Residentes da Vila Fiquene se queixam da falta de segurança e infraestrutura

Em suas memórias, fica a saudade dos tempos de um bairro mais tranquilo

Ellen Guedes

 José Alves de Jesus, 45 anos, recorda de décadas anteriores e demonstra tristeza sobre a situação da Vila Fiquene, em Imperatriz (MA). “No passado, as crianças corriam livres pelos caminhos de terra, explorando a natureza ao redor sem qualquer medo. Não existia a maldade de hoje em dia. De uns cinco anos pra cá, mudou bastante”.

Assim como ele, outros moradores reclamam do aumento da criminalidade. “A gente acaba se trancando dentro de casa ou evitando sair, principalmente à noite. Mas a gente que é mais velho no lugar acaba pegando certo apego, pois aqui foi onde morei boa parte da minha vida”, lamenta José.

Outro morador da Vila Fiquene, Felipe Silva Gomes, de 25 anos, acredita que a criminalidade está dominando não só essa região, mas vários outros bairros de Imperatriz.  “Pai de família parece que está vivendo igual criminoso. Pode nem ter a liberdade de sentar na porta de casa, porque corre o risco de um assalto ou ser morto por engano”, protesta Felipe.

Julia Silva Costa, 30 anos, relembra um momento de frustração que viveu no bairro. Ela estava voltando do seu trabalho por volta das 20h e, quando estava próxima da sua rua, dois assaltantes a renderam. “Colocou uma arma na minha cabeça. A única reação que tive foi descer da moto. Fiquei meio em choque na hora. Graças a Deus não fizeram nenhum outro mal para mim”.

A reportagem procurou a delegacia de polícia da região. A resposta oficial foi que o 14º Batalhão foi inaugurado em 2018, mas também é responsável por demandas de outros bairros, como Recanto e Airton Senna. A questão principal, segundo os policiais, é que houve um grande aumento da criminalidade e há poucas viaturas para dar conta desse trabalho. “Mas estamos no aguardo de melhorias na nossa segurança para melhor atendimento da comunidade”, informa a nota oficial. 

Alagamentos

Outra problemática que aflige o bairro são as enchentes, como comprova o depoimento de Maria do Socorro, 55 anos. “Ver a nossa casa sendo tomada pela água é muito triste. Ver tudo que um dia você lutou pra ter, acabar por conta de alagamento”, lamenta. Ela também menciona a exposição a doenças, já que a água da enxurrada se junta ao esgoto. “No momento tô sem condições de aumentar o piso da minha casinha. A única solução é esperar a prefeitura tomar as providências”, explica.

Rua da Lua fica intrafegável em todo o período de chuva, com esgotos a céu aberto. (foto: reprodução/Imperatriz Online)

‘’Carro aqui nem entra fica com muita lama quem sofre mesmo”. Jéssica Souza, 28 anos, comenta que está cansada de ver, em todo ano de eleição, apenas promessas de melhorias. “A gente fica na expectativa,  espero que com o novo prefeito [Rildo Amaral] isso mude, pois aqui é um bairro muito esquecido’’. 

Esta matéria faz parte do projeto da disciplina de Redação Jornalística do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz, chamado “Meu canto também tem histórias”. Os alunos e alunas foram incentivados a procurar ideias para matérias jornalísticas em seus próprios bairros, em Imperatriz, ou cidades de origem. Essa é a primeira publicação oficial e individual de todas, todos e todes.