Repórteres: Regivany Neves de Gois e Nathielly Maria Lima
Fotos: Regivany Neves e Nathielly Maria
Em entrevista ao Imperatriz Notícias, Janaína Ramos conta quais suas experiências e opiniões como atual primeira- dama e secretária de Desenvolvimento Social de Imperatriz. Também relata as principais mudanças na sua vida e seus planos para o futuro após a eleição do marido, Assis Ramos, pelo MDB para prefeito, em 2016.
Janaína Lima Araújo Ramos, tem 32 anos, nasceu em Imperatriz, é casada há 6 anos com o ex-delegado da Polícia Civil e atual prefeito da cidade, Francisco de Assis Andrade Ramos, com quem tem um filho chamado Gabriel Assis, de 4 anos. É formada em Nutrição desde 2011 pela Universidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão (Unisulma) e especializada em Prescrição de Fitoterápicos e Suplementação Clínica e Esportiva.
Filha de um proprietário de uma empresa de guincho da cidade e a mãe sendo do lar, a primeira- dama também diz ser católica. Tinha o sonho de se formar em Odontologia, mas por questões financeiras e por conselho da mãe, preferiu optar por Nutrição. “Foi uma coisa assim, que antigamente a gente fazia o curso, era o que a mãe da gente falava, e não tinha também muita opção antigamente”, explica Janaína, que ao longo dos estudos foi gostando da graduação.
A área que afirma ter realmente se identificado foi a social, assumindo a Secretaria de Desenvolvimento Social em outubro de 2018. Tendo como exemplo Eva Perón, ex primeira- dama da Argentina, que ficou conhecida justamente pelas ações sociais feitas por ela. “Ela fez um trabalho muito bonito e eu diria que se for para eu me inspirar em uma primeira- dama, é ela”, afirma. Uma das principais mudanças na rotina é o fato de ter que andar com um guarda-costas devido aos riscos que percebeu estar exposta. “Hoje, justamente por questão realmente de segurança eu ando sempre com um policial”. Além dos motivos de preservar sua privacidade, já que sua casa está sempre bastante movimentada.
Atualmente, está fazendo uma pós-graduação em Direito Público e já tem planos bem claros em mente para as próximas eleições. Nesta entrevista, esclareceu rumores sobre sua possível candidatura à deputada e sobre as críticas que fazem relacionadas ao esposo e a ela. “Uma das coisas que eu costumo dizer, tanto eu quanto o meu esposo, é que a gente não vai agradar todo mundo, nem Jesus Cristo agradou”.
Nesta entrevista ela também fala sobre sua postura como primeira- dama e secretária social, bem como feminismo, participação da mulher na política e empoderamento. Confira!
Imperatriz Notícias: Uma pergunta auto reflexiva para a senhora. Quem é Janaína Ramos?
Janaína Ramos: Hoje eu vou te dizer que eu sou totalmente diferente daquela Janaína nutricionista, que trabalhava lá no restaurante. Por que eu diria par vocês que hoje eu sou totalmente diferente? A política da para você um leque de iniciativas. Iniciativas em relação a que? A você fazer o bem às pessoas. Não que quando eu era nutricionista não fizesse, fazia sim, mas dentro dos meus limites. Eu não tinha como fazer tudo. Hoje, por estar nessa vida política, ser uma pessoa pública, primeira-dama, consigo ajudar as pessoas. E é algo tão gratificante você ajudar, você estar beneficiando às vezes a uma pessoa. E eu digo pro meu esposo que se fosse para eu escolher numa profissão de ser nutricionista ou estar à frente do município, gostaria de sempre estar aqui à frente, pelo fato de você conseguir ajudar muitas pessoas. E hoje estar primeira-dama de Imperatriz me deixa muito honrada. Estou porque, democraticamente, elegeram meu marido, e faço isso com muita leveza e com muita tranquilidade.
IN: A sua formação, Nutricionista e especialista em Prescrição de Fitoterápicos e Suplementação Nutricional Clínica e Esportiva, influenciou na decisão de assumir a Secretaria de Desenvolvimento Social?
