Até setembro, 55 cães com Calazar foram sacrificados em Imperatriz

Texto: Igor Aguiar e Deglan Alves

Fotos: Deglan Alves

 

O número de casos positivos em cães da leishmaniose visceral, também conhecida Calazar, foi de 329. Só até setembro, desses, 55 foram sacrificados, segundo o Centro de Controle de Vetores de Imperatriz. Já em 2018 foram diagnosticados 703 e um total de 221 cachorros foram submetidos à eutanásia. O medo de contrair a doença é o principal motivo dos donos levarem seus cães para serem sacrificados.

O advogado Ozeas Nunes tinha um cãozinho chamado Luke, da raça Yorkshire, há mais de um ano, e percebeu um ferimento no focinho dele. Nunes então o levou a uma veterinária que deu o diagnóstico positivo para o Calazar. Ele comenta que apesar da médica ter oferecido um tratamento para o cão, ficou receoso e com medo da doença atingir os filhos. “O que levou a sacrificar o Luke foi a questão dos meus filhos, porque eles brincavam muito. Isso me deixou muito preocupado e pra preservar a vida deles eu resolvi tomar essa atitude”, justifica.

Doença pode ser tratada, mas não curada

O coordenador da Unidade da Vigilância de Zoonoses, Paulo Henrique Soares, fala que essa é uma ação frequente por conta das pessoas pensarem que o cão é o vilão da história. Ele esclarece que na verdade acontece é que a Leishmaniose visceral é transmitida pela fêmea do mosquito palha. Soares comenta que a transmissão acontece exclusivamente pelo mosquito e nunca do cão para o ser humano.

O coordenador diz que recebe diariamente cerca de 10 a 15 ligações com pedidos da população para submeter os cães à eutanásia, porém ele deixa claro que para isso ocorrer são necessários pelo menos dois exames com resultado positivo para o Calazar. O teste rápido para detectar o Calazar é feito por amostra de sangue retirado da parte de trás da orelha do cão e o resultado é dado em 20 minutos. Depois disso o tutor do cão pode levá-lo ao Centro de Controle de Zoonoses para fazer a sacrificação do animal. Soares explica que o processo de eutanásia se dá primeiramente na sedação do cão, depois ele é anestesiado e por fim aplica-se a injeção letal, todo esse procedimento dura cerca de cinco minutos até o óbito do animal.

 Morte pode ser evitada

A médica veterinária Leidianny Oliveira fala que a sacrificação pode ser evitada por meio de tratamento. Contudo, ela explica que além do tratamento ser caro, não se tem cem por cento de eficácia e infelizmente a doença não possui cura, pois o protozoário ainda fica concentrado no organismo do cão. “Existe tratamento, porém não existe cura. A cura é sintomática e o cão não apresenta mais os sintomas da doença”, explica.

Ainda assim, Leidianny defende o tratamento e comenta que o cão consegue ter uma vida normal e sem sinais visíveis da doença. Ela explica a respeito dos sintomas do Calazar que são basicamente queda de pelo, febre, lesões na pele e crescimento anormal das unhas. A médica ainda conta que o controle da doença é feito por meio da vacina que é dada a partir do quarto mês de vida do filhote em três doses a cada 21 dias, com reforço anual.

Ela informa ainda que o preço médio da vacina varia de R$ 150,00 a R$180,00. Outra forma de prevenção contra o Calazar é o uso de coleiras repelentes que chegam a custar R$ 145,00, e devem ser trocadas a cada cinco meses. Além disso, deve-se ter os ambientes sempre limpos e livres de lixo e material orgânico em decomposição, já que o mosquito vive basicamente em locais sujos e sem saneamento adequado.

Serviço:

Centro de Controle de Zoonoses

Para procedimentos de eutanásia, teste rápido da Leishmaniose, consultas e exames de Calazar, basta o interessado levar o animal até a unidade.

Funcionamento: Segunda a Sexta-feira, das 8h às 17h.

Endereço: Rua Coletora Um, BR 0-10, s/nº, Bairro Conjunto Vitória, próximo ao Parque de Exposições.

Telefone: (99) 99631-2604.