Se sim, qual será o valor?

SR: O que é do professor vai ser do professor. Temos que fazer uma equiparação, que contratados receberam o mesmo que um efetivo recebe, se faz o mesmo trabalho tem que receber de forma igualitária. Na questão do plano de cargo, carreira e salário, a gente vai ter que efetivá-lo.

IN: Quando o senhor possui de patrimônio? E quanto pretende gastar na sua campanha?

SR: Eu tenho uma moto, uma CG 150 e as pessoas, a população não me conhece, eu sei que pode ser muito difícil para as pessoas entenderem que um trabalhador também pode ser candidato, quero frisar que é uma honra ter como vice o Frankie da Costa, um trabalhador da saúde, que “anda em cima de uma bicicleta”, inclusive a minha campanha vai ser feita em cima dessa moto, três bicicletas e uma cadeira de rodas, que temos um militante que é cadeirante; e a gente não quer receber recursos de empresas para mais tarde nos vendermos a estes. A gente vai atuar “sem tempo de  TV”, a gente vai atuar pela redes sociais. As pessoas nem acreditam que eu tenho só esse patrimônio, sou professor da rede estadual atualmente mas sou professor contratado e inclusive tive que deixar o contrato para ser candidato, então o que eu quero gastar é o que a gente já possui, é o notebook, é um celular, é uma iluminação para trabalhar nas redes sociais. E recursos se a militância investir e aplicar na campanha, eu não tenho um dado exato para dizer quanto vou investir.

IN: Como vai ser a formatação do turismo local? Como vai se fomentar?

SR: Nós temos a predominância do turismo de négocio aqui em Imperatriz. Mas temos aqui, a parte da avenida Beira-rio, a parte da cidade velha que está se tornando um ponto de turismo na cidade,as praia temporárias, e essas temporadas são diminuídas, são terminadas antes do tempo. Nós vamos prolongar a temporada de veraneio, vamos dar condições dos barraqueiro e barqueiros possam trabalhar e divulgar a cidade em outras localidades. E um detalhe polêmico, que a gente coloca nessa área de turismo é o funcionamento de bares, restaurantes, casas noturnas e afins até às cinco horas da manhã; o que aumenta postos de trabalho, por que os donos dos estabelecimentos terão que contratar mais pessoas, vai valorizar a classe artística. A secretária de Meio Ambiente vai trabalhar com regras para que o funcionamento possa ser estabelecido.

IN: Como a UFMA e a UEMA podem ser parceira em uma gestão municipal? Caso o senhor seja eleito.

SR: Com escolas de tempo integral, a gente vai perceber que os estagiários, tanto no estágio curricular quanto no remunerado, vão poder desempenhar seus papéis de maneira melhorada e eu sou completamente a favor que as universidades saiam dos muros, e atuem para além desse muros. A gente vai querer a participação dos acadêmicos levando perspectiva para os trabalhadores.

Imperatriz Notícias: Finalizando a live, deixamos em aberto para que o senhor faça suas considerações finais.

Candidato Sandro Ricardo: O que a gente quer colocar para a população é que essa questão da implantação de um poder que seja popular, que seja para o atendimento da classe trabalhadora, é um processo progressivo de organização de trabalhadores com independência de classe, com radicalidade, com um programa teórico que busque progressivamente unificar as lutas, cada vez mais uma perspectiva que de contrapor o sistema atual, de contrapor o sistema capitalista até se criar uma hegemonia dos trabalhadores que coloquem na ordem do dia essa possibilidade, de uma sociedade socialista, uma sociedade mais digna, uma sociedade que seja para atender aos trabalhadores. E não essa perspectiva que está sendo colocada, que é de retirada de direitos que vem justamente para abater nós trabalhadores, que vem tirar a perspectiva de vários jovens de ter um futuro melhor. Nós temos que lutar para que a gente conquiste uma sociedade que seja controlada por nós trabalhadores, uma democracia da classe trabalhadora. Ou seja, trabalhadores unidos!

 

 

Esta entrevista integra o projeto interdisciplinar

ELEIÇÕES 2020 – Jornalismo da UFMA pergunta

Alunos de Gêneros Jornalísticos responsáveis por essa produção:

Brenda Caroline Santos da Silva, Helyh Oliveira Gomes.