Entrevista: Imperatrizando, o primeiro talk show do Maranhão

Repórteres: Paula Pacheco e Soraya dos Santos

Fotos: Paula Pachecoe Soraya dos Santos

 

A inspiração do estudante de Direito Willyan Róbson Sousa, 23 anos, surgiu quando viu a chance de apresentar seu plano de Talk Show ao empresário Marcos Daniel, atual diretor executivo da emissora TVi canal 4.1, a antiga Band, o qual já conhecia. A ideia foi aceita assim que mostrou o primeiro piloto do projeto escrito.

Willyan, além de acadêmico, é o fundador e presidente da ONG Música no Hospital, o projeto que leva a musicoterapia a crianças hospitalizadas e que também realiza ações de cunho social em bairros de Imperatriz. Atualmente ele apresenta o primeiro Talk Show da TV maranhense, o Imperatrizando. Onome foi inspirado, segundo ele,“no jeito imperatrizense de ser”, em companhia de Matheus Clemente produtor e apresentador.

Após apresentar o piloto do programa com sucesso, estrearam o Talk show no dia 14 de setembro de 2019, num sábado, no horário das 16 horas, alcançando o segundo lugar em audiência. “A televisão ela traz uma credibilidade que a internet nunca vai ter, e ainda mais nessa era de fake news”,destacaWillyan, ao falar da confiabilidade do telespectador à TV, comparado com as plataformas digitais de vídeos, como o YouTube, por exemplo.

Hoje o programa possui quadros variados como pegadinhas, reportagens de amigos convidados, o GItz(quadro com referência ao G1, portal de notícias da Globo) e como foco principal as entrevistas com personalidades da cidade. A equipe é formada por quatro integrantes,Willyan e Matheus como apresentadores, Lucas Queiroz e Bruno Borges na produção de áudio e vídeo.

Nesta entrevista trataremos do primeiro programa maranhense no formato de Talk Show. Conversamos sobre como surgiu a ideia, suas inspirações e os desafios encontrados para a realização deste sonho. Além disso, Willyan conta como pretende abordar temáticas de forma descontraída sem perder a seriedade dos assuntos, a fim de atrair a atenção dos telespectadores.

 

Imperatriz Notícias:O programa “Imperatrizando” como embaixador e primeiro Talk show totalmente maranhense é de grande importância para a TV imperatrizense e região. Então, como surgiu a ideia do programa?

Willyan Róbson Sousa: Eu sou muito fã do formato de Talk show e muito fã do Danilo Gentili, que apresenta o The Noite, dentre outros Talk show que existem, mas principalmente o Danilo. E sempre tive vontade de fazer TV. Então, eu quis unir uma coisa útil ao agradável, juntar a televisão com a ideia que eu gosto, que é o Talk show. Levei a ideia na antiga TV CRC, que era afiliada da Band. Apresentei a ideia para o diretor e ele disse pra eu montar um projeto. Eu montei o projeto escrito. Depois desse projeto, nós gravamos um piloto, apresentamos pra ele, pra direção da emissora e depois de um tempo, mais ou menos uns seis meses de preparação, lançamos o primeiro Talk show do Maranhão.

IN: Quais foram e ainda são os principais desafios encontrados na questão da busca por audiência e para chamar a atenção do telespectador neste meio,já que existem tantas opções de programações humorísticas e afins?

WRS: O primeiro desafio é encontrar parceiros para manter o programa. O segundo desafio é a questão que a gente viver hoje num mundo de entretenimento, no qual é muito difícil de fazer. Porquê? Porque você tem a rede social, você tem outros canais, você tem muitos entretenimentos. Para que o programa realmente seja bom, você tem que estar se renovando, programa após programa, pra tentar prender a atenção do telespectador, pra que ele não mude de canal ou vá para internet. É um desafio muito grande trabalhar com entretenimento e humor nos dias de hoje, e nós estamos fazendo o possível pra conseguir prender a audiência do telespectador.

IN: De tal forma que a nova cabeça de rede,a Record News é considerada de maior abrangência comparado à emissora Band, você acredita que essa mudança pode vir a alavancar o programa?

WRS: Eu acredito que tudo coopera pro bem e, assim, fora a decisão que não era nossa, tomada pela direção de romper o contrato, a TVi rompeu o contrato com a Band. O nosso diretor Marcos Daniel achou por bem depois de um longo estudo, assinar um contrato com a Record News. Ele fez isso porque acredita que a Record pode oferecer um padrão melhor pra cidade de Imperatriz e consequentemente também pro Talk show. Então estamos felizes com a nova rede, e esperamos que eles realmente invistam nos programas locais e que o Imperatrizando também seja beneficiado por isso.

