Bate-papo com a blogueira de moda Grazzy

No segmento de moda, a blogueira imperatrizense Even Grazielly, mais conhecida como Grazzy, vem tomando destaque na cidade e fora dela. Criadora do blog Overdose Trend (www.overdosetrend.com), a estudante de Jornalismo de 21 anos já saiu na revista Capricho como It Girl (termo usado para se referir a garotas que influenciam outros no campo da moda e estilo) e também em duas revistas da loja Damyler.  No seu currículo também consta convites para eventos de moda, como o Blogs de Moda MA, como representante das blogueiras de Imperatriz, e agora foi selecionada para participar nas Olimpíadas do Rio de Janeiro como voluntária assistente de imprensa. Seu blog é visualizado por aproximadamente 20 mil pessoas por mês, e no Instagram já contam quase 48 mil seguidores. A entrevista que segue aborda dificuldades enfrentadas na carreira e opiniões sobre diversos assuntos ligados à moda, estilo e comportamento. Inspire-se!

Texto e fotos Lícia Rodrigues

Grazy é referência entre as blogueiras de moda na cidade
Grazy é referência entre as blogueiras de moda na cidade

O fato de você já estar engajada nesta área da Comunicação, sendo apenas estudante de Jornalismo, lhe favorece na faculdade?

Eu não acho que me favoreça. A maioria das coisas que eu vejo em sala, algumas eu já sabia fazer, mas à medida com que vai passando as aulas aprendo mais e vou aplicando ao blog. Às vezes acho que beneficia, às vezes não. Nunca me senti à frente de ninguém, acho que está todo mundo pra aprender.

Pelo seu blog dá pra saber que você participa de muitos eventos, ensaios fotográficos, propagandas etc. Como você concilia o blog com os estudos?

Eu tenho uma rotina muito louca. Às vezes não tem nada pra fazer e de repente tem evento, prova, trabalho da faculdade. Eu mato muita aula por causa disso, porque tenho que me preparar. Por exemplo, quando tem um evento à noite, eu saio da faculdade vou pro evento, no dia seguinte tem alguma coisa importante, aí eu viro a noite acordada para trabalhar e editar tudo que aconteceu e poder postar. Eu tenho uma rotina de publicação diária, se acontece alguma coisa, já tenho que postar na hora, é instantâneo. Fora que administro sozinha todas as minhas redes sociais. Precisa ser algo rápido, efêmero, porque se eu não atualizar as pessoas perdem o interesse. Já passei três dias sem dormir direto, ou mais, pra poder conciliar tudo.

Qual a coisa mais chata que alguém já falou de você?

Tem duas coisas que eu escuto sempre. A primeira é a desvalorização que a cidade tem em respeito a mim. Muita gente acha que porque eu estou fazendo meu trabalho, foi fácil, sendo que tive que percorrer um longo caminho. Então, me chamam de metida, que eu me acho isso e aquilo, como “a só porque ela é famosa, eu também posso!”. E também muitos caras, donos de lojas, marcas, dão em cima de mim, pois lido diretamente com empresas, não tem ninguém que faça isso por mim. Então pra mim essas são as piores coisas.

Como você lida com os haters e as críticas na universidade?

É muito ruim você estar fazendo algo que gosta e outras pessoas simplesmente falarem mal de você, lhe jugar, só deixar comentários maldosos. Tento aguentar de tudo. Busco me aproximar de pessoas do bem e que gostam do meu trabalho. O que muita gente não sabe é que só porque estamos na internet temos que ser fortes e felizes o tempo inteiro, mas a vida real não é assim. Quando eu comecei na universidade, as pessoas me reconheciam e logo soltavam comentários. Me esquivava demais das pessoas, não sabia como lidar. Me acham metida porque tenho um blog e ganho coisas. Mas hoje trato todos da mesma maneira: se me tratam mal, eu dou um sorriso, se me tratam bem, da mesma forma.

Em algumas de suas fotos você utiliza roupas um pouco ousadas. Nunca ninguém falou mal das suas roupas pelo fato de você ser Adventista?

Já… As pessoas não entendem que eu preciso encarnar um trabalho. Tem muitas pessoas que são muito tradicionais e acham que pelo fato de eu ser evangélica tenho que ser uma pessoa totalmente tradicional e não posso me adequar ao meu estilo.  Eu nunca visto algo que não me sentiria bem comigo mesma ou que estivesse sujando a religião que eu sigo.

Uma roupa que você não usaria…

A moda todo dia lança várias tendências. Tem umas que nunca usaria, como a pantacourt (calça pantalona mais curta). Eu acho super feio, não usaria na vida! E coisas chamativas demais, porque a ideia do meu blog é criar minha própria tendência e não ser ditada. É dar liberdade para que as pessoas possam criar também, ser quem elas querem.

Você ganha com o blog? 

Página do Blog Overdose Trend (Reprodução)
Página do Blog Overdose Trend (Reprodução)

Sim, eu ganho dinheiro. Já trabalhei em assessoria, fui social media, e ao mesmo tempo diretora de redação de uma revista daqui de Imperatriz, enfim. Quando percebi que eu estava ganhando mais com o blog do que com esses trabalhos, resolvi largar esses outros e me dedicar totalmente ao meu blog, apesar de que ainda não é que eu pretendo ganhar. Mas com esse dinheiro eu já investi em equipamentos. Ano passado comprei câmera, lente para a câmera, softbox, um novo celular e agora estou investindo em viagens para enriquecer o blog.

Como você faz pra conseguir parcerias?

Eu nunca fui atrás de parcerias, as pessoas sempre foram me vendo. E aqui em Imperatriz foi até engraçado. Quando me viram na (TV) Mirante, uma loja entrou em contato comigo e pediu pra que eu fosse fazer umas fotos. Então depois que essa loja passou a me convidar (era uma franquia na cidade, porque a empresa mesmo era sediada em outros lugares), foram abrindo outros espaços, mais de fora do que da cidade. Rola reconhecimento agora em eventos, tipo, as pessoas costumam me convidar, mas isso foi acontecendo aos poucos, por causa também do meu instagram que começou a crescer.

Acontece muito de pessoas que tem somente um perfil de sucesso nas redes sociais ou um vlog serem chamadas de blogueiras, você concorda com isso?

Não. Eu estava conversando sobre isso recentemente, porque uma assessoria tinha errado. Colocaram a pessoa como blogueira e a mesma só tinha instagram. Mas da onde? Blogueira é quando a pessoa tem um blog e se dedica aquilo. Para mim se a pessoa tem um instagram legal, muita gente segue, e ela acaba se tornando influente a partir disso, ela é uma influente digital.

O que você recomenda para uma pessoa que está iniciando um blog?

Se a pessoa realmente quer, ela tem que investir e se dedicar, não esperar que tudo caia de “mão beijada”. Muitos acham que eu consegui as coisas assim que criei meu blog, mas não, tem que se dedicar, fazer por amor e manter o ritmo sempre.