Texto e imagens de Maron Neto
Após 150 dias sem transporte público, marcado por manifestações nas ruas de Imperatriz, o serviço voltou à regularidade. A Rio Anil Transportes (Ratrans), empresa de São Luís, chegou à cidade com uma frota de 40 ônibus entre estes 36 adaptados para portadores de necessidades especiais. Há 15 dias as atividades no terminal da integração voltaram à normalidade que, até então, estava servindo de abrigo para moradores de rua. O período de ausência também foi marcado pelo aumento no número de serviços de transporte clandestinos na cidade. Sem ônibus, os usuários que dependem do transporte público, precisaram recorrer a outros meios, como taxis lotação, vans.
A Ratrans deve continuar, pelos próximos 180 dias, prestando serviço pela mesma tarifa da antiga empresa, Viação Branca do Leste (VBL), sendo esta de R$ 2,70. O período corresponde ao tempo reservado à Prefeitura para abrir o processo licitatório e efetivar o contrato e regulamentar o serviço público de transporte da cidade – o que deve proporcionar maior conforto para todos que precisam do serviço cotidianamente.
As linhas da antiga empresa serão mantidas, porém, as rotas estão estendidas, passando por regiões que não eram transitadas. Além disso, o problema do atraso deve ser uma das principais diferenças em relação à VBL.
Mudanças
Em Imperatriz, o Movimento Pelo Transporte Público (MPTP), destacou-se por contribuir de forma direta para a saída da antiga empresa que costumava receber reclamações no que se refere à falta de responsabilidades com horários, acessibilidade a cadeirantes e deficientes, falta de segurança e manutenção dos ônibus, além do atraso no pagamento dos funcionários.
Para um dos representantes do MPTP e também usuário de transporte coletivo, Marcos Moreira Lira, que esteve envolvido com as manifestações ocorridas em 2015, em relação à nova empresa, não se pode dizer que esta tenha resolvido os problemas relacionados à VBL, porque a nova empresa está operando na cidade a menos de um mês, sendo assim, está passando por um processo adaptativo e se integrado a cidade.
“No caso, não é possível fazer uma avaliação ainda, em minha percepção cotidiana e pelo que tenho conversado com usuários, os ônibus conseguem cumprir os horários, e há acessibilidade para pessoas deficientes, quanto ao pagamento dos funcionários, não se saber ao certo, porque a menos de um mês estão trabalhando nessa nova empresa”, disse.
Marcos contou ainda que, quanto às rotas, por mais que tenham sido feitas algumas alterações, estão sendo seguidas de forma regular. “O horário está sendo respeitado ao meu olhar e percepção individual, e por informação de terceiros”, afirmou.
Em relação às reivindicações feitas pelo MPTP, no que se refere ao pagamento dos motoristas, nada ainda pode ser dito pois a empresa acaba de completar 1 mês de atividades na cidade. Mas, nos outros aspectos: acessibilidade, condições de veículos e horários, o serviço vem sendo realizado de forma regular.
Serviços
Os usuários de transporte coletivo em Imperatriz devem contar, agora, com um cartão recarregável, que no momento não está em funcionamento. Contudo, o gerente operacional da Ratrans em Imperatriz, Rone Carneiro, afirmou que os cartões devem estar disponíveis em um prazo de 10 dias.
Rone informou ainda que, os usuários de gratuidade e meia passagem podem continuar efetuando o cadastro do cartão, que está sendo realizado no momento no Centro de Convenções de Imperatriz, o local deve ser utilizado até que seja finalizado o terminal da empresa.
Para o cadastro é necessário apenas um documento de identificação com foto e não são cobradas taxas de adesão. No momento, até que os cartões sejam entregues, os direitos a gratuidade e meia passagem estão sendo garantidos por meio de passes, que podem ser adquiridos no guichê da empresa no terminal da Integração.
Em São Luís, está sendo utilizado o aplicativo “Meu ônibus Mob.” que atualiza os usuários sobre os horários dos ônibus que estão esperando e os pontos para embarque. A iniciativa é da Agência Estadual de Mobilidade Urbana e deve fazer parte da realidade de Imperatriz assim que o aplicativo for concluído.
Falta de segurança nos pontos
Mesmo com a alteração da empresa de transporte público, as condições de espera de quem depende do serviço continuam as mesmas. Além da ausência de infraestrutura, o que impede se esconder do sol e da chuva, também falta segurança, sobretudo para aqueles que utilizam o serviço pela noite.
O maior perigo enfrentado pelos usuários são os assaltos que, na ausência de postos policiais espalhados pela cidade, mantém-se como atividade cotidiana em Imperatriz. Para Twaiwanderson Sousa da Silva que utilizou o serviço de transporte coletivo da cidade por 19 anos, “mesmo não sendo possível saber o que pode acontecer, devido à fata de segurança, o medo de ser assaltado sempre esteve presente” disse.
Para ele, a falta de segurança vai além das paradas, que em muitos casos são apenas placas em ruas desertas e estende-se para dentro dos ônibus, principalmente para as mulheres “elas são assediadas dentro e fora dos ônibus”, afirmou.