Cantores e compositores maranhenses, como Cruz Gago, são homenageados durante a premiação dos vencedores da 15° edição do XIV Festival de Música de Imperatriz.
Por: Iago Sousa

Glória Amorim e os finalistas do festival cantando “Tentei te esquecer” em homenagem a Cruz Gago. Foto: Iago Sousa
Diversos artistas da música maranhense, como o cantor e compositor, Cruz Gago, autor de “Tentei te esquecer”, canção que se tornou sucesso nacional na voz de várias duplas de sertanejo, como Matogrosso e Mathias, e César Menotti e Fabiano, foram homenageados durante a premiação dos vencedores da competição musical que ocorreu no último domingo (26), durante a noite de encerramento do XIV Festival de Música de Imperatriz (FMI), evento criado, há 14 anos, por Zeca Tocantins e Neném Bragança, que ocorreu entre os dias 24 e 26 de outubro, na praça da Bíblia, no bairro Bacuri.
Zeca Tocantins, organizador do evento e autor de músicas como, Mestiço e Mapará, diz que o FMI foi criado como forma de estimular as composições autorais e incentivar os artistas locais a apresentarem suas obras para a população. “A música autoral precisa de ouvidos. Ela é diferente. Ela não é mais do que outra coisa, mas ela é diferente. Então a gente precisa de um festival para que as pessoas escutem”. No total, 24 músicas foram apresentadas durante os três dias do festival.
Além das músicas tocadas durante a competição, a programação do festival contou, também, com a apresentação de várias bandas e cantores de Imperatriz. O primeiro dia ficou por conta das bandas Samba de Siá e Milenial. O segundo dia teve show das bandas Madame Lulu e ADL. A cantora Glória Amorim e a banda Guetos foram as atrações da noite de encerramento.
Para Lena Garcia, integrante da banda Samba de Siá, o festival é uma fonte de cultura e integração entre cantores de diferentes regiões do Brasil. Ela conta que já participou da competição duas vezes como concorrente. “Ganhei duas vezes, as duas vezes que eu concorri. E hoje, participo só como atração. É uma alegria muito grande saber que esse festival ainda acontece na cidade”.

A banda de samba, Samba de Siá, abre a programação da noite de abertura do FMI, na sexta-feira (24). Foto: Iago Sousa
A banda ADL volta aos palcos, após 24 anos de pausa na carreira, como uma das atrações principais da programação da segunda noite do FMI. O vocalista do grupo, Chico Martan, foi um dos concorrentes na eliminatória municipal, interpretando a música de sua própria autoria “Palavras”. Ele conta que já participou de outros festivais como o FMI. “Já fiz isso antes em um outro festival que era tradicional na cidade, o Faber. A banda ADL foi a banda base do Faber”.

A banda ADL anima a noite do segundo dia do FMI cantando os clássicos dos anos 70 e 80. Foto: Iago Sousa
A cantora Glória Amorim, 29 anos, filha de Cruz Gago, que morreu em 2021, vítima de Covid, abriu a programação da última noite do festival e aproveitou a oportunidade para convidar os finalistas da competição ao palco para cantar a música “Tentei te esquecer” em homenagem ao pai. “Lembrar do meu pai é muito emocionante. Quando eu canto as canções dele, lembro de tudo que a gente viveu, dos momentos bons, da história dele”, desabafa Glória.

A cantora Glória Amorim foi a primeira atração da noite de encerramento do FMI, no domingo (26). Foto: Iago Sousa
As próximas edições do FMI não serão mais realizadas em Imperatriz. A partir do ano que vem, outras cidades da região, como João Lisboa, Senador La Rocque e Porto Franco, sediarão o evento. “Imperatriz enfraqueceu demais culturalmente. Vou fazer em outro lugar, em outra cidade. Com certeza vai ter uma resposta que vai ser bem melhor, muito mais positiva. Infelizmente é assim”, explica Zeca Tocantins.
Etapas e premiação
A competição é dividida em três etapas, duas eliminatórias, das quais uma é municipal, para composições locais, e a outra é nacional, para obras de várias regiões do Brasil, e uma fase final. No total, foram inscritas quase 200 músicas, das quais, apenas 24 foram escolhidas para concorrer no festival, sendo 12 de representantes de Imperatriz e 12 de compositores de todo o país. Em cada etapa eliminatória são selecionadas seis músicas para a fase final.
A premiação é dividida em duas categorias, a municipal, exclusiva para as composições locais, que premia as três músicas mais bem avaliadas, e a nacional (geral), que contempla as três melhores obras nacionais, a melhor letra e a canção favorita do público. O valor total entregue em prêmios é de R$ 23.500. Além do dinheiro, os vencedores recebem troféus com nomes de cantores e compositores maranhenses, como Cruz Gago, como uma homenagem.
Na categoria municipal, as três músicas mais bem colocadas entre as seis selecionadas para a final, recebem prêmios em dinheiro:
- 1° lugar: R$ 2.000,00 + Troféu
- 2° lugar: R$ 1.500,00 + Troféu
- 3° lugar: R$ 1.000,00 + Troféu
Na categoria nacional (geral), as 12 músicas finalistas concorrem aos seguintes prêmios:
- 1° lugar: R$ 7.000,00 + Troféu
- 2° lugar: R$ 5.000,00 + Troféu
- 3° lugar: R$ 3.000,00 + Troféu
- Melhor letra: R$ 2.000,00 + Troféu
- Aclamação popular: R$ 2.000,00 + Troféu
Uma comissão de jurados convidados avalia as músicas e seleciona as três melhores em cada uma das categorias, municipal e nacional. A premiação “Melhor letra” é decidida por uma comissão designada pela Academia Imperatrizense de Letras, e a “Aclamação popular” é feita por meio de votação aberta ao público.
O professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Alexandre Maciel, integrante da comissão de jurados convidados, explica que a avaliação das músicas e votação dos vencedores seguiu três critérios avaliativos: a composição, o arranjo e a interpretação. “Metade do júri era técnico musicalmente, eram músicos e a outra metade era composta por pessoas que gostam de música, professores, especialistas. Então ficou um debate interessante na parte técnica”, revela o professor.
Vencedores

