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Apesar do Brasil ser um país culturalmente diverso, o julgamento negativo relacionado a fala ainda é latente na sociedade e se relaciona diretamente com raça, classe e gênero

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Oxente, Uai, Bah, Ôxe… são algumas expressões que já ouvimos ou utilizamos no cotidiano. Expressões que são consideradas normais para determinado grupo se transformam em atos preconceituosos e isolam falantes do convívio social. Mas o que é o preconceito linguístico?

O preconceito linguístico é uma forma de discriminação social que tem como parâmetro a norma culta, seja na forma escrita ou falada. Ou seja, quanto mais distante as pessoas ficam desse parâmetro, mais elas podem ser rebaixadas e estarem suscetíveis ao preconceito linguístico.

A doutora em Linguística e professora na Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul), Maria da Guia, esclarece que o preconceito linguístico é uma aversão ou rejeição na forma como o outro fala. Para a professora existem várias esferas desse problema. “Esse preconceito é abrangente. Ele pode ocorrer em várias modalidades, mas principalmente com relação a fala culta e a fala não culta. A forma de fala valorizada e aquela que é estigmatizada”, pontua.

Pessoas da periferia, analfabetos e que possuem grau de escolaridade baixa são os principais alvos do preconceito linguístico. Este é atravessado por questões socioeconômicas, raciais e culturais e pode desencandear outros tipos de discriminações sociais. Dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) Contínua sobre Educação, em 2019, 6,6% dos indivíduos com 15 anos ou mais são analfabetos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do último trimestre de 2020 indicam que a taxa de desocupação passou de 12,4% para 14,8% na região Norte e na região Nordeste passou de 17,2% para 18,6%. A taxa da informalidade ficou em 53,3% no Nordeste e 55,6% no Norte. E a taxa de desocupação entre brancos (11,9%), no primeiro trimestre de 2021, é menor do que a dos pretos (18,6%) e pardos (16,9%).

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Ao vir de Rondonópolis, no Mato Grosso, para Imperatriz, cidade localizada no Maranhão, Lilian Florindo, 20 anos, lembra que durante o período do Ensino Médio passou por situações constrangedoras, no qual um grupo de colegas zombava de algumas palavras comuns no seu vocabulário, como guri ou guria. As piadas feitas pelos colegas a fizeram se sentir excluída. “Isso me afetou de certa forma porque acabei tentando me adaptar a forma do outro e perdi meus costumes, minhas raízes e meu sotaque. A gente se sente meio que reprimido”, destaca Lilian.

Para o jornalista, mestre em Integração Contemporânea da América Latina e doutorando em Mídia e Cotidiano pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Domingos Alves de Almeida, é preciso compreender a constituição da nação brasileira atrelada a contribuição de vários povos para a construção da língua falada atualmente no Brasil.

“O que se perpetua hoje, que a gente chama como preconceito linguístico, é resultado desse processo de constituição do país enquanto nação. Uma nação em que a elite, principalmente europeia com predominância portuguesa, se estabelece e impõe seus valores enquanto padrão. São os valores dessa elite branca, de origem europeia que são dominantes. E com ela, por exemplo, sua língua”, esclarece.

Domingos Almeida aponta também que muitas pessoas não conseguem perceber a língua como um processo em constante modificação. Ainda hoje muitos acreditam que a língua é estável e que as palavras não ganham novos sentidos. “As pessoas absorveram esse passado, que foi esse passado de constituição lá no período colonial, e que ainda hoje a gente perpetua essas práticas linguísticas de menosprezo, de associação, de atribuição de sentido às palavras de forma criativa. E aí quando você tem um país com as dimensões continentais, como é o Brasil, naturalmente você vai ter as variações linguísticas, variações de sotaque”, enfatiza.

Lilian Florindo aponta que o preconceito linguístico pode acontecer “porque as pessoas idealizam que só a forma de comunicação delas é válida. Quando se deparam com alguém que difere disso acaba gerando certos julgamentos”.

“A língua é excludente, é preconceituosa e racista porque ela é resultado da dinâmica social. Se a sociedade é conservadora, é racista e é preconceituosa tudo que se originar a partir dessa sociedade vai com esse legado. Esse legado racista, preconceituoso, excludente, machista, patriarcal, heteronormativo. Então, a língua é resultado disso. O que a gente lê, o que a gente fala, carrega uma série de significados”, afirma Domingos Almeida.

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O preconceito linguístico dentro das universidades afeta a vida social e pessoal dos estudantes, principalmente de classe baixa, que além de causar isolamento social pode ocasionar danos psicológicos em quem se torna alvo.

Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), e atualmente, estudante de Jornalismo na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) campus de Imperatriz, o defensor de direitos humanos José Carlos de Almeida, 27 anos, sofreu preconceito linguístico na sua primeira graduação. Depois de conseguir uma bolsa de estudos pelo Programa Universidade para Todos (Prouni) na PUC Goiás, relata sobre o choque de cultura de sair do estado do Maranhão e ir estudar em outro estado. “No primeiro momento eu tinha a ideia que poderia sofrer algum tipo de violência, preconceito, ou racial, ou social, ou linguístico”, afirma.