JR: Não. Não influenciou porque é um curso totalmente diferente. Ser secretário é, assim, um cargo de confiança. Sou uma pessoa de confiança do Assis. Também, o que diria, assim, a boa vontade de administrar, porque costumo dizer que há vários tipos de administradores, pode até ser que assuma depois uma pessoa formada na área mas que não tenha toda a boa vontade de gerir aquela pasta como propriamente deve ser. É você cobrar, é você moralizar. Então, assim, o que eu diria pra eu estar aqui, à frente da Secretaria, foi assim principalmente a boa vontade. Hoje, já estou aqui em torno de 6 a 7 meses e já me identifiquei mais com essa área da Assistência Social do que com a própria formação que eu tive.
IN: Quando o seu marido, o prefeito Assis Ramos, decidiu se candidatar a prefeito de Imperatriz, qual foi o seu primeiro pensamento/reação?
JR: Quando tu se torna uma pessoa pública, tu é alvo de tudo. Aqui em Imperatriz tem 161 anos se não me engano, são 161 anos que realmente precisa mudar muita coisa. Então o meu primeiro pensamento, tanto dele e o meu também foi esse: se a gente ia ter esse discernimento de conseguir, de ter sabedoria para conseguir levar consigo somente aquilo que é importante para gente né? O segundo foi a gente ver de fazer o bem pela cidade, diria pra vocês que era de permanecer a vontade de Deus. Sempre coloco a vontade de Deus em primeiro lugar e foi o que disse para ele: hoje vamos sim nos candidatar e, se for da vontade de Deus, se for pra fazer uma boa gestão aqui pela nossa cidade,vamos ser democraticamente escolhidos.
IN: Quais as obrigações que a senhora entende que tem que cumprir como primeira-dama?
JR: Eu não entenderia como obrigação. Entenderia que a primeira-dama é para ajudar o seu esposo. Diria que não só primeira-dama, mas a esposa em si, ela tem que ajudar o seu marido, isso é ser uma mulher sábia. Então hoje, eu diria, a minha obrigação como primeira-dama é primeiro dar paz pro meu marido. Em casa, ele ter um ambiente de paz. Eu tenho isso comigo. E a minha obrigação hoje, não seria obrigação porque não faço isso por “ah vou fazer isso porque é obrigação de toda primeira-dama fazer essa parte social”. Não, faço porque realmente o meu coração pede, de estar levando, fazendo esse social. Às vezes divulgo pouco as coisas que faço, poucas vezes. Estou fazendo não pra estar demonstrando pra sociedade, mas estou fazendo por mim mesma. E assim faço muitas coisas. Poucas coisas mesmo divulgo na rede social que o povo toma conhecimento. É aquela história “quem não é visto não é lembrado”. Mas acaba assim, que as coisas que vou fazendo, a própria população enxerga, porque um comenta com outro. Então prefiro estar fazendo esse meu trabalho social, às vezes, realmente em off. Não expor as famílias, não expor as crianças. Não acho que isso vai me honrar.
IN: Quando a senhora terminar o seu mandato junto com o prefeito Assis Ramos, qual é a missão que a senhora quer deixar cumprida?
JR: Dentro da Secretaria, e de primeira- dama, é realmente fazer o bem ao próximo, de ajudar às pessoas… É aquela história, você dá com uma mão sem olhar a outra. “Olha eu te ajudei, mas eu quero que você me ajude”. Não, não tenho esse perfil. É realmente fazer o bem sem olhar a quem. Então umas das minhas missões é de que fiz sempre o que estava ao meu alcance. O que eu puder fazer, sempre faço. Desde um carrinho para um autônomo, para vender bebida em um lava-prato, eu ajudo; desde uma cesta básica; desde um exame ou um emprego.
IN: Já se privou de fazer alguma coisa por receio de ser mal interpretada e influenciar de forma negativa a imagem do seu marido, o prefeito Assis Ramos?
JR: Ah menina! Vou te contar uma que deixei de fazer porque acho que poderia influenciar. Sempre gostei de fazer musculação, sempre. Assim que o Assis iniciou a sua vida política, se candidatou, eu gostava muito de fazer FitDance e vi que alguém poderia gravar eu dançando e influenciar em alguma coisa, eu fui deixando aos poucos. Hoje tenho vontade de fazer FitDance só que me deixa um pouco receosa porque talvez alguém poderia ver por outro lado, ver por outro ângulo: que ali eu estou me exibindo. Mas se pudesse voltar a fazer, faria. Pra ter ideia, não faço caminhada ou ciclismo com medo, porque como figura pública você fica exposta realmente de todas as formas.