Vencedores do FMI tiram fotos juntos após a premiação, na última noite do festival. Foto: Iago Sousa
Os vencedores do festival receberam os prêmios da mão de artistas, integrantes de instituições públicas e outros representantes da cultura de Imperatriz, como a cantora, Glória Amorim, e a professora da UFMA, Yara Medeiros, que anunciaram os dois primeiros lugares da categoria municipal, Charles Oliveira, ex-presidente da Fundação Cultural, entregou o prêmio de “Aclamação Popular”, a presidente da Academia Imperatrizense de Letras, Edna Ventura, premiou a “Melhor letra” e o juiz da Vara Agrária, Delvan Tavares, apresentou os vencedores da categoria nacional.
Saymon Diz, vocalista da banda de reggae, Velho Bob, venceu o maior prêmio da categoria municipal com a música de própria autoria “Sempre será seu”. Ele conta que ficou surpreso com a conquista por ser a primeira vez que participa de um festival local como o FMI. “Eu fiquei um pouco surpreso. Você vê tanta gente boa, tanta música boa. E a sua se destacar. É maravilhoso”. O cantor revela que, futuramente, pretende produzir um videoclipe para a música.

Saymon Diz, vocalista da banda Velho Bob, recebe o maior prêmio da categoria municipal das mãos de Glória Amorim. Foto: Iago Sousa
Vinicius Lima, que alcançou o lugar mais alto do pódio na categoria nacional, interpretando a música “Erupção do amor”, confessa que esse é o primeiro festival em que participa e que não esperava terminar a competição em primeiro lugar. O autor da letra, Edivaldo Santos, explica que a inspiração para compor a canção veio durante uma pausa no casamento. “Achando que a gente estava brigando muito, resolvemos dar um tempo. Eu vi que sofrimento não é viver brigando. Sofrimento é viver na solidão. Então daí veio a ideia”.

Vinicius Lima e Edivaldo Santos, intérprete e autor da música que alcançou o primeiro lugar na categoria nacional, no palco recebendo o prêmio. Foto: Iago Sousa
Ludi Sousa conquistou dois prêmios, o de terceiro lugar, na categoria nacional, e o de melhor letra, com a música de sua autoria “Sinaleiro”. Ele veio de Manaus, mas é natural do Maranhão, e já morou em Imperatriz. O cantor fala que receber o prêmio de melhor letra foi uma forma de firmar sua obra. “Sou amante da literatura e da poesia. O prêmio de melhor letra só valoriza o meu trabalho poético”.

Ludi Sousa foi o participante mais premiado do festival, conquistando “melhor letra” e o 3° lugar na categoria nacional, por uma música de sua autoria. Foto: Iago Sousa
Fausta Santos conquistou a maioria do público com a apresentação da música de sua autoria, “Improvável”, e venceu o prêmio de “Aclamação Popular”. A inspiração para compor a letra veio da Bíblia, de uma passagem do livro de Samuel. A cantora conta que, apesar do sucesso de sua obra e da vitória na premiação, se perguntou se poderia inscrevê-la no evento por se tratar de um gospel. “Perguntei para alguém da Secretaria da Cultura se eu poderia enviar [a música]. E ele disse que sim, que sendo gospel, funk, qualquer outro ritmo, é música”.

Fausta Santos, vencedora do prêmio de “Aclamação Popular”, junto de sua mãe (esquerda) e madrinha (direita), que estiveram no festival na torcida. Foto: Fausta Santos
Resultado
Categoria Municipal:
- 1° lugar: Sempre será seu – interpretada e composta por Saymon Diz
- 2° lugar: Bem que vim – interpretada por Quesia e Raquel, e composta por Erasmo Dibell
- 3° lugar: Terra de quem? – interpretada por Lucivan Brilhante e composta por Paulo Maciel
Categoria Nacional (geral):
- 1° lugar: Erupção do Amor – interpretada por Vinicius lima e composta por Edivaldo Santos e Lucimar
- 2° lugar: Nova Era – interpretada por Jaivânia Araújo de Souza e composta por Agmael Lima e Charles do Arraes
- 3° lugar: Sinaleiro – interpretada e composta por Ludi Sousa
- Melhor letra: Sinaleiro – interpretada e composta por Ludi Sousa
- Aclamação popular: Improvável – interpretada e composta por Fausta Santos
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