José Carlos conta que o preconceito linguístico vinha de todos os setores dentro da universidade, com o uso brincadeiras e piadas pelo modo de falar. “Não é que a gente fala engraçado. Eu não falo engraçado, eu não estou fazendo piada. É assim meu sotaque,” ressalta. Ele observa que era frequente o preconceito disfarçado, as pessoas tentavam imitá-lo. Além disso, o volume da voz e a velocidade da fala, é visto como falta de educação e “às vezes é só parte da nossa cultura, parte da nossa linguagem, lógico que, se eu for comparar o volume da minha voz com o volume da voz da minha mãe, e dos meus tios, eu falo mais baixo que eles, e é uma característica do nosso estado”, ressalta José Carlos.

José Carlos relata que lidar com essa situação foi constrangedor e isso pode impactar negativamente na vida pessoal, não só com frustações, por tentar responder sempre que se sentir atacado, mas também no isolamento por não conseguir socializar. “Acham engraçado como você fala, acham engraçadas as pessoas da sua região”, afirma.

Para ele, o respeito às diferenças, tanto raciais, de classe e linguístico, deve ser pautado nas universidades. “Se você entendeu a mensagem, esse é o ponto principal, e a universidade tem o papel fundamental porque ela é um universo de coisas”, pontua José Carlos.

Klaus Lira, 25 anos, é educador popular, sofreu preconceito linguístico e estrutural na universidade, principalmente em palestras ou quando apresentava seminários para a turma. Ele conta que suas palavras eram corrigidas pelos colegas. Na graduação de Ciências Humanas, Klaus Lira explica que os professores não corrigiam muito a sua forma de falar, mas a escrita, para ter uma adequação formal. “O intuito era me proteger de possíveis ataques, que eu sofreria na frente por outras pessoas que não sabem respeitar os saberes e realidades de outros sujeitos”, reitera.

O educador conta que foi criado no Nordeste e na Caatinga do Ceará, em um assentamento de reforma agrária, na área rural, sem acesso a políticas públicas. O maior desafio foi sua mudança para a cidade. Segundo o educador, na universidade, pelo seu círculo de amigos e o curso de Ciências Humanas, sempre foi respeitado e orientado a falar de modo a se autoproteger, porém destaca que por pessoas de outros cursos, dentro da universidade, sempre foi alvo de críticas. “Até mesmo minhas produções acadêmicas foram hostilizadas”, aponta.

De acordo com Lira, esse sofrimento pode interferir na vida pessoal das pessoas, com uma série de problemas psicológicos. “O impacto é real, e entre eles, a repreensão de quem somos e assumir personalidades falsas para se adaptar”, reitera.

Para o educador, o preconceito dentro das universidades está voltado principalmente pela classe social de cada um, onde há o exercício de poder sobre o considerado mais pobre. “O preconceito está lá, a recusa em não aceitar o diferente. O enfrentamento para a busca da mudança e igualdade é necessário”, comenta Lira.

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Variedade linguística

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O professor e sociólogo, Wellington da Silva Conceição, explica que “o preconceito linguístico ajuda a alimentar outras formas de preconceitos, como os de classe, raciais, de gênero, xenofobia, entre outros”. Para que esse estigma não seja dissipado em uma sociedade com pluralidade cultural e da língua, é relevante estabelecer estratégias que ajudem a reconhecer a variedade linguística.

Para Wellington Conceição, é preciso ensinar a forma oficial da língua sem desprezar as demais. Isso impediria que houvesse “um jeito errado de se falar a língua, mas diferentes formas, que apesar de contrastarem com as regras da língua oficial, são carregadas de sentido para o grupo que a utiliza e certamente atingem seus objetivos de comunicação”. Ele declara que é imprescindível reconhecer a variedade linguística sem excluir o aprendizado da língua oficial.

O sociólogo também afirma que é importante superar e reconhecer a diversidade no uso da língua. “É uma estratégia importante na superação das injustas classificações hierárquicas persistentes na sociedade brasileira”, pontua.

Para a mestranda em Letras na Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL), Ana Carolina Freitas de Farias, o papel das instituições de ensino “é viabilizar a aprendizagem da língua, de forma que se consiga prover os recursos comunicativos necessários, de modo que o aluno se sinta à vontade para falar e capacitados para usar, de maneira adequada, as variedades que a língua dispõe”, esclarece.

Ana Carolina também afirma que o ambiente escolar pode ser um espaço no qual acontece o preconceito linguístico. “Muitas vezes, por descuido ou falta de qualificação adequada, os professores cometem preconceito linguístico com os seus alunos, por fazerem correções invasivas e desrespeitosas. Há casos em que o aluno se mudou da escola ou até mesmo desistiu, por se sentir incapaz de utilizar sua própria língua materna”, pontua.

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Saiba mais

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