Realizar exame de próstata ainda é tabu para homens

Mesmo com campanhas de prevenção, como o movimento Novembro Azul, os índices de câncer de próstata ainda são altos. Em pesquisa realizada em 2018 pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor é o segundo mais comum entre homens, tendo 68.220 novos casos. No Maranhão, há uma incidência de aproximadamente 35 novos casos para cada 100 mil homens, tendo um aumento de 1.220 ocorrências no estado.

Os exames preventivos ainda são um tabu para os homens, um estudo da empresa farmacêutica Bayer, feito em parceria com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) com homens acima dos 45 anos, descobriu que 49% nunca realizaram o exame de toque retal. Muitos motivos são associados a essa resistência, como a falta de conhecimento, preconceito e fatores econômicos.

Kalielton Ribeiro explica que os homens precisam realizar o exame preventivo a partir dos 40 anos. Créditos: acervo pessoal

Segundo o urologista, Kalielton Ribeiro da Paz, a maioria dos homens que o procuram assistência médica tem, em média, 55 anos e quase sempre já estão sentindo sintomas. Em contrapartida, ele ressalta que aumentou o número de pacientes que fazem o exame preventivo espontaneamente, “poucos homens hoje têm essa resistência, aqui em Imperatriz nos último cinco anos mudou drasticamente, eles já chegam no consultório pedindo para fazer o exame para certificar que está tudo certo”. 

Em um questionário feito de forma anônima, foi perguntado a homens entre 40 e 50 anos se já realizaram o exame prostático, e se não, o motivo de não terem feito. 80% responderam que fizeram apenas o exame de sangue (PSA), justificando que era apenas para prevenção.

A psicanalista, Silvana Ferreira de Sousa Alves esclarece o porquê dos homens ainda terem essa resistência, ela explica que a sociedade atual é muito patriarcal, e que eles ainda sofrem muita pressão para mostrar virilidade e masculinidade, preceitos que são ensinados desde a infância e que se estende na educação e no ambiente de trabalho. “Os próprios pais e mães educam os filhos dessa forma. Ele não pode chorar, não pode demonstrar que está sentindo dor, ele tem que ser forte o tempo todo. Há uma exigência dessa postura máscula na nossa sociedade, por isso existe tanto preconceito” diz Silvana Alves.