Rosa do Camarão: Uma Vida de Resiliência nas Margens do Rio Tocantins

Por Katherine Martins

Nos entornos ribeirinhos de Imperatriz-MA, emerge uma figura que personifica a resiliência e a paixão pelo rio: Rosinete Queiroz (47), conhecida como “Rosa do Camarão”, apelido dado por conta de seu marido, que é branco e fica vermelho quando se expõe ao sol – vermelho como camarão.

Com 18 anos dedicados à pesca, aprendeu o ofício com seu pai, Adãozinho Pescador: “quando eu era pequena, fui com meu pai pescar, e ele pulou em cima do boto pra salvar o peixe que ele tinha pescado. Hoje os peixes acabaram aqui”

Rosinete viu não apenas o cenário do rio mudar, mas também o curso de sua própria vida. O “silêncio” que agora ecoa nas águas do Rio Tocantins é um lamento palpável, uma melodia aquática que se perdeu. Onde antes dançavam cardumes vigorosos, vivos na memória de pescadores e cantadores, hoje permanece uma ausência angustiante para os que dali retiravam seu sustento. 

Rosa do camarão contou com voz saudosista: “na barragem de Carolina, pegamos uma canoa cheia de peixe, e faltando dois dedos para alagar, coloquei meu filho de cinco meses sentado em cima dos peixes… eu tinha foto, mas perdi o telefone, perdi a foto também…”

Rosinete é associada à Colônia de Pescadores de Imperatriz Zona 29 (CPI Z-29), vê como benefício a facilitação que a colônia proporcionou em obter o Bolsa Família, e por sua casa ter desmoronado, a prefeitura paga um ‘aluguel social’ em uma casa localizada na Quinta do Jacó, para abrigar a ela e sua família, além da possibilidade de se aposentar como pescadora.

Além de sua habilidade na pesca, Rosinete encontrou mais uma maneira de complementar sua renda: o transporte de pessoas para as praias ao longo do rio Tocantins. Com uma embarcação que outrora serviu apenas para a pesca, ela agora conduz turistas e moradores locais, oferecendo uma perspectiva única das paisagens ribeirinhas. Essa adaptação não apenas revela a versatilidade de Rosinete, mas também destaca a sua capacidade de enfrentar desafios com criatividade e determinação.

Com uma trajetória que se entrelaça com os altos e baixos das águas doces do Rio Tocantins, sua determinação não vacila, e ela continua a desbravar os rios, agora pescando em áreas distantes, após perceber a diminuição da quantidade de peixe no rio da cidade que, um dia, foi sua principal fonte de subsistência. Contou que o lugar mais distante que já foi, foi em Praia Norte no estado do Tocantins. E quase encerrando nossa conversa, pontua: “Eu sou pescadora e não gosto de peixe… nunca gostei… mas quando é pra pescar, eu: bora, bora, bora!”

Rosinete Queiroz, a “Rosa do Camarão”, personifica não apenas a habilidade na pesca, mas também a preservação de uma rica herança ribeirinha. Sua história é uma celebração da continuidade, onde as ondas do passado ecoam no presente, guiando as futuras gerações.