Empreendedores de 12 estabelecimentos da região fortalecem o mercado local
Rita Maria
A culinária artesanal de bairro é um negócio que gera renda, emprego, movimenta a economia e supre a necessidade de quem não tem tempo de preparar uma boa comida. No bairro Bom Sucesso, em Imperatriz, 12 estabelecimentos do gênero, a maioria familiares, oferecem opções que vão do espeto ao tradicional prato feito.
Maria Leandra de Sousa, 42 anos, é proprietária do restaurante Bisteca na Brasa, localizado na Avenida Industrial. Uma história que nasceu há dez anos, a partir de um problema de enfermidade que aconteceu com seu esposo, Osvaldo Batista. Por conta disso, a família, que morava no estado do Pará, precisou mudar-se para Imperatriz (MA). Foi aí que, a ideia, antes apenas um pensamento, virou realidade.
O restaurante tem oito funcionários, sendo que cinco são pessoas da família. A empresária explica que as principais vantagens de ser uma empresa familiar é que todos têm as mesmas responsabilidades. Não tendo que se preocupar com as tarefas diárias, pois, todos trabalham com os mesmos objetivos, já que os lucros são divididos entre eles. O cardápio é bastante variado: arroz de cuxá ou branco, fava misturada, baião-de-dois, Maria-Isabel, salada, farofa, e três tipos de carnes assadas na brasa. “Uma das vantagens é que o cliente pode montar seu prato, escolhendo uma dessas variedades”, destacou a proprietária.
Estratégias
O cardápio das refeições é pensando com cautela e a encomenda das carnes é feita mediante reserva. É preciso pegar tudo na primeira hora da manhã. “E aí a gente vai pegar as verduras, que são compradas todo dia, bem cedinho. O preparo da comida mesmo, começa às 15h30. Faço tudo, arroz, salada e farofa. O restaurante abre às 18h e fecha às 21h30”, informa Maria Leandra.
Ela lembra que, no começo, o negócio era pequeno e não tinha expectativa de ser o sucesso que é hoje. “A nossa renda é toda daqui. Encontrei no bairro Bom Sucesso o que não encontrei em lugar nenhum”, frisou a empresária. A empreendedora ainda afirmou que já comprou sua casa própria, o seu carro, e hoje está investindo no setor imobiliário do bairro, onde possui vários imóveis alugados. Tudo isso foi fruto do seu trabalho com a comida caseira. Com uma produção de 300 marmitexs por dia, o negócio conquista cada vez mais o paladar da vizinhança, e de outros bairros. “Tudo que faço é com muito prazer, me sinto uma pessoa completa. É como se eu tivesse me achado. Ah, é mais do que sonhei”.
Especialidades
O universo da comida caseira de bairro é muito grande, são várias opções de pequenos restaurantes. Alguns se destacam pela diversidade de pratos, já outros, vendem apenas um tipo de comida. É o caso do Braseiro Campos, especializado em frango assado. O que todos têm em comum é o segredo do tempero caseiro de cada chef. Nenhum deles, porém, revela qual o ingrediente utilizado no alimento para deixá-lo tão saboroso.
O manusear das grelhas e o controle das labaredas dita o ritmo do trabalho no Braseiro Campos. É assim que Thiago Jefferson da Silva Campos, 34 anos, começa a sua rotina de empreendedor. Especialista na venda de frango assado, na Avenida Industrial, o empresário relata que começou a trabalhar por conta própria, sete anos atrás, quando tomou a decisão de deixar o emprego de motorista de caminhão para investir no seu próprio negócio. O apoio veio do seu tio, Manoel de Sousa Lima, que tem um comércio na cidade, no mesmo segmento. ”O começo foi difícil, pois tinha poucos recursos para bancar o investimento. Não tive incentivo financeiro do governo para abrir a empresa”, afirma Thiago.
Jefferson informa que o frango precisa ser temperado um dia antes. “Tem vários processos para trabalhar com esse ramo. A pessoa tem que se antecipar, porque se for trabalhar em cima da hora, não dá tempo, é muito puxado”. O dono do Braseiro Campos enfatiza que, apesar das dificuldades com a alta do frango, da embalagem e do carvão, produtos essenciais para o giro do negócio, são vendidos diariamente, 60 quilos, uma média de 720 unidades por mês, gerando um rendimento de R$ 23 mil mensais.
No restaurante trabalham três pessoas da família, Thiago, sua esposa, Adriana Mesquita de Oliveira e sua filha, Franciele Mesquita Campos. Vender, embalar, entregar e passar o troco: tudo precisa ser feito com agilidade, pois o cliente sempre chega apressado.
A clientela, bastante diversificada, é composta por trabalhadores do comércio informal, funcionários públicos e donas de casa. Quando querem fugir de suas rotinas, ou estão cansadas, recorrem a esse tipo de serviço. Elizabete de Araújo, dona de casa e moradora do bairro, disse que prefere a comida caseira, por ter um sabor muito bom. “É por ser semelhante com o que preparo em casa. E também porque é barato e, por ser próximo de minha casa, isso economiza meu tempo”, disse a cliente.
Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística, chamado Meu Canto Também é Notícia. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar histórias jornalísticas em seus próprios bairros. Essa é a primeira publicação oficial de todas, todos e todes.