Parceria com Banco de Resíduos WasteBank impulsiona sustentabilidade e renda e contribui para a preservação no Horto Arara Azul e Lagoa das Garças
Por: Iago Sousa e Laécio Rodrigues
O município de Imperatriz está fortalecendo suas ações ambientais com foco na logística reversa de resíduos e na proteção de suas áreas naturais. Uma parceria recente com o banco de resíduos WasteBank visa promover a destinação correta de materiais recicláveis, ao mesmo tempo em que estimula a inclusão social e aumenta a renda de agentes da cadeia de coleta, como catadores e pequenos empreendedores.
A parceria com a WasteBank
A iniciativa é uma colaboração entre a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o WasteBank — Banco de Resíduos que tem foco no ecossistema da reciclagem e bancarização — e a VLI. Imperatriz é a primeira cidade do corredor Centro-Norte VLI, que envolve os estados do Maranhão, Tocantins e Ceará, a ser contemplada com o Programa Novo Trilho. O projeto foi criado pela VLI, companhia de soluções logísticas que opera terminais, ferrovias e portos.

Jairo Santana, gestor ambiental, detalha o funcionamento:
- Os resíduos recicláveis são entregues para a Wastebank.
- As pessoas que entregam os resíduos são remuneradas e recebem um cartão para acumular os valores.
- A Secretaria de Meio Ambiente adquire o material do banco e o destina à Associação de Catadores, sendo responsável pela logística do processo.
Eduardo Morais de Oliveira, engenheiro florestal, reforça que o projeto funciona como um “projeto piloto” no bairro Itamar Guará. “A comunidade troca materiais reciclados por dinheiro,” explica. Segundo ele, a pesagem dos materiais recolhidos se transforma em valores para a população. Eduardo afirma que o projeto “vem sendo bem acolhido pela população”.
Os materiais recicláveis coletados podem ser entregues em espaços físicos, como as agências sociais — em Imperatriz, está localizada no bairro Itamar Guará, ao lado da escola Maria Evangelista de Souza – ou por autoatendimento, através de máquinas recicladoras.

Outras iniciativas
A Secretaria de Meio Ambiente também mantém outras importantes ações de logística reversa. O gestor ambiental Jairo Santana cita a logística reversa de elétrica e eletrônica. Esta é uma parceria com a Green Electron, “que é uma instituição credenciada pelo Ministério do Ambiente”. O material é recolhido na cidade e trazido para a Secretaria, de onde é destinado de volta ao fabricante. Jairo Santana informou sobre os resultados recentes: “Inclusive embarcamos, na semana passada, 2.850 kg, ou seja, quase 3 toneladas”.
Outra frente de trabalho é a logística reversa do vidro, que recolhe todo tipo de embalagem de garrafa, como as de cerveja, refrigerante e magnatas, mas não recolhe vidros laminados (como vidros de carro). Este material também é destinado à Associação de Catadores, que recebe um bônus pago pelas empresas de cervejarias. “A última carga que nós embarcamos, tem já uns 40 dias atrás, foram 52 toneladas,” relatou Jairo
A Secretaria recolhe em média de 40 a 50 toneladas por mês de material, que é enviado para a Associação de Catadores. Jairo Santana enfatiza a importância social do trabalho: “Todo esse material deixa de virar lixão e torna renda os associados da Associação de Catadores”, conta Jairo.
As áreas de preservação de Imperatriz
Imperatriz está no processo de criação de dois parques ambientais: o Horto Arara Azul e a região da Lagoa das Garças, que é uma área de reprodução de aves. O engenheiro florestal Eduardo Morais de Oliveira afirmou que, no momento, a única área de preservação em Imperatriz é o Horto Arara Azul.
O Horto Arara A, que era uma área da Valec, foi doado à Prefeitura Municipal e agora é administrado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. As ações de proteção incluem o cercamento, para o qual já existe verba destinada, e a preservação em si. Eduardo destaca que o Horto é um local importante para a flora, pois abriga “um exemplar de uma árvore, de uma espécime que é rara no Brasil” , a Aretroxilus aretomianus, identificada pelo PAT Meio Norte, o que reforça a preservação da área.
No entanto, a área enfrenta desafios como a invasão. Eduardo Morais alertou que a área original de 142 hectares foi reduzida para apenas 34 hectares. O restante foi invadido e subtraído por grileiros, virando área particular. Além disso, a população no entorno joga lixo e entulho, e “já aconteceu foco de incêndio inclusive dentro da localidade lá” relembra. O equilíbrio ecológico naquela região é “um pouco instável”, afirma o engenheiro florestal.

Manejo e ampliação da proteção
A Secretaria de Meio Ambiente mantém uma parceria com o curso de engenharia florestal da Uemasul, que realiza um monitoramento periódico da fauna e flora do Horto. O professor de biologia Marcelo Francisco da Silva, da Uemasul, explica que a universidade dá apoio técnico na gestão e manutenção do Parque Ambiental.
Para o futuro, a Secretaria, em parceria com a Uemasul e a Equatorial, está implantando o Plano Municipal de Arborização Urbana. “Esse plano visa aumentar a biodiversidade de espécies no município e aumentar as áreas verdes”, afirmou Eduardo.
Eduardo ressalta que o crescimento urbano “impacta diretamente” a flora, a fauna, as aves e a biodiversidade. Ele enfatiza que a criação de áreas verdes urbanas, como o Horto, é “muito importante para manter o equilíbrio ambiental na região”. O engenheiro florestal finaliza pedindo a colaboração da população para a preservação: “O principal método de engajamento da população é tentar manter o saneamento básico, o básico de descarte regular, observar a questão da deposição de lixo, não retirar árvores por maneiras indústrias”.