Juliana Fernandes
“Falar sempre a verdade, pois o que mais gera violência é a mentira”. Este foi o conselho principal do jornalista e documentarista Daniel Camargos, com 22 anos de carreira, sendo os seis últimos dedicados ao jornalismo investigativo na Repórter Brasil, durante o minicurso que ofereceu sobre este tema em 11 de dezembro de 2024, primeiro dia do Simpósio de Comunicação da Região Tocantina (SIMCOM). O evento foi organizado pelo curso de Jornalismo na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e contou também com outras 12 oficinas.
Durante o minicurso, o repórter apresentou sua série de reportagens intitulada “Ogronegócio e os conflitos na Amazônia”. Ele explicou que, nos bastidores, seguiu de perto a agenda do então secretário de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para realizar sua investigação, Camargos percorreu 6 mil quilômetros de carro, partindo do norte de Mato Grosso até Redenção, no Pará, em busca de histórias que revelam a complexidade dos conflitos agrários na região.

Daniel também alertou para o registro da crescente atuação de milícias na Amazônia durante o governo Bolsonaro, entre 2019 e 2022. Destacou o fortalecimento de grupamentos armados que operam fora do controle do Estado e que atuam em benefício de fazendeiros. Sua apresentação não apenas iluminou os desafios enfrentados pelos moradores da região, mas também ressaltou a importância do jornalismo investigativo na exposição de realidades muitas vezes ocultas.
Ao final da oficina, Daniel Camargos compartilhou medidas de segurança essenciais para jornalistas que atuam em regiões conflagradas. Enfatizou a importância de não expor ao risco as pessoas entrevistadas e recomendou que os jornalistas evitem viajar ou andar sozinhos. Durante a sua participação na Mostra de Cinema Histórias da Amazônia, no Pré-SIMCOM, no dia 10 de dezembro do ano passado, Daniel Camargos também apresentou o seu filme “Relatos de um Correspondente de Guerra na Amazônia”, realizado em conjunto com Ana Aranha e debateu com o público sobre outros aspectos da cobertura jornalística na Amazônia.