Vida de imigrante: Imperatriz recebe, em sua maioria, colombianos e venezuelanos

Texto e apuração: Luiza Amanda e Dhara Inácio

Foto: Arquivo pessoal

Em Imperatriz, a Polícia Federal atendeu, em média, em 2022, no primeiro semestre, nove registros de imigrantes por mês, sendo o maior número de colombianos, seguido pelos venezuelanos. Um dos imigrantes, que não quis se identificar, afirma que deixou a Venezuela porque a economia do país está ruim e veio para a segundo maior cidade do estado, por indicação de um amigo. “Ele falou para eu vir aqui no Brasil, Imperatriz, Maranhão, aí me aventurei”, relata.

Ele mora no município há dois anos e seis meses e relata que já teve uma experiência de trabalho, como assistente técnico em telefonia. Quando imigrou trouxe suas ferramentas e começou a procurar emprego nas ruas de Imperatriz. Hoje em dia ele tem um filho e é casado com uma mulher brasileira. Quando chegou ao Brasil, atravessando a fronteira, trazia somente o passaporte e vinha em companhia do amigo, que estava dentro da lei. “Quando chegamos à fronteira, tivemos que tirar o documento de identificação, que só chegou com dois meses”, salienta.

As dificuldades enfrentadas por um imigrante dependem muito se a pessoa possui uma atividade profissional ou uma formação. “Porque eu conheço muitos imigrantes venezuelanos e colombianos que não sabem fazer quase nada. Não têm estudos ou profissão e isso afeta bastante para quem quer construir algo aqui”, ressalta. Ter uma profissão ajudou muito o imigrante no aprendizado da língua portuguesa, que foi bem rápido. “Eu sei me virar sozinho e isso influencia muito em um imigrante”, diz o técnico.

Trajetória de empresário

Já Vitório Gazzani, 57 anos, italiano, conseguiu montar empresas pelo Brasil. Relata que não é imigrante clandestino, tirou o seu visto na PRF (Polícia Rodoviária Federal) e há 12 anos ele está regular no Brasil. “Antes de sair da Itália, eu estava na dúvida entre o Brasil e a Austrália, e quando cheguei ao aeroporto estava sem bilhete para avião. O primeiro voo que saiu foi para o Brasil, considerei uma mera coincidência, e embarquei”, relembra Gazzani.

Empresário Vitório Gazzani vive em Imperatriz há cinco anos e no Brasil há 12

Começou a trabalhar como voluntário assim que chegou e logo teve a ideia de montar um pequeno negócio, que foi se expandindo. Hoje em dia Gazzani tem empresas por alguns lugares do país, como São Paulo (SP), Açailândia (MA) e Imperatriz (MA). O nome escolhido para suas lojas foi “Buguelos”, que no sul do Brasil significa “menino”. Quando chegou ao país, seguiu para Recife (PE) e conheceu um italiano que o levou para Belém (PA). Depois, fez amizade com um outro italiano, que o guiou para São Luís (MA). “Amei bastante a Grande Ilha”, esclarece o empresário.

De São Luís, Gazzani seguiu para  para Açailândia, onde percebeu que não iria conseguir se desenvolver muito bem. “Senti os negócios piorando”, conta. Logo depois, rodando e conhecendo gente de todo o tipo, veio parar em Imperatriz. Não foi fácil para um estrangeiro, que às vezes não é bem-visto. Quando vai no Matheus Supermercados, Gazzani repara, por exemplo, que cariocas e paulistas falam com ele,  mas os maranhenses parecem ter certo receio em cumprimentá-lo.

O empresário já reside em Imperatriz há cinco anos, possui família, tem um filho morando com ele, mas hoje está separado. “Minha ex-mulher era bem jovem e o casamento não deu muito certo, mas o término não foi motivo de muitas brigas”, explica. Gazzani é filho único e nasceu quando a sua mãe  tinha 44 anos, mas diz que ela já faleceu. Quando ainda estava na Itália, largou a universidade cedo e foi arrumar trabalho.

“Não acho muito diferente aqui e lá, porque acredito que se você mora em uma capital é bem mais complicado e perigoso em todos os lugares”, afirma. Imperatriz é bem quente em relação à sua terra, porque ele morava embaixo de uma montanha e lá o hemisfério, em alguns momentos, alterna o tempo quente e frio. Durante o inverno, no local onde Gazzani morava, as temperaturas mais baixas variavam de 10º a 15º e, as mais altas, de 40º a 45º graus.

Ele diz ter vindo para o Brasil com a possibilidade de fazer negócios pois, com 40 anos, quis começar tudo de novo, motivo que lhe impulsionou a sair da Itália. “E a razão desse recomeço não foram questões econômicas e, sim, psicológicas”, explica. No Brasil, a cidade que Gazzani mais gostou, se tratando de capital, foi João Pessoa (PB), porque achou bem tranquila. Acrescenta que considerou Belém (PA) mais perigosa que São Paulo. “Eu gosto bastante daqui de Imperatriz, achei uma cidade tranquila, segura e calma”, ressalta o empresário.