Júlia Pantoja
Sem créditos-O Boi Bem Querer em sua dança ao compasso de um dos brincantes
Conservada e inapagável de ano em ano pelas comunidades do bairro Santa Inês e por bairros vizinhos da cidade de Imperatriz, o Boi Bem Querer é muito mais do que um simples grupo cultural. É um movimento social e cultural carregado de uma memória afetiva e propagado na vida dos seus brincantes e que tem sua construção na tradição hereditária por meio da vivência comunitária entre as famílias. E a partir disso, com a junção de gerações em um único ritmo nasce o objetivo de manter viva a história e a memória cultural do Boi Bem Querer na região.
Fundador do Boi Bem Querer em Imperatriz, o produtor cultural Francinildo Lima Silva de 42 anos comenta sobre a importância da cultura do Boi Bem Querer para a cidade “Temos uma importância social muito grande, pois fazemos parte da história cultural e social do município, são 26 anos de construção e trabalhos prestados”.
Francinildo Silva ainda fala por quais dificuldades o Boi Bem Querer já passou ou que ainda tem enfrentado desde da sua criação “O maior muro é o apoio e o investimento cultural não apenas do nosso grupo, mas também de todos os grupos culturais maranhenses que muitas das vezes com o mínimo conseguem fazer o máximo para suprir com as expectativas do nosso público”.
Tendo o seu ápice durante as festividades de São João entre os meses de maio e junho, o Boi Bem Querer se mantém ainda ativo ao participar todo ano de atividades culturais fora das datas celebrativas do calendário. Para se diferenciar dos outros grupos, o Boi Bem Querer além de sua orquestra, tem uma união de diversos tipos de talentos, onde como uma comunidade se faz a perpetuação dessa cultura popular em Imperatriz e região de ano em ano.
Umas das brincantes mais antigas do movimento, Elineide Aguiar do Nascimento de 52 anos, mas com alma de 20 anos, conta como foi seu primeiro contato com a cultura do Boi Bem Querer “Eu morava no bairro Santa Inês onde o Boi Bem Querer nasceu em 2006 e fui apenas ver o ensaio no pátio da igrejinha no dia de catequese e foi onde tudo começou, me apaixonei e não parei mais”. E apesar de ter um pouco de conhecimento sobre este mundo, a mulher confessa que deve o incentivo de um grande amigo para mergulhar de vez nele “ Sim, eu o já conhecia, mas ficava longe. O nosso coordenador até hoje e que é um grande amigo meu me incentivou muito, e hoje posso dizer que é um orgulho fazer parte dessa família”.
Parte da coordenação, uma vaqueira campeão, organizadora das apresentações junto ao Nildo fundador do Boi Bem Querer e que faz de tudo um pouco, a mesma relata como o Boi Bem Querer mudou a sua vida desde do dia que o conheceu “O amor pelo Bumba meu Boi me fez ver a cultura com outros olhos, cada ano me encanto com todas as danças, as indumentárias que nós mesmo confeccionamos e o empenho dos brincantes”.
Por ter essa falta de investimento no movimento, os brincantes ainda não conseguem ultrapassar as fronteiras do estado para a realização de apresentações presenciais, porém, essa pequena barreira é quebrada com a tecnologia, onde o público de diversas regiões e estados podem acompanhá-los através das redes sociais. E assim dessa forma, se utilizando da tecnologia como uma ferramenta a seu favor, a cultura do Boi Bem Querer é conhecida e divulgada para a cidade de Imperatriz pelas redes sociais tendo adquirido um número fiel de pessoas que o seguem já há alguns anos.