Convivência familiar sob controle no isolamento

Casal lidou bem com o isolamento e se apegou ao celular. Foto: Aline Marinho.

De Açailândia famílias relatam como aprenderam a apreciar a companhia um do outro em tempo integral

Aline Marinho

O isolamento social pegou as famílias de surpresa durante o ano de 2020. Desde o início não tem sido fácil lidar com todos os problemas causados pela Covid-19, e o isolamento. Há uma preocupação em construir uma rotina para as famílias para que não aconteça um desgaste emocional e mental.

Jhessy Silva Lima, 20 anos, teve a Covid-19 assim como todos os outros cinco membros de sua família, além do namorado. Ficar na mesma casa juntos por 24 horas não se tornou um problema, como Jhessy havia imaginado. “Via as pessoas brigando, na televisão ou aqui na vizinhança, só que aqui foi muito calmo”.

A família não conseguiu desenvolver nenhuma atividade para praticar juntos. O uso do celular era o principal entretenimento para os mais jovens e se tornou excessivo. A solução que a mãe de Jhessy encontrou foi propor para ela e seu irmão praticarem jogos manuais. Os mais velhos não tinham o costume da tecnologia, mas conseguiam ficar bem, pois estavam acostumados com a televisão e longas sonecas.

Logo nos primeiros dias da pandemia, a família perdeu o avô Valdir Ferreira Lima, de 69 anos. Ele passou mal, foi internado na Unidade Pronto Atendimento (UPA) e morreu oito dias depois no hospital de campanha, em Açailândia. A perda deixou a família abalada e com uma disposição maior para cuidar e participar de mais momentos juntos. “O vovô vai fazer falta, amávamos sua companhia”, conta Jhessy.

O casal Alesson Bruno de Jesus Barbosa, 26 anos, e Karina Barbosa da Silva de Jesus, 24 anos, teve Covid-19, mas o isolamento, segundo eles, foi tranquilo, porque estavam na mesma casa. “A gente tinha o costume de ficar na sala, e é um fator muito interessante falar sobre isso, porque na pandemia se tornou monótono essa questão de ficar na sala, assistindo TV, ou no celular. Acabou que esse isolamento nos fez se apegar ao celular”, afirma Karina.

O que ajudou a lidar com o estresse do isolamento foi o fato de já serem casados há quatro anos e, assim, conhecem o suficiente o limite um do outro. Para ela, “o isolamento aproximou quem estava perto e também quem estava longe”.

Quezia de Sousa da Silva dos Santos, 35 anos e Fernando Leonardo dos Santos, de 42 anos, contam que a convivência integral entre seus três filhos não mudou o comportamento. Os irmãos sempre foram unidos e desenvolveram o hábito de ficarem juntos. Para sair da rotina, fizeram cultos domésticos e Quezia até conseguiu descansar. Segundo eles, depois que tudo isso acabar, a família será mais unida e dará mais valor aos momentos de lazer. “Encontramos o diálogo e a união, ficamos mais próximos; conversamos juntos, tudo isso melhorou”, comenta Quezia.

Matéria produzida para a disciplina de Redação Jornalística, semestre 2020.1, com a orientação da profa. Yara Medeiros.