IN: Em 18 de abril de 2016, a revista Veja descreveu a ex primeira-dama Marcela Temer como bela recatada e “do lar”. A senhora se identifica com essa descrição ou prefere ter uma postura mais, podemos dizer, independente?
JR: Eu sempre, pra falar por partes. Sempre mesmo. E do lar, hoje eu não sou tão do lar por conta mesmo da minha rotina. Acaba assim que me reservo às coisas domésticas ou de casa aos finais de semana porque não tem como com a minha rotina de segunda à sexta-feira. Estou aqui de manhã na Secretaria, à tarde estou envolvida nas ações do CRAS [Centros de Referências de Assistência Social], da minha pasta e não somente dessa. Por ser primeira-dama eu tenho que estar acompanhando o meu marido. O meu marido faz uma viajem, tenho que estar ao lado dele porque é uma coisa que ele pede também. E, por gostar… por gostar de estar envolvida em tudo que ele faz. Pra mostrar que eu sou participativa também. Eu sempre digo pra ele que não sou aquela esposa pra está ali só como uma pessoa de enfeite ao lado dele não. Eu gosto de estar participando. Eu gosto de estar conversando. Eu gosto de estar falando. Eu gosto de dar a minha opinião. Não quero ser apenas uma bonequinha de enfeite, não. Eu gosto de ser participativa.
IN: É uma postura mais, vamos dizer, independente então?
JR: É mais independente mesmo. E de certa forma, isso às vezes, percebo que hoje dentro da gestão, ser uma mulher independente, ser uma mulher participativa, causa um ciúmes com os homens viu? Isso aí eu percebo. Do meu esposo não, mas dos outros. Que eu chego, eu falo. Uma vez, um dia desses eu cheguei numa quadra, era inauguração da quadra, numa zona rural. O povo quando chamou disse: “Chamo agora a secretária Janaína Ramos, primeira-dama”. O pessoal que estava lá na arquibancada bateu palmas. De todos, quem foi mais aplaudida fui eu. Então, aquilo ali a gente vê que gera um ciúme.
IN: Então a imagem que a senhora quer que a população de Imperatriz tenha da senhora é de uma primeira-dama e de uma Secretária participativa?
JR: Participativa. Urrum. Hoje em dia, a mulher tem que ser empoderada, não tem como você ficar ali só atrás da sombra do seu marido. Você tem que se empoderar. E eu gosto de fazer isso porque acaba que influencia as outras mulheres, eu tenho esse pensamento de se empoderar, de você poder. Você pode sim estar à frente de um cargo político. Tenho esse pensamento de levar para as outras mulheres que assim como posso estar aqui hoje na secretaria, outras mulheres podem estar. Outras mulheres também podem assumir. É um cargo político. E a gente tem que passar isso para nossa classe feminina porque acaba que a representatividade feminina na política ainda é muito baixa, baixíssima.
IN: A partir desse seu pensamento de empoderamento, a senhora se considera feminista?
JR: Eu não seria uma feminista daquela ativista e consigo diferenciar até onde eu posso ir e até onde que posso voltar. Eu não posso também sair fazendo protestos defendendo a classe feminina aqui em Imperatriz. Até porque eu sou uma figura pública e às vezes a gente tem que ver tudo o que pesa a favor e o que pesa contra. Então isso tudo eu tenho que levar em consideração. E depende do protesto também. Para fazer algum protesto para beneficiar as famílias, as crianças, as mulheres… e um protesto que você ver que vai ter um respaldo para a sociedade, vai ter influência, dar notoriedade às famílias de Imperatriz. Depende do protesto, se for o caso para estar à frente, para eu me considerar feminista.
IN: Dos 21 vereadores de Imperatriz, apenas 4 são mulheres. Como a senhora avalia a participação das mulheres na política em Imperatriz?
