Torneios de beach tennis representam crescimento do esporte em Imperatriz

Esporte praticado na areia tem reunido mais de 200 atletas de Imperatriz e cidades vizinhas

Marcos André da Silva, Luiza Ribeiro e Sebastião Rocha

Quadra de areia, raquete, bola e rede fazem parte do esporte que vem ganhando espaço e inúmeros adeptos em Imperatriz (MA): o beach tennis. A modalidade nascida nas praias cresceu e chegou aos centros urbanos, como comprovam os torneios que têm acontecido na cidade. Um exemplo é o Choco Beach, organizado pela também jogadora, Laila Bandeira, e que reuniu cerca de 200 atletas em dois dias do torneio promovido no mês de maio, na Premier Arena.

No espaço coberto, a arena possui cinco quadras de areia, onde as partidas masculinas e femininas aconteceram de forma simultânea, em meio à emoção e animação da torcida que estava na arquibancada e ao redor das quadras. “Tivemos mais de 202 inscrições e ficamos com a lista de espera de mais de 100 pessoas, então foi algo que realmente nem eu mesmo esperava”, informa Laila sobre a segunda edição do evento.

Beach Tennis tem conquistado grande número de adeptos na região (foto: Marcos André)

Dentre os inscritos, constaram competidores de cidades vizinhas e atletas de outras arenas de Imperatriz. É o caso da dupla Benedita Amorim e Nayanne Aguiar, que são atletas da Império Beach, arena localizada na avenida Pedro Neiva. Há dois anos e meio na modalidade, a dupla já foi campeã do torneio Imperatrizes e Imperadores, na categoria D. Benedita ressalta que a dupla começou a jogar logo no início da arena Império Beach, em 2021, quando havia apenas uma quadra para o esporte em Imperatriz.

“Hoje, a gente joga na categoria C. A categoria D é o pessoal que iniciando, ainda não tem malícia de jogo, não sabe muita movimentação de quadra. Na categoria C, a pessoa tem mais noção de jogo, já sabe dar um smash [golpe de ataque], já sabe dar um lob [bola longa por cima do adversário], uma curta”, explica Nayanne.

Henrique Vieira, 21 anos, começou a jogar beach tennis há oito meses. Ele é frequentador da Premier Arena e comenta que é fácil encontrar quadras para jogar em Imperatriz. “O número de quadras está crescendo bastante este ano. Mas, as pessoas continuam concentradas em três pólos principais: a Império, a Premier e a Pé Na Areia”, destaca.

Ao contrário de países do hemisfério Norte, como a Itália, berço do beach tennis, o Brasil tem clima propício à prática do esporte durante o ano todo. Não somente a disponibilidade de praias e o clima tropical, mas também a criação de clubes especializados e quadras para a modalidade, em academias e condomínios, possibilitam que a prática se difunda. Muitos eventos oficiais e torneios têm acontecido no país, e estes geralmente têm categorias para incluir várias idades e níveis de competição, o que possibilita agregar um público diverso.

Segundo Henrique, costuma acontecer um torneio por mês ou a cada dois meses, porém os bolões acontecem com bastante frequência. “Eu comecei a competir quando eu tinha completado dois meses de esporte. O primeiro que eu participei não foi exatamente um torneio mas, sim, um bolão organizado pela arena que eu frequento. Outro torneio em que eu participei foi o organizado pelo meu grupo, que se chama Os Furões. Esse torneio foi interno, com os participantes sendo somente aqueles do grupo e também alguns convidados”, relata o atleta.

Laila Bandeira também organiza a Copa BT Junina e o BT Solidário e explica que, além de promover o esporte, o Choco Beach foi um evento beneficente de páscoa. “Estou muito grata por cada um que participou, por cada um que apoiou, tivemos empresas que estiveram aqui conosco, seguro, degustações, com patrocínio em dinheiro para o custo do torneio. Estou muito feliz e realizada com esse evento, no qual o intuito principal são doações de ovos para crianças. Então, vamos conseguir atender quatro instituições, estou muito feliz e realizada, grata demais. Vamos para o próximo!”, conclui.

Benefícios e desafios

O beach tennis é um esporte novo e em constante crescimento em Imperatriz pois permite que muita gente aprenda a modalidade do zero ao mesmo tempo. É relativamente fácil e não tem muitos elementos de complexidade técnica. E, apesar de ter muitos desafios a serem enfrentados, em, no máximo, um ano já estava bem encaminhado na cidade. São muitas as motivações que atraem novas pessoas para a prática desportiva. Para Henrique, que conheceu o esporte a partir de um amigo, “é uma ótima opção de lazer e também uma ótima opção para fuga mental, no meu caso”.

A prática da modalidade também ajuda na queima de calorias, no fortalecimento da musculatura e melhora a coordenação motora, concentração e a flexibilidade. O esporte desperta um sentimento de pertencimento e gera socialização entre os participantes. “Eu comecei pra perder peso, depois me apaixonei pelo esporte. É divertido, é descontraído, a gente cria amizades, vínculos, conhece pessoas”, explica Nayanne.

O beach tennis teve seu início na Itália, nos anos 1970, e só chegou ao Brasil em 2008, pelas praias do Rio de Janeiro. Em 2023, segundo a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), o número estimado de praticantes do esporte era de 1,1 milhão. Quase o triplo do registrado em 2021, 400 mil. A popularidade do esporte, que começou no litoral, se interiorizou pelo país e hoje capitais como Brasília, Belo Horizonte, Teresina, Palmas e Cuiabá, a mais distante do litoral, são cidades-sede do circuito da Federação Internacional de Tênis.

Esporte nasceu na Itália e é oportunidade para se exercitar e se divertir (foto: Marcos André)

O Brasil tem atletas na elite do beach tennis e já ganhou quatro Copas da modalidade, uma a menos do que a Itália. Hoje, o país é considerado “a capital” do beach tennis e atrai também a elite italiana do esporte. Um exemplo disso é Michele Cappelletti, número 1 do mundo no esporte, mora e treina no Brasil.

Um fator crucial para a explosão no número de praticantes, entre 2021 e 2023, foi a pandemia de Covid-19. A ausência de contato físico e a prática em espaços abertos atraiu tanto aqueles que buscavam qualidade de vida quanto os que queriam continuar uma atividade esportiva sem riscos no contexto de uma crise sanitária.

Mesmo sendo um jogo democrático, não é ainda acessível a todos. Segundo Henrique, “querendo ou não, o  beach tennis é um esporte bastante elitista, todos os equipamentos de qualidade têm preços um pouco acima da média da qual a maioria pode pagar. Outro fator importante é que nem todo mundo tem R$ 20 ou R$ 30 todos os dias para pagar pelo uso das quadras. Mas acredito que essas dificuldades não se restringem somente a Imperatriz”.