Tudo sobre o mundo da enfermagem: entrevista com a criadora de conteúdo Kelly Barbosa

Repórter: Elizangela Almeida

Fotos: Kelly Barbosa (Arquivo pessoal)

Cabeça:

Com mais de 3.210 seguidores no Instagram e 382 publicações sobre resumos, dicas de conteúdos e rotinas no curso de enfermagem. A criadora de conteúdo digital Kelly Barbosa (26) cursa o 8º período do curso de Enfermagem na Universidade Federal do Maranhão, Campus Bom Jesus. O programa encontro com Fátima Bernardes é fonte de inspiração para o nome da sua página: “Enfcomk” (Enfermagem com Kelly), a rede alcança 6.135 contas no mês e 4.816 usuários acompanham os conteúdos, mas não seguem a conta.

A Influencer (influenciadora) compartilha uma publicação por dia e 7 por semana, incluindo os posts de carrossel com textos sobre doenças e a respeito da portaria do Sistema Único de Saúde (SUS), e dois reels interativos por semana para os seguidores do curso de medicina, pedagogia e para os que desejam um cronograma de estudos.

No início os posts eram publicados duas vezes por dia e 5 reels na semana para dar engajamento à página. O cronograma de postagem é feito pelo site launch calendar (calendário de lançamento), onde as legendas e assuntos planejados são postados entre  12:00 e às 18 horas. Por meio de uma função da rede social é possível saber a quantidade de usuários que salvam os posts, a partir disso dar para planejar as próximas dicas de temas.

Desde o ensino médio ela organiza resumos para o vestibular. Através de conselhos dos amigos, surgiu a ideia de vender os trabalhos produzidos, pois os seguidores elogiam, enviam mensagens no direct e fazem pedidos. Hoje universitária, ela sente orgulho em compartilhar saberes e trocar experiências com os estudantes pelo studygram (Instagram de estudos).

Para os estudantes que planejam ser criadores de conteúdo digital a primeira dica da influencer é o planejamento, escolher a paleta de cores, qual nicho participar e o nome da página. A segunda dica é começar a produzir conteúdos de seu interesse, nunca vai estar perfeito, mas você precisa iniciar com o mínimo de organização.

Os conselhos da criadora de conteúdo para os alunos de enfermagem manterem disciplina na vida acadêmica é a organização (risos), faça horas complementares nos primeiros períodos da graduação, realize publicações de trabalhos de pesquisa e extensão, o que beneficia o currículo, desenvolvimento pessoal e o network (rede de contatos).

 Compartilhe a sua rotina nas redes sociais para manter a visibilidade, saiba a hora de descansar, não ignore as matérias básicas do início curso como a citologia e anatomia, pois na hora específica você pode precisar. Por último, faça bons amigos que lhe ajude a tirar dúvidas e estudar, o que torna o caminho mais fácil.

Acho interessante que as outras pessoas saibam e aprendam da forma correta

IN- A cor principal da sua paleta de cores do Instagram é o roxo. Por que você escolheu essa cor?

Kelly: No início a minha paleta de cores era verde, a cor da enfermagem. Porém, vendo outras contas do Instagram as meninas usavam cores pastéis e rosa. Mas eu pensei: “Não, eu não gosto muito de rosa (risos) eu quero outra cor”. Pesquisando eu encontrei sobre a psicologia das cores, cada cor traz ao indivíduo uma sensação: o azul é calmo, o vermelho é sedução, paixão, essas coisas. “Eu me encontrei no roxo”, cor alinhada a criatividade, a esperança, espiritualidade na verdade e fé. Eu falei: ”gostei, vou usar o roxo como minha cor agora”.

IN- Quais os principais cuidados dos conteúdos que você publica para os seus seguidores, são sobre o que você aprende em sala de aula? Sim, basicamente a maior parte dos conteúdos é sobre o que vejo na aula teórica e na prática. É o que eu acho interessante que as outras pessoas saibam e aprendam da forma correta. Sempre listo o mais importante durante as aulas, em casa eu pesquiso nos Manuais do Ministério da Saúde e em site confiáveis.

IN- Quais materiais não podem faltar no momento da aula prática?

Kelly: O principal é o Jaleco, não podemos esquecer de forma alguma; Objetos de uso mais vitais como o GPI (máscaras), tocas, capote (uma roupa a mais por cima do jaleco). De uso pessoal é o esfigmomanômetro para aferir a pressão arterial, estetoscópio, termômetro, canetas e bloquinhos.

IN- Muitos seguidores acompanham o seu trabalho durante a semana e tem dúvidas sobre os recados que você compartilha. Por exemplo, como funciona o desconto da Sanar. Em seguida você responde todas as perguntas. Quais fatos levaram você a se torna uma criadora de conteúdo digital?

Kelly: Inicialmente o meu objetivo não era ser uma criadora de conteúdo. Eu só queria uma plataforma para vender os meus trabalhos. Encontrei a rede de estudo passeidireto, ainda uso para as publicações dos trabalhos. Só que eu desejei um alcance maior, com isso acabei criando o Instagram. Como o criador de conteúdo tem mais ferramentas para mexer no Instagram do que uma conta pessoal comum, criei uma conta como criadora de conteúdo.

IN- O seu trabalho científico “Cuidados de enfermagem ao paciente acometido com síndrome de Fournier em contexto hospitalar: revisão integrativa de literatura” foi aprovado para ser apresentado na XI Jornada Acadêmica de Enfermagem (JOENF) 2023 que teve como tema “Liderança e empreendedorismo na enfermagem novas perspectivas de cuidado” -. Como foi para você ter esse trabalho que fala sobre os registros de enfermagem e suas implicações na prática profissional aceito?