JR: A gente precisa de mais mulheres envolvidas na política, porque acaba que ter uma mulher na política, a mulher pensa mais no lado família. Os projetos da mulher são mais voltados para as mulheres, para o lado feminino, para a família em si. Então, eu diria que aqui em Imperatriz, não só aqui, mas em todo o cenário político…se vocês forem fazer uma avaliação para o cargo de senadora, prefeitas, governadoras, não temos. Aqui em Imperatriz, para vocês terem ideia, nunca houve uma prefeita. Aqui só é prefeitos e prefeitos…então a gente ver isso. Precisamos sim empoderar, mostrar para as mulheres que elas podem sim estar à frente de um cargo público.
IN: Durante a enchente do mês de abril, no dia 5 de abril, a senhora postou um vídeo no seu Instagram, se manifestando e convocando a população para fazer doações para as famílias atingidas. Quando há algum tema/acontecimento polêmico que abala a cidade, a senhora se sente na obrigação de opinar sobre?
JR: Sim, pelo fato de estar hoje como primeira- dama, representando a cidade. Um caso excepcional, esse desastre ambiental, que a gente teve aqui. Então foi realmente necessário a gente fazer essa comoção com a cidade porque o poder público em si, ele não dava conta de agir sozinho. Por isso mobilizamos a cidade de Imperatriz. Assistimos aquelas pessoas na parte emergencial. Só que hoje, enquanto Secretária de Desenvolvimento Social, temos por obrigação assistir a essas famílias ainda. Essa parte das doações que muita gente se comoveu. Especificamente, em números, foram 32 famílias. Então a gente está vendo a questão do aluguel social, outras famílias estão nas casas de parentes, amigos. Estamos vendo a questão de algumas habitações, ou seja, em algum empreendimento desses que a gente tem.
IN: A senhora tem alguma frase que lhe inspira?
JR: Não tenho uma frase, eu tenho um livro bíblico. O de Provérbios, do capítulo 1 ao 31. Sempre leio esse. Mas tem uma frase que costumo conversar com meu marido, é uma passagem bíblica de Eclesiástico, diz assim: há tempo para tudo, há tempo de plantar e há tempo de colher. Levo isso para minha vida. E há tempo para tudo. Hoje de certa forma a gente também está plantando e, se for da vontade de Deus, vamos colher também uma reeleição, diria dessa forma.
IN: Como a senhora nasceu aqui, qual o significado de Imperatriz para a senhora? Não só como primeira-dama e como secretária, mas você, sua pessoa, Janaína.
JR: Ah, Imperatriz significa tanto para mim. Já morei em outro país e não consegui me adaptar, já morei em outra capital e não consegui me acostumar. Aqui é o lugar que nasci, então já tenho esse laço. É do imperatrizense acolher não só os de fora como os daqui mesmo. Então, Imperatriz tenho como uma cidade acolhedora. Um exemplo claríssimo que a gente viu recentemente foi a comoção de toda a cidade voltada para os desabrigados da enchente. Um perfil de uma cidade acolhedora e hospitaleira, que é um polo. Digamos que é um entroncamento de todas as outras cidades da redondeza.
IN: Em Agosto de 2017, foi veiculada uma notícia que prefeito Assis Ramos estaria se preparando para apoiá-la em uma possível candidatura para deputada estadual. A senhora tem esse plano para as próximas eleições?
JR: Não sei, para te dizer a verdade. A próxima eleição, que é para o ano que vem, é para cargo de prefeito e vereador e, eu vou apoiar meu esposo. E para cargo de vereadora, disso aí eu não tenho pretensão política nem para ser candidata à deputada federal ou estadual, isso não depende de mim, e sim do meu marido, se ele achar conveniente que eu saia. Penso muito no meu filho, para eu me candidatar. Para eu ser deputada estadual, primeiro eu vou ter que morar em São Luís, se eu me candidatar a federal, eu vou ter que morar em Brasília, e aí onde é que eu vou ter o convívio com meu filho? Eu penso principalmente nele. Então eu teria que ver isso, se isso iria me ajudar, porque acho que hoje a instituição família já está tão quebrada que gosto de conviver com meu filho e de estar presente na vida dele. Aí eu teria que ver se compensaria ou não. Essa é uma coisa assim que está tão longe, que eixaria essa resposta para vocês lá em 2021, 2022.