 IN: Por que a programação mudou de dia e horário?

“Eu não cheguei a fazer curso de comunicação social, mas eu fiz curso de teatro sim, eu não fiz o superior, fiz um curso intensivo em teatro”

WRS: Ouve essa mudança porque a direção realmente acredita que nós somos bons no que fazemos. Estreamos em setembro no sábado às 16 horas, e nossa audiência foi muito boa, muito boa… chegamos em segundo lugar de audiência nos primeiros programas. Agora nos deram um horário nobre, domingo, às 13 horas. Se no sábado que não é um horário tão nobre assim e já estávamos em segundo lugar, esperamos ficar em primeiro lugar de audiência no nosso horário que agora é domingo. Foi um presente da administração pra gente.

IN: O seu programa é de humor, como também bate-papo. Quais assuntos que você acha que ainda precisam ser pautados na mídia ou na TV imperatrizense e que vocês pretendem abordar?

WRS: Todos!Tudo que for de relevante para cidadenós pretendemos trazer para o programa. Como temos um programa semanal, toda semana tem que trazer um novo convidado. Quero estar sempre trazendo conteúdos diferentes para as pessoas, de tudo! O meu programa é bem aberto e quero trazer de todas as áreas, tipo meio ambiente, sexo, drogas, bullying e tudo, qualquer tema. Falamos sobre o Outubro Rosa, quando tiver o Novembro Azul falaremos disso, ações sociais, tudo! Quero realmente mostrar que o imperatrizense é, de tudo um pouco da nossa cidade, sempre colocando ela em evidência, porque queremos fazer o melhor por ela.

IN: As pautas que você sugeriu são comuns e já pautadas em outros programas. O que tem de diferente?

WRS:É a forma em que são abordadasessas temáticas. Otalk show é um formato que existe desde a década de 50, e começou nos Estados Unidos. É um formato de programa de entrevista, é o talk que é a conversa, só que com humor, com o show, que são as brincadeiras e as piadas. Se você assistir nosso programa, você verá que em todas as nossas entrevistas fazemos piadas com os entrevistados. Brincamos com eles para que possam se divertir, e se sentirem mais a vontade.Acreditamos que édiferente e o que muda é a forma em que a conversa é conduzida, com essa pegada de humor. Isso é próprio do talk show, é o que faz dá o “tchan” digamos assim, a diferença dentro da entrevista mesmo se for um assunto comum que tá na sociedade.

IN: Certos assuntos como o sexo, ainda são considerados tabus. Você não acha que falar desse tema num horário em que é considerado momento familiar, pode vir a incomodar os telespectadores?

WRS: Acredito que não. Fazemos com muita responsabilidade. Nós não faríamos nada pra ferir a índole ou o sentimento de qualquer telespectador. Então é falar de uma forma que não venha agredir ninguém, até porque temos o máximo respeito pelos costumes familiares.

IN: Contando que você já possui outros projetos envolvendo questões sociais, você pensa em abordar tais questões dentro do Talk show?

WRS: Sim, com certeza. Eu sou o atual presidente da ONG Música no hospital, e queremos sempre trazer para o programa um caráter social, é o chamado “humor inteligente”. Queremos brincar com o humor, mas de uma forma que conscientize as pessoas de questões sociais que existem. Prova disso são os outros projetos que a gente tem relacionado a esse. Nós queremos trazer pra dentro do programa os projetos sociais, e convidando bons projetos para que mais pessoas conheçam as ONG’s e os trabalhos sociais que são feitos em Imperatriz.

IN: Você pensa na carreira política?

WRS: Penso sim, eu já fui candidato a vereador em 2016 na cidade de Imperatriz. Tenho muito orgulho do que eu conquistei em 2016. Fui o candidato mais jovem da cidade de Imperatriz com 19 anos. Provavelmente vou ser o mais novo na próxima eleição, e sou pré-candidato. Por que eu sou candidato? Porque eu acredito que a política é uma forma de potencializar as ações sociais que eu já desenvolvo na cidade. Acredito que o meio público é o meio que eu posso atingir. Willyan você usa o programa pra se promover? De maneira nenhuma, o programa de TV, lógico vai me ajudar numa visibilidade maior, mais o talk show é algo que eu sempre quis. Um sonho pessoal que sempre tive vontade, sempre tive vontade de apresentar um talk show, apresentar um programa. Uma coisa não está influenciada pela outra, são sonhos diferentes que eu tinha vontade, e dentro da vida pública é uma forma que eu vejo de ajudar muita gente.

IN: Porque você não fez o curso de comunicação? Ou teatro?

WRS:Eu não cheguei a fazer curso de comunicação social, mas eu fiz curso de teatro sim, eu não fiz o superior, fiz um curso intensivo em teatro. Inclusive, quando eu era mais novome inscrevi para participar da malhação. Sempre tive uma boa oratória, nunca tive problema com fala. Já fiz curso de oratória, para falar a verdade, hoje eu ministro palestra sobre oratória, tenho um curso de oratória na faculdade no qual sou responsável. Não fiz o curso de comunicação social, mais fiz coisas relacionadas à área como teatro, oratória, dentre outras áreas que me permitem tá a frente do programa de TV.

IN: Em algumas edições do programa já foram apresentados convidados renomados e conhecidos por suas profissões aqui em Imperatriz, comopor exemplo, Raimundo Roma, Pedro Pneus, Rafael Potência, Kevin da Baetz. Como é feita a seleção desses convidados? É utilizado algum critério?

WRS: A seleção é feita por mim e a produção do programa e geralmente nós tentamos procurar pessoas, não só personalidades da cidade, mas pessoas que também, além de personalidade, fazem algo de relevante pra sociedade de Imperatriz e que às vezes não são vistas. Tentar mostrar essas pessoas, que também são um bom conteúdo, porque nós temos que pensar nos nossos telespectadores. O telespectador estáali e quer ver um bom conteúdo, porque senão ele troca de canal. Queremos proporcionar um bom conteúdo, e pra isso eu preciso de bons entrevistados que irá chamar a atenção do telespectador e ficará ali nos dando audiência.

IN: O que é bom e o que a audiência quer ver não são necessariamente a mesma coisa.  Como equilibrar isso?

WRS:Acredito que é a forma em que é conduzido o programa. Por exemplo, no mês de outubro todo mundo fala sobre o câncer de mama,do outubro rosa. Nós fomos falar também, é um tema que todos falam. O que trouxemos de diferente? Eu fiz uma coisa que nenhum apresentador de TV nunca fez dentro de Imperatriz. No meio do programa, eu tirei minha camisa e mostrei como se faz um autoexame de mama. O pessoal assistiu e acharam muito incrível “caramba cara, cê tirou a roupa no meio do programa”, eu disse cara, a gente precisa fazer algo que chame atenção, que conscientize a mulher. Porque a mulher que tá em casa, às vezes ela botou no canal rapidamente, ela ver um cara tirando a camisa ela “meu deus esse menino é louco?” ela vai parar e vai ouviro que eu estava fazendo ali. Então assim, mesmo que o assunto seja comum, é a forma que se conduz o assunto.

IN: O Talk show é um programa no qual aborda e discute vários tópicos, e apesar do Imperatrizando ser intitulado como um programa humorístico, por que vocês pautam assuntos considerados mais sérios?

WRS: É justamente aquela ideia do humor inteligente. Na TVi eu tenho uma coisa que não posso me queixar, a TVi é a única emissora de Imperatriz e falo sem medo de errar. É a única que não tem viés político partidário, todas as emissoras da cidade filiadas são administradas ou o dono da emissora são de grupos políticos. Já na TVi não temos isso, se você assistir o programa verá que podemos fazer piada com o governo municipal, o governo estadual, o governo federal… posso fazer piada com qualquer político que quisermos que ninguém irá nos censurar. Então há forma de brincarmos, como eu disse, mas conscientizando. Por isso, nós, mesmo sendo programa de humor, falamos de coisas sérias, chamando a atenção do poder público. Agradecemos a TVi por isso, por ela não ter amarro político, e sei que tenho liberdade pra falar o que quisermos, diferente do que se estivéssemos em qualquer outra emissora dentro de Imperatriz.

IN: A emissora interfere nas escolhas?

WRS:ATVinão interfere na escolha das pessoas que eu convido, porém, de todo modo eu sou subordinado à emissora, porque a emissora que transmite o programa. Tenho a liberdade de escolher quem eu quiser para entrevistar, porém,estou sempre pela supervisão deles, porque são os donos da emissora e precisam sempre estar atentos ao que acontece aqui. Saber o que estar acontecendo, e as nossas informações, porque é uma questão lógica de donos e funcionários.