Por: Ana Luiza Palmeira
O início de ano traz consigo um alerta sobre a saúde mental, especialmente no Brasil, onde um relatório do Global Mind Project, revela que 34% dos brasileiros se sentem “angustiados” com questões emocionais, um número superior à média mundial. Jovens com menos de 35 anos são os mais afetados, refletindo uma crescente preocupação com o bem-estar mental da população. A psicóloga Bruna Vitoriano destaca a importância de falar sobre o tema para promover uma conscientização mais ampla, que envolva não apenas os indivíduos, mas também a sociedade como um todo.
O movimento Janeiro Branco, que busca sensibilizar a população sobre a importância da saúde mental, ganha força. A crescente ansiedade é um reflexo de uma sociedade cada vez mais pressionada por desafios emocionais e sociais. Para a psicóloga Bruna, a conscientização sobre saúde mental vai além de simplesmente discutir problemas individuais. “É preciso entender que a saúde mental está ligada a um contexto mais amplo, que envolve políticas públicas, leis e a sociedade”, explica.
Também ressalta a necessidade das ações governamentais que ocorrem durante o Janeiro Branco, como a mobilização de psicólogos em comunidades rurais, escolas públicas e privadas, para promover diálogos sobre saúde mental com professores, pais e alunos. Embora reconheça que ainda há muito a ser feito, Bruna acredita que o movimento tem potencial para crescer.

O artista e vereador Whallasy Oliveira, que compartilha abertamente sua trajetória com a saúde mental, revela a motivação pessoal que a impulsiona a lutar por essa causa. “Eu sinto que tenho uma missão muito grande com a saúde mental, algo que está muito ligado à minha própria experiência”, conta. Em busca de transformar sua dor em ação, Whallasy decidiu iniciar o curso de Psicologia acreditando que pode contribuir para um entendimento mais profundo e uma conscientização mais eficaz sobre o tema.
Ele enfatiza o compromisso pessoal que assumiu em relação à saúde mental, reconhecendo sua importância. “Vou atrás de algo que sei que será uma missão pessoal: ajudar pessoas de outra forma. A saúde mental é algo tão sério, e, por mais que muitas vezes a gente banalize o sofrimento alheio, é uma questão muito grave”, afirma.
Bruna, destaca a importância da prevenção e do cuidado constante com a saúde mental. Para ela, a prática de hábitos simples, como a atividade física regular voltada para o bem-estar emocional, é essencial. “Os exercícios físicos são uma ferramenta imprescindível para o cuidado da saúde mental”, afirma. Ela também ressalta a importância de uma alimentação saudável e o ato de se desconectar das telas para se engajar em interações sociais, como conversas informais no cotidiano.
E, para ela, outra dica para promover o bem-estar emocional é a psicoterapia. “É o famoso passo coringa. A psicoterapia é um espaço de segurança e acolhimento onde a pessoa pode explorar suas emoções, seus pensamentos e desafios com um profissional”, diz. Ela explica que, por meio do diálogo, os psicoterapeutas ajudam os indivíduos a entender melhor suas experiências, desenvolver habilidades emocionais e construir uma vida mais alinhada com seus valores pessoais.
A psicóloga acredita no potencial do Janeiro Branco para promover mudanças na conscientização sobre saúde mental. “Espero que essa campanha use este mês para disseminar informações científicas, pautadas em dados corretos, e que possamos conscientizar a sociedade sobre a importância dos serviços de saúde mental”, afirma. Destaca a relevância do Sistema Único de Saúde (SUS) no cuidado da saúde mental, mencionando que, apesar de ser um sistema relativamente novo, ele já contempla serviços especializados nessa área.
Para ela, a crescente discussão sobre cuidar de si e dos outros, tem sido um reflexo positivo do movimento. “Os psicólogos estão cada vez mais falando sobre a importância de cuidar de nós mesmos e do outro, e isso é um passo crucial”, conclui.