Kelly: Neste trabalho houve casos de pacientes no hospital que eu faço prática com a Síndrome de Fournier, o que me chamou bastante atenção, então eu pensei em fazer um resumo para levar a outras pessoas sobre essa síndrome. Não é comum encontrar trabalhos voltados para essa síndrome, inclusive os trabalhos que encontrei para usar de base não tinha dados atuais. Isso foi muito importante para mim levar esse assunto para a comunidade acadêmica, para os participantes e para os leitores dos anais.É uma felicidade ter um trabalho aceito, pois isso valida o seu conhecimento na área que você pesquisou e estudou.

IN- No evento SINADEN 2022 você disse que uma das suas maiores inspirações é a Polly, professora, enfermeira, mestre, doutora e conselheira COREN-DF e a sua principal frase é “Ensinar, transformar vidas e buscar o alto” e ela teve a oportunidade de dar assistência no hospital particular de São Paulo Albert Einstein. Por que ter ela como fonte de inspiração para a sua carreira e de fontes de ideias?

Kelly: Eu já acompanhava a professora pelo instagram, ela posta bastante sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem com o processo de Enfermagem, trabalho nessa área desde o início da faculdade. Onde ocorre a avaliação do paciente, levantamento de diagnóstico. Muitas pessoas acham que enfermeiro não faz diagnóstico, somente os médicos. A Polly é doutora nessa área que eu gosto. Eu a conheci nesse evento que aconteceu em São Luís, fui com uma colega e uma professora. Trocamos ideias, tiramos fotos, parabenizei pelo doutorado que ela tinha defendido recentemente. A doutora Polly me inspira porque ela já trilhou um dos caminhos que eu espero conseguir como trabalhar na rede SARA, rede hospitalar muito importante e trabalhar no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

IN- Na sua aula de prática hospitalar na Central de Material e Esterilização (CME), quais foram os seus principais desafios nessa aula prática e como foi fazer ela com os seus amigos?

Kelly: As aulas práticas são o ponto alto do estudante de enfermagem. É onde a gente realmente vai praticar e ter a vivênciacom profissionais que já trabalham na área. Quando nós estudantes de enfermagem vamos para um setor novo a gente tem que aprender o que os profissionais fazem ali, o que é novo. Na Central de Material e Esterilização (CME), o principal desafio foi na montagem das caixas cirúrgicas. A montagem é por cirurgia, por exemplo no caso da histerectomia (a retirada do útero), é utilizado uma pinça específica dentro da caixa cirúrgica. O que é muito instrumentado: diferentes tipos de tesouras, pinças anatômicas. Temos que saber o nome de cada um deles e a ordem para não colocar errado. As aulas práticas intercaladas por semana são feitas por divisões de grupos a partir da quantidade necessária.

IN- Você deu conselhos de quando usar o Scalp e Jelco, matérias presentes nos hospitais, qual a importância do uso desses materiais para o enfermeiro (a)?

Kelly: Os dois dispositivos são muito utilizados na enfermagem, principalmente na parte prática porque somos nós que vamos atender os pacientes para realizar a pulsão e administrar o medicamento antes de aplicar no paciente. É importante sabermos os tipos desses materiais, pois para cada pessoa é um número par ou ímpa de acordo com o tipo de veia.

Receber o piso para a enfermagem é um reconhecimento e valorização do trabalho exaustivo que os enfermeiros fazem

IN- Esse ano você esteve presente na manifestação para o aumento do piso salarial dos enfermeiros. O que motivou você a ir às ruas lutar por esse direito, qual a importância do piso para a formação dos enfermeiros?

Kelly: A luta pelo aumento do piso vem antes de eu cursar enfermagem. Receber o piso para a enfermagem é um reconhecimento e valorização do trabalho exaustivo que os enfermeiros fazem. O serviço no hospital gira em torno da enfermagem, o enfermeiro tem um trabalho gerencial na organização das atividades das UBS, nos centros cirúrgicos dos hospitais. Sem a nossa presença nada acontece. É importante dar esse apoio para quem já é profissional e precisa ter esse piso. Penso no futuro da minha profissão. Eu não quero chegar lá na frente, trabalhar muito, ganhar pouco e não ser valorizada. Com a pandemia vimos que os profissionais da saúde que mais deram a sua vida para os pacientes foram os enfermeiros. Uma classe que realmente merecer receber.

IN- Você já chegou a ser Diretora de Pesquisa da Liga Interdisciplinar de Estudos de Línguas Estrangeiras da UFMA (LIELE), uma liga voltada para o Ensino, Pesquisa e Extensão dentro da Universidade, quais foram as suas experiências adquiridas ao longo da sua carreira como a diretora de pesquisa dessa liga e os seus principais desafios?

Kelly: Nesse cargo a gente é responsável por fomentar pesquisas, publicar artigos, resumos em eventos na área da enfermagem. A minha função era estimular os alunos e capacitar eles para que pudessem produzir trabalhos de pesquisa. Eu tinha que conversar com os professores sobre as regras da ABNT, formatação de trabalhos e plataformas para pesquisa de dados como a scielo. Foi uma experiência gratificante para mim, era uma área que eu tive medo de ir pela falta de experiência com a pesquisa, foi um desafio.

Bate-bola:

IN- Uma Disciplina:

Kelly: Saúde do Idoso

IN- Um material de prática:

Kelly: Bloquinho de anotações

IN- Um destaque preferido:

Kelly: Práticas

IN: Uma frase que defina você:

Kelly: “Eu quero conquistar o mundo, vim só perguntar se você vem” -Djonga

Serviços:

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