Dez anos depois: Coordenador de Jornalismo da UFMA fala das contribuições e desafios do curso após uma década

Por Gustavo Araújo

O sociólogo Carlos Alberto Claudino é um tipo de professor que está disposto a resolver qualquer “pepino” entre os alunos e entre os colegas. Coloque um problema na mão dele, pronto, resolvido! Um dos professores pioneiros e coordenador de Comunicação Social pela Universidade Federal do Maranhão em Imperatriz, Claudino é sem dúvida uma peça chave nos dez anos que o curso de jornalismo completa esse ano. Fundada graças a um apelo popular, o curso conta com nove professores doutores e outros nove estudando doutorado. A universidade forma em média 40 jornalistas por ano e também já contou a presença de dois pesquisadores de prestígio, Nilson Lage e José Benjamim Picado. Em entrevista, Claudino conta como o curso de jornalismo, ao longo de uma década, ajudou a evidenciar a imagem da instituição frente a universidades de renome no país, com um quadro de professores com currículos extensos vindos de todos os cantos do país.

Claudino faz balanço dos dez anos do curso de Jornalismo na UFMA (Foto: Gustavo Faria)
Claudino faz balanço dos dez anos do curso de Jornalismo na UFMA
(Foto: Gustavo Araújo)

A proposta do curso veio com o processo de expansão da Universidade através do Reuni, programa do governo federal que fomenta a reestruturação e expansão das universidades pelo Brasil. O senhor é de São Luís, como surgiu a oportunidade de vir para cá?

Eu já trabalhava em Imperatriz na época, dava aula na Facimp e na Unisulma.Saí para estudar o mestrado, terminei, prestei o concurso e entrei na Ufma junto com os professores Emilene Sousa e Joedson Marcos para abastecer a área de humanas, nos cursos de Direito, Contábeis Pedagogia, jornalismo, etc. E também já estava sabendo do processo de expansão da Universidade. Isso entre 2005 e 2006.

Os professores Rodrigo Reis, Thays Assunção, Nayane Rodrigues, Carla Kassis, Jordana Fonseca e William Castro se formaram pela casa. O que isso representa para o curso?

Acho que para o curso um ganho, né!? Ele está formando profissionais na área e esses profissionais estão voltando para trabalhar coma a gente, mesmo que de forma temporária. Mas o próprio exercício da docência desse pessoal já é um acúmulo de experiência no processo de formação, acúmulo de conhecimentos. Então para ocurso é gratificante ter esse pessoal de volta, os três primeiros que você citou já estão no mestrado.

De 23 professores apenas seis são do Maranhão. Como explica essa dificuldade de professores maranhenses se efetivarem na universidade?

Já tivemos outros, mas que não quiseram ficar aqui, brigaram, foram embora, se    transferiram, pediram demissão e tudo mais. Não gostaram da cidade a princípio, e a gente tem um problema para consolidar o quadro de docente da universidade, porque o pessoal que vem de São Luís não quer ficar aqui. Você vê que temos professores do Paraná, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Sergipe e de outros cantos. De São Luís efetivamente eu, o Joedson e Marcos Fábio. Marcos é de Bacabal, mas estudou em São Luís.

Mais de cinco professores já foram embora ao longo desses dez anos. Por que é difícil manter professores no curso? A dificuldade maior é a adaptação na cidade?

É, do pessoal de São Luís, né! Talvez um pouco dessa coisa que não sei se daria para definir como bairrismo, mas essa coisa do norte do Maranhão não se dá com a parte sul, essa rivalidade. Isso é problema. Felizmente agora, estamos formando um quadro com o pessoal de fora –  a cidade está melhor dez anos depois –  que estão se adaptando melhor. E hoje o padrão aqui é bom, temos o melhor IDH do Estado, custo de vida mais barato que a capital, alguns padrões que melhoram a qualidade de vida de quem está aqui. Faltando mesmo uma melhoria na parte cultural e de lazer.

Há entre os alunos uma brincadeira dizendo que a jubilação é uma lenda no curso. É verdade?

Pela resolução 1075 hoje não é. Essa nova resolução dá outro parâmetro. O aluno tem quatro anos para fazer a integralização do curso e mais dois anos de tolerância, ou seja, são seis anos ao todo. Se ele não fizer em seis anos, o sistema Sigaa tira ele. Começou a valer em 2014, é o que rege a vida acadêmica discente hoje. Por exemplo, não pode reprovar três vezes na mesma disciplina, nem ficar um semestre sem se matricular, então, o vínculo dele com o curso tem que ser sempre mantido, se não o sistema o coloca em status de abandono e cancela a matrícula.

Há comentários entre alunos e professores que o curso vai oferecer Mestrado. É verdade?

É, nós estamos trabalhando já. Foi designada a comissão para montar o projeto do mestrado, que são com as professoras Thaisa Bueno, Michele Goulart, Lívia Cirne e Giovana Mesquita. A Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Inovação está dando todo apoio, eu mesmo estive lá conversando com o pró-reitor, a ideia é de que daqui dois anos nós estejamos com o nosso mestrado pronto para começar a funcionar gratuitamente, o aluno vai pagar só a taxa de matrícula por semestre.

O curso faz dez anos de fundação em novembro, o que já ofereceu para a sociedade imperatrizense ao longo desses anos?

Além do envolvimento do curso ao longo desses dez anos nos problemas sociais, seu envolvimento com as carências sociais, nós ajudamos a fortalecer a UFMA de Imperatriz, isso que para cidade é um ganho e para região como um todo. Somos um dos maiores cursos desse centro em estrutura e formação de profissionais, acho que essa é uma das grandes contribuições para sociedade imperatrizense. Hoje, você pode ir nas emissoras de rádio, televisão e jornais da cidade todos tem algum profissional formado por nós.

O senhor afirma que o curso de jornalismo é um dos mais estruturados da UFMA, como isso coloca em evidencia a imagem da instituição frente a universidades de renome no país?

No processo quando nós iniciamos o curso –  no tempo eu também estava na coordenação –  recebemos o prédio e os equipamentos para a estruturação dos laboratórios, e veio Chico Gonçalves, que era chefe de departamento na época, viu que nossa estrutura estava melhor que a de São Luís, e ainda hoje continua melhor. A gente consegue ter uma inserção na universidade como um todo mais do que a capital, temos parcerias com o projeto Rondon e Ministério da Defesa que dá visibilidade a nível nacional para o curso, fizemos duas coberturas da operação, temos uma relação muito boa com a TV UFMA de São Luís, e produzimos reportagens para serem exibidas por lá. Isso evidencia muito a nossa imagem como instituição.

Em 20013 surgiu a possibilidade da TV UFMA ser instalada aqui em Imperatriz, já se passaram três anos e o projeto não se materializou, por que?

O projeto foi aprovado, o problema foi na hora de fazer a licitação para a construção do prédio e a aquisição de equipamentos. A crise apertou e ficamos sem dinheiro, mas o projeto está na prioridade do curso e da universidade, vamos esperar as coisas se acalmarem.

Tem alguma data definida para retomada do projeto?

Por enquanto não, estou esperando uma data para conversar com a reitora para gente retomar essa questão. Mas o que está sendo discutido em caráter mais próximo é a criação de um núcleo da TV UFMA aqui, enquanto se levanta a estrutura necessária. O sinal de televisão de Imperatriz para a TV Ufma já está liberado pelo Ministério das Comunicações, a reitora no final do ano passado esteve em Brasília para reiterar a solicitação do pedido de sinal para a rádio FM Ufma que também vai ser aqui. Ou seja, estamos aguardando o sinal da rádio, o da televisão já está liberado o que falta é o dinheiro